ATA DA
VIGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA
PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 06.04.1994.
Aos
seis dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e quatro
reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de
Porto Alegre, em sua Vigésima Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa
Ordinária da Décima Primeira Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos
foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto
Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Divo do Canto, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia,
Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana,
Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja,
José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Milton
Zuanazzi, Nereu D' Ávila, Pedro Américo Leal, Letícia Arruda, Wilton Araújo,
João Bosco e Mário Fraga. Constatada a existência de "quorum", o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas
em avulsos cópias das Atas da Décima Oitava e da Décima Nona Sessões
Ordinárias, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Airto
Ferronato, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 30/94 (Processo nº 783/94); pelo
Vereador Divo do Canto, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Eliseu Santos,
01 Pedido de Providências, 01 Projeto de Resolução nº 06/94 (Processo nº
726/94); pelo Vereador Geraldo de Matos Filho, 01 Projeto de Lei Complementar
do Legislativo nº 08/94 (Processo nº 684/94); pelo Vereador João Bosco, 02
Pedidos de Providências; pelo Vereador Jocelin Azambuja, 02 Pedidos de
Providências, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 28/94 (Processo nº 741/94); pelo
Vereador Luiz Negrinho, 04 Pedidos de Providências, 02 Indicações nºs 12 e
13/94 (Processos nºs 755 e 761/94); pelo Vereador Mário Fraga, 01 Pedido de
Providências, 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 09/94 (Processo
nº 718/94); pelo Vereador Wilton Araújo, 01 Projeto de Resolução nº 09/94
(Processo nº 785/94); pelo Vereador João Dib, 01 Emenda nº 15 ao Projeto de Lei
do Executivo nº 87/93 (Processo nº 3072/93). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios
nºs 167 e 168/94, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, 06/94, da
Câmara Municipal de São José do Rio Preto, 15/94, do Instituto Brasileiro de
Arte e Cultura; Telegrama do Senhor Flávio Obino; Cartões da Empresa
Porto-Alegrense de Turismo, da Senhora Mila Cauduro; Convite da Instituto Municipalista
Brasileiro, convidando para o 4º Congresso Nacional de Vereadores. Após, o
Senhor Presidente registrou que o Clube de Mães Margarida Alves havia
solicitado o uso da palavra, nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica
Municipal, ficando tal pedido cancelado face ao não comparecimento da Entidade
interessada. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveream: em 1ª Sessão, o
Projeto de Resolução nº 39/93 e o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
10/94; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 146/92 e 13/94; em
3ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 13/94. Após, constatada existência
de "quorum", foram aprovados Requerimentos dos Vereadores Giovani
Gregol, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, e do Vereador
Pedro Ruas, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia
de hoje. Em continuidade, o Senhor Presidente leu o Ato nº 28, do Senhor
Prefeito Municipal, que dispensa, a pedido, o Vereador José Valdir Rodrigues da
Silva da função de Diretor Técnico da Diretoria Executiva da Fundação de
Educação Social e Comunitária. A seguir, o Senhor Presidente declarou
empossados na Vereança os Suplentes José Valdir, em substituição ao Vereador
Giovani Gregol, informando que Sua Excelência passaria a integrar a Comissão de
Economia e Defesa do Consumidor, e Jacão Machado, em substituição ao Vereador
Pedro Ruas, informando que Sua Excelência passaria a integrar a Comissão de
Urbanização, Transportes e Habitação. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Divo do
Canto teceu comentários sobre o sistema de trânsito de Porto Alegre, falando
sobre as dificuldades hoje enfrentadas pela Vila Maria do Conceição, face a
retirada da Linha "T2" de seu percurso normal, quando atendia a
população daquela área. Ainda, discorreu sobre os movimentos que vem sendo
organizados pela comunidade da Vila Maria da Conceição, visando o retorno da
Linha "T2", e solicitou a atenção dos Senhores Vereadores para que
possa ser resolvido esse problema e a população local não continue sendo prejudicada.
O Vereador Clóvis Ilgenfritz falou sobre as reivindicações encaminhadas por
setores das áreas de arquitetura, construção civil e engenharia ao Senhor
Prefeito Municipal, objetivando a alteração do ritmo das votações dos projetos
que acarretem mudanças no setor de construção em nossa Cidade. Nesse sentido,
analisou a importância do uso social do espaço urbano de Porto Alegre, propondo
a realização de seminário, por esta Casa, para discussão do assunto. O Vereador
Luiz Negrinho congratulou-se com a Administração Municipal pela mudança dos
papeleiros que residiam na ponte próxima à entrada do Rio Guaíba. Disse que
Porto Alegre começará a realmente funcionar quando for resolvido o problema
habitacional, solicitando medidas para amenizar as dificuldades enfrentadas
pelos moradores da Sanga da Morte, na Vila Cruzeiro, e pelos que residem
próximo ao riacho do Chuí, numa extensão que vai até a Vila Estaleiro. O
Vereador Eliseu Santos falou sobre cobranças que tem recebido face a reportagem
veiculada pela Rede Brasil Sul de Telecomunicações, quanto a supostas mordomias
que possuiriam os Vereadores desta Casa. Declarou não ter a sua disposição
motorista particular pago por este Legislativo, solicitando providências para
que a situação seja devidamente esclarecida e, caso existam irregularidades, as
mesmas sejam sanadas o mais rápido possível. O Vereador Eloi Guimarães leu e
comentou trechos de manifesto distribuído pela Pró-Setorial da Criança e do
Adolescente do PT de Porto Alegre, em que é repudiada a Emenda nº 14, de sua
autoria, ao Projeto de Lei do Executivo nº 87/93. Esclareceu o conteúdo total
de sua Emenda, dizendo responder ela ao anseio da comunidade abrangida, a qual
se mobilizou visando priorizar o atendimento dos menores carentes do local. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Negrinho discorreu sobre o trabalho
realizado pelos motoristas da Casa, questionando os reais objetivos da
reportagem levada ao ar pela Rede Brasil Sul de Telecomunicações, em que é
criticada a permanência de motoristas pagos por este Legislativo para auxiliar
o Vereador em sua atuação como político representante da comunidade. O Vereador
Jocelin Azambuja comentou reunião realizada ontem na Casa, com a Secretária
Municipal de Educação, para discutir a situação da Escola Infantil Nova Gleba,
construída nas dependências da Escola João Satte. Destacou que tal construção
exigiu a desativação de quatro salas de aula, prejudicando a comunidade local e
resultando em um inaceitável desperdício de dinheiro público por parte da
Administração Municipal. A Vereadora Maria do Rosário reportou-se ao
pronunciamento do Vereador Jocelin Azambuja, acerca da Escola Infantil Nova
Gleba, declarando que o direito a uma escola infantil foi uma conquista da
comunidade local, que participou dos debates visando a liberação de verbas para
sua construção. Ressaltou, contudo, que o direito à participação da comunidade
não foi mantido quando da realização das obras pela Administração Municipal, o
que seria exigência básica para uma concreta gestão democrática da escola
pública. O Vereador João Dib leu e comentou "Carta Aberta ao Fórum do
Orçamento Participativo da Região 07 - Grande Partenon", a qual já foi
lida na reunião de prestação de contas da região do Partenon, para uma plenária
de setecentas pessoas, com a presença do Prefeito Tarso Genro, em que é
criticada a atuação da Administração Municipal no referente a discussão com a
comunidade do uso das verbas públicas do Município. Também. na referida Carta
Aberta, é questionada a real atuação dos Cargos em Confiança do Senhor Prefeito
Municipal que atuam junto aos movimentos comunitários. O Vereador Antonio
Hohlfeldt comentou a interdição, pela Secretaria Municipal de Obras e Viação,
da construção do Posto de Saúde do Jardim Coínma, discorrendo sobre contatos
realizados visando a liberação dessa obra, o que já ocorreu, impedindo um maior
prejuízo da população. Também, saudou o asfaltamento do trecho da Cristóvão
Colombo que sai da Plínio Brasil Milano até onde cruza com a Benjamin Constant.
No referente a essa obra, solicitou uma pequena correção no cruzamento da
Cristóvão Colombo com a Dom Pedro II, onde encontramos uma diferença na altura
dessas duas vias. Durante o Grande Expediente, foi deferido pelo Senhor
Presidente Requerimento da Vereadora Clênia Maranhão, solicitando a retirada de
tramitação da Emenda nº 02 aposta ao Projeto de Lei do Executivo nº 87/93, e,
com relação a esse Projeto, foram apregoadas as Subemenda nº 01 à Emenda nº 11,
de autoria da Vereadora Maria do Rosário, subscrita pelos Vereadores Clênia Maranhão
e Lauro Hagemann, a Subemenda nº 02 à Emenda nº 08 e a Emenda nº 17, de autoria
da Vereadora Clênia Maranhão, a Emenda nº 16, de autoria do Vereador Henrique
Fontana, e a Emenda nº 18, de autoria do Vereador Jair Soares. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, o Vereador João Verle comentou críticas hoje feitas à Administração
Municipal pelos Vereadores Jocelin Azambuja, Maria do Rosário e João Dib,
relativas à Escola Infantil Nova Gleba e à aplicação das verbas públicas,
dizendo que a criança é prioridade do Governo unicipal e comentando a
"Carta Aberta ao Fórum do Orçamento Participativo da Região 07 - Grande
Partenon", aqui lida pelo Vereador João Dib. A seguir, constatada a
existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Na oportunidade,
com relação ao Projeto de Lei do Executivo nº 87/93 foi apregoada a Emenda nº
19, de autoria do Vereador Antonio Hohlfeldt, e foi deferido pelo Senhor
Presidente o Requerimento do Vereador Jair Soares, solicitando a retirada de
tramitação da Emenda nº 13. Também foi deferido pelo Senhor Presidente
Requerimento do Vereador Jocelin Azambuja, solicitando a retirada de tramitação
do Substitutivo nº 02 aposto ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
02/93. A seguir, foi rejeitado Requerimento do Vereador Jocelin Azambuja,
solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 87/93 tenha adiada sua
discussão por duas Sessões, por onze Votos SIM contra dezenove Votos NÃO e uma
ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Jocelin Azambuja,
Nereu D'Ávila, João Dib e Henrique Fontana, tendo votado Sim os Vereadores Divo
do Canto, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Isaac Ainhorn, Jocelin Azambuja, Mário
Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D'Ávila, Wilton Araújo, Letícia Arruda, João
Bosco, Não os Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão,
Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho,
Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Jair Soares, João Dib, João
Motta, João Verle, José Gomes, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Pedro Américo
Leal, José Valdir, tendo optado pela Abstenção o Vereador Luiz Negrinho. Em
Discussão Geral e Votação foram realizadas as seguintes votações com relação ao
Projeto de Lei do Executivo nº 87/93. Foi rejeitado o Substitutivo nº 01 ao
Projeto de Lei do Executivo nº 87/93, por doze Votos SIM, dezessete Votos NÃO e
uma ABSTENÇÃO, tendo votado Sim os Vereadores Eliseu Santos, Eloi Guimarães,
Isaac Ainhorn, Jocelin Azambuja, Mário Fraga, Nereu D'Ávila, Wilton Araújo,
Letícia Arruda, João Bosco, Jacão Machado, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Não os
Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clóvis
Ilgenfritz, Décio Schauren, Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Helena
Bonumá, Henrique Fontana, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, José
Gomes, Lauro Hagemann, Maria do
Rosário, José Valdir, tendo optado pela Abstenção o Vereador Pedro Américo
Leal. Foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 87/93, com ressalva das
Emendas, por dezessete Votos SIM , onze Votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, tendo
votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão,
Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa,
Helena Bonumá, Henrique Fontana, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle,
José Gomes, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, José Valdir, Não os Vereadores
Isaac Ainhorn, Jocelin Azambuja, Mário Fraga, Nereu D'Ávila, Wilton Araújo,
Letícia Arruda, João Bosco, Jacão Machado, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Luiz
Braz, tendo optado pela Abstenção os Vereadores Pedro Américo Leal e Luiz
Negrinho. A seguir, foi votado com destaque, a pedido do Vereador Wilton
Araújo, e aprovado o artigo 10 do Projeto de Lei do Executivo nº 87/93 por
dezoito Votos SIM, onze Votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, tendo votado Sim os
Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clóvis
Ilgenfritz, Décio Schauren, Divo do Canto, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá,
Henrique Fontana, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, José Gomes,
Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Pedro Américo Leal, José Valdir, Não os
Vereadores Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Jocelin Azambuja, Mário Fraga, Nereu
D'Ávila, Wilton Araújo, Letícia Arruda, João Bosco, Jacão Machado, Luiz Braz,
Isaac Ainhorn, tendo optado pela Abstenção o Vereador Luiz Negrinho. Foram
aprovadas as Emendas nºs 01, 03, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 15, 16, 17, 19
e as Subemendas nºs 01 à Emenda nº 08 e 01 à Emenda nº 11, todas apostas ao
Projeto de Lei do Executivo nº 87/93. Foi aprovada a Emenda nº 04 por dezessete
Votos SIM, dez Votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, tendo votado Sim os Vereadores Airto
Ferronato, Clênia Maranhão, Eliseu Santos , Elói Guimarães, Geraldo de Matos
Filho, Jair Soares, João Dib, Jocelin Azambuja, Luiz Braz, Maria do Rosário,
Mário Fraga, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Wilton Araújo, Letícia Arruda,
João Bosco, Jacão Machado, Não os Vereadores Clóvis Ilgenfritz, Guilherme
Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Motta, João Verle, José Gomes,
Lauro Hagemann, José Valdir, Décio Schauren, tendo optado pela Abstenção o
Vereador Luiz Negrinho. Foi aprovada a Subemenda nº 02 à Emenda nº 08 por
dezessete Votos SIM, doze Votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, tendo Votado Sim os
Vereadores Airto Ferronato, Clênia Maranhão, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando
Zachia, Geraldo de Matos Filho, Isaac Ainhorn, Jocelin Azambuja, Luiz Braz,
Maria do Rosário, Mário Fraga, Nereu D' Ávila, Pedro Américo Leal, Wilton
Araújo, Letícia Arruda, João Bosco, Jacão Machado, Não os Vereadores Clóvis
Ilgenfritz, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana,
Jair Soares, João Dib, João Bosco, João Verle, José Gomes, Lauro Hagemann, José
Valdir, tendo optado pela Abstenção o Vereador Luiz Negrinho, ficando
prejudicada a Emenda nº 18. Foi rejeitada a Emenda nº 14 por treze Votos SIM e
dezessete Votos NÃO, tendo Votado Sim os Vereadores Eliseu Santos, Eloi
Guimarães, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, Jocelin Azambuja, Luiz Braz,
Milton Zuanazzi, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Letícia Arruda, Wilton Araújo,
Jacão Machado e, ainda, tendo Votado Não os Vereadores Airto Ferronato, Clênia
Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Shcuaren, Fernando Zachia, Geraldo de Matos
Filho, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Jair Soares, João
Motta, João Verle, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Negrinho, Maria do Rosário,
José Valdir. Durante os trabalhos, foi aprovada pelos Senhores Vereadores a
prorrogação da presente Sessão por duas horas . O Projeto de Lei do Executivo
nº 87/93, bem como o Substituto e as Emendas a ele apostas foram discutidos
pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, João Dib, José Valdir,
Antonio Hohlfeldt, Wilton Araújo, Maria do Rosário, João Motta, Clênia
Maranhão, Henrique Fontana, Eloi Guimarães, Jocelin Azambuja e Airto Ferronato.
A seguir, foi aprovado Requerimento do Vereador João Verle solicitando seja o
Projeto de Lei do Executivo nº 87/93 dispensado da votação de sua Redação
Final, Requerimento esse que foi encaminhado à votação pelos Vereadores Nereu
D' Ávila, Luiz Negrinho, João Motta e Airto Ferronato. Às vinte horas e vinte e
seis minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Airto Ferronato e Clóvis Ilgenfritz e
secretariados pelos Vereadores Wilton Araújo e Luiz Negrinho. Do que eu, Wilton
Araújo, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que após distribuída
em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia do documento original.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Braz):
Passamos para a
TRIBUNA POPULAR
Convidamos a representante do Clube de Mães Margarida Alves para fazer
uso da Tribuna Popular. Ausente. Como não temos nenhum representante dessa
entidade, fica cancelada a Tribuna Popular de hoje. Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 3090/93 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 39/93, do Vereador Gerson
Almeida, que institui a Semana de Artes Plásticas Vasco Prado da Câmara
Municipal de Porto Alegre e cria o Prêmio Vasco Prado.
PROC. 0740/94 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 10/94, do Vereador Divo do Canto, que determina a obrigatoriedade da
colocação da numeração predial em local visível.
2ª SESSÃO
PROC. 1819/92 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
146/92, do
Vereador Giovani Gregol, que institui o Dia da Amamentação no Município de
Porto Alegre e dá outras providências.
PROC. 0582/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
013/94, do
Vereador João Bosco, que disciplina o uso de bicicletas nas praças e parques de
Porto Alegre.
3ª SESSÃO
PROC. 0522/94 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
13/94, que
cria o Fundo Municipal de Compras Coletivas, dispõe sobre sua execução e dá
outras providências. (Com Emendas nºs 01
e 02)
O SR. PRESIDENTE: Não há oradores inscritos
em Pauta. Passamos ao
GRANDE EXPEDIENTE
Com a palavra, a Vera. Clênia Maranhão. Ausente. Com a palavra, o Ver. Décio Schauren. Ausente. Com a palavra, o Ver. Divo do Canto, por
transposição de tempo com o Ver. Clóvis Ilgenfritz.
O SR. DIVO DO CANTO: Sr. Presidentes, Senhores e
Senhoras das galerias, em nome da comunidade do Partenon, trazemos a esta tribuna
problemas gravíssimos que estão acontecendo especialmente nas Vilas Batista
Xavier e Maria da Conceição, algo que já foi largamente difundido pela imprensa
local.
A comunidade achou que tinha que se unir contra uma atitude da
Companhia Carris Porto-Alegrense, que retirou o ônibus do seu percurso normal,
a linha T-2, saindo da Rua Paulino Azurenha, João do Rio e Manoel Vitorino e
fazendo somente o percurso da Aparício Borges, em virtude dos assaltos que vêm
acontecendo há muito tempo naquele setor. Acontece que, no mesmo itinerário, o
ônibus Paulino Azurenha faz também a sua linha, e não acontece praticamente
quase nada com essa linha Paulino Azurenha. Não sabemos se há alguma coisa
dessas pessoas que assaltam os ônibus contra a Carris ou se existe um outro
problema. Então, na terça-feira que passou, após uma reunião, essas pessoas,
assaltantes ou pivetes, sei lá, destruíram o Colégio José Carlos Ferreira,
porque houve uma reunião nesse sentido, de trazer a linha T-2 de volta. Nos
reunimos e não fomos contra essas pessoas, porque isso aí é coisa de polícia.
Nós nos reunimos para conscientizar a Companhia Carris e o dono da Empresa
Presidente Vargas para que mantenha aquelas linhas porque a comunidade precisa
muito. Inclusive, o Presidente da Empresa Presidente Vargas se comprometeu a
manter aquela linha, aumentando também seus horários à noite.
O Sr. José Gomes: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, estou-lhe acompanhando e também
acompanhando essa discussão lá no Partenon com relação à problemática do T-2.
Quero trazer um dado a V. Exa. que talvez V. Exa. não saiba, mas a Empresa
Presidente Vargas contratou vinte e oito seguranças particulares para colocar
dentro dos seus ônibus e, ontem à noite, o Diretor da Empresa, Sr. Sérgio, nos
informou que o Coronel Chaves, Comandante CPC da Capital, colocou dois
policiais militares em cada ônibus da Presidente Vargas. Quero trazer este dado
a V. Exa. até para perguntar também a esse Coronel Chaves por que é que não
colocam dois policiais militares dentro dos ônibus da Carris.
O SR. DIVO DO CANTO: Certo, mas tenho bastante
conhecimento sobre esse fato. Mas ontem, de novo, houve outra reunião,
inclusive com a Brigada Militar, com os diretores daquelas empresas e a
comunidade. Eu, por motivo de doença, não compareci, mas um assessor meu se fez
presente e agora, à tarde, vou saber do resultado dessa reunião.
Eu trago esse assunto aqui porque é um assunto da comunidade e eu acho
que a Polícia, a Brigada Militar e o Governo estão faltando com a segurança da
nossa comunidade. Nos tempos em que eu era líder comunitário, nós trabalhamos
muito em cima disso aí. Não entramos em conflito com essas pessoas que moram na
vila e o problema foi sanado. Eu acho que o que está faltando agora é uma boa
vontade de parte do Comando da Brigada Militar e nós achamos que isso aí pode
até não ser da Câmara de Vereadores. É um problema que diz mais alto ainda, mas
nós, como Vereadores, não podemos ficar calados porque é um problema de
Vereadores, Deputados, de colégios, da comunidade integrada. E não é só na Vila
Maria da Conceição que acontece isso. Sabemos que acontece em todos os bairros.
Então, protestamos, neste momento, contra esse desleixo que está acontecendo
com a segurança da nossa Capital.
O Sr. José Gomes: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, eu quero informar a V. Exa. que é, sim, um
problema da Câmara de Vereadores e até dou uma sugestão a V. Exa.: que
encaminhe um Requerimento à Comissão de Constituição e Justiça para que o Presidente
encaminhe alguma providência para que possamos colaborar nessa discussão.
O SR. DIVO DO CANTO: O Ver. Isaac Ainhorn já foi
convocado e está trabalhando em cima disso.
Para concluir, eu queria trazer aqui um outro assunto, para aproveitar
o tempo, que é do Conselho Estadual da Previdência Social, que, ontem reunido,
como membro que sou daquele Conselho, verificou o estado em que se encontram os
postos de benefício da Previdência Social. O Conselho Estadual da Previdência
Social está-se dirigindo ao Ministro da Previdência, ao Presidente do INPS, a
todas as autoridades da Previdência Social e ao Governo do Estado, através da
Secretaria da Saúde, para que consigam funcionários para a Previdência Social,
senão os postos de benefício vão fechar. Hoje, para ser atendido num posto de
benefício, é preciso um cidadão perder de duas a três horas e, às vezes, até
mais de um dia, o que não pode acontecer. Nós temos aqui um companheiro
Vereador que foi Ministro da Previdência Social e sabe dessa situação.
Nós achamos que a comunidade tem que estar unida. Os aposentados vão
reunir todas as suas associações; se for possível, fazer passeatas não só
contra o atendimento nos postos de benefício, mas, também, sobre o desleixo que
está o serviço de saúde do INAMPS. Nós achamos que já passou da pouca vergonha!
Não dá para se agüentar mais o que está acontecendo nos postos do INAMPS,
principalmente nos grandes hospitais, onde são feitas filas dois, três dias
para se conseguir uma baixa e muitas vezes não conseguem baixa.
Então, companheiros, esse nosso chamamento é muito importante. Os
aposentados vão fazer a frente com o Sindicato e com a comunidade toda para que
possamos exercer o nosso direito, que é protestar contra aquilo que não está
sendo feito pelo povo e pela comunidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Apregoamos a Subemenda nº
01 à Emenda nº 11 ao PLE nº 87/93, de autoria da Vera. Maria do Rosário,
subscrita pelos Vereadores Clênia Maranhão e Lauro Hagemann.
Requerimento de autoria do Ver. Giovani Gregol, solicitando Licença
para Tratamento de Saúde no dia de hoje.
(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Giovani Gregol e
dada posse ao suplente, conforme consta na Ata.)
Requerimento, de autoria do Ver. Pedro Ruas, solicitando Licença para
Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje.
(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Pedro Ruas,
conforme consta na Ata.)
O SR. PRESIDENTE (Airto
Ferronato):
O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. CLÓVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ilustres participantes do Plenário hoje, os companheiros
funcionários municipais, interessados nesse Projeto da FESC, MAPA, sobre a
questão da assistência social no nosso Município.
Esse tempo de Grande Expediente é um tempo usado por cada Vereador para
assuntos de interesse geral e não coincide exatamente com as questões de
interesse imediato que nós vamos discutir, logo a seguir, nos projetos que vão
ser votados. Digo isso para aqueles que não estão acostumados a assistir essa
parte do nosso trabalho de Vereadores, que é o chamado Grande Expediente. Em
cada dia de Sessão, alguns Vereadores têm o diretor de falar.
Vou tocar num assunto que considero de real importância para o interesse
do Município e, em especial, para os setores da área da construção civil, da
arquitetura, do urbanismo, da engenharia, projetos e construções em geral.
Hoje nós recebemos, nesta Casa, uma comitiva, e os Srs. Vereadores, com exceção das Lideranças que estavam lá junto com a Mesa, possivelmente não sabem ainda dessa notícia. Trata-se de uma comitiva de dirigentes da Associação Rio- Grandense de Escritórios de Arquitetura, da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul, do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Porto Alegre, do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura e Agronomia, o CREA, do Sindicato dos Arquitetos do Estado do Rio Grande do Sul, do Sindicato dos Engenheiros, do Sindicato da Indústria da Construção Civil, do Instituto de Arquitetos e do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis, e todos com uma proposta ao Sr. Prefeito. Foi entregue e discutida com o Sr. Prefeito Tarso Genro, com o Secretário do Planejamento e outros Secretários, cujas áreas estão envolvidas, como a SMAM e a SMOV, principalmente, uma proposta de que se faça um esforço coletivo para transformar, mudar o ritmo das aprovações de projetos, essencialmente projetos de construção e também parcelamento do solo.
Nós achamos que é um trabalho de unidade das entidades. Merece o nosso
respeito e deve ser encaminhado com celeridade pelo Sr. Prefeito e pelos órgãos
do Executivo. Achamos que, realmente, quanto à tramitação dos projetos -
historicamente, isso não é um problema de hoje, não é um problema da
Administração passada, mas vem-se perpetuando com o tempo - e sua aprovação,
pela sua morosidade, pela sua complexidade, eles acabam prejudicando, em si,
alguns setores interessados em que os projetos sejam aprovados para poder
iniciar logo os seus investimentos. Então, nós, da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, e eu, como membro da Mesa, hoje não tive dúvidas em aprovar a
idéia de que deve haver, realmente, uma modificação nesse processo, até porque,
quando fui Secretário do Planejamento em 1989 e início de 90, nós já tínhamos
iniciado um processo de centralização de todas as aprovações. Hoje, um projeto
de engenharia, de arquitetura ou de urbanismo, depois de passar pelo
Planejamento, vai para a SMOV, da SMOV vai para a SMAM, da SMAM, às vezes, tem
de ir para a Secretaria dos Transportes ou para a SMIC, e isso está causando
transtorno, embromação e dificuldade.
Agora: uma um coisa de que nós temos consciência também - e é isso que
eu queria colocar aqui para os Srs. Vereadores, em especial para as Lideranças
que estavam lá, hoje de manhã - é que nós não podemos, de uma certa forma,
através de uma proposta que busque a celeridade na tramitação dos projetos,
aceitar que haja uma proposta, por trás disso, de modificação radical do atual
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano na nossa Cidade, até porque achamos
que, se existe necessidade de se fazerem modificações, aperfeiçoamentos e
adaptações, inclusive pela legislação constitucional, pela Lei Orgânica
Municipal, reflexo das leis que foram aprovadas neste Plenário, então, nós
teremos que modificar alguns itens e transformar o Plano Diretor em algo um
pouco mais fácil de ser manipulado, tanto pelos profissionais, como pelos
setores envolvidos, pelos agentes fiscais, como pela própria população, que
sente dificuldade, tal a complexidade de um plano desse tipo. Faço este alerta,
como um dos arquitetos que por vários anos esteve envolvido com o setor
profissional, com as questões da Cidade, urbanas, habitacional, etc. Não podemos
"comprar gato por lebre". Existe, por trás dessa reivindicação,
também a idéia de torpedear o único instrumento que nós temos e tem um valor
inestimável para esta Cidade. Ai de Porto Alegre se não tivéssemos o Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano que temos em nossa Cidade, diferentemente da
grande maioria das cidades brasileiras, uma tradição de mais de oitenta anos de
um trabalho sério, cuja idéia fundamental é defender a Cidade dos abusos, quer
do setor imobiliário, quer dos setores privados em geral, que querem
apropriar-se do espaço urbano em detrimento do uso social que deve ter o espaço
urbano desta Cidade.
Eu tenho a idéia - inclusive coloquei para o Sr. Presidente e todos os
representantes hoje, na Mesa, e que já foi posta em prática em 1991 - de fazer
um seminário sob o título "Reforma Urbana", colocando a Lei Orgânica
como pano de fundo e a necessidade de adaptações do Plano Diretor e da
legislação municipal. Hoje, mais do que nunca, achamos que deve haver um
seminário nesse sentido para que não haja soluções que sejam apenas de
interesses corporativos, como pode parecer pelo teor do documento que foi
entregue nesta Casa, até porque algumas entidades não discutiram o documento,
apenas se solidarizaram porque, na sua questão principal, que era mudar o ritmo
da aprovação dos projetos, eles estão de acordo. Mas não estariam de acordo - e
é importante que se diga aqui - com uma mudança radical no Plano Diretor sem
que isso tenha uma discussão realmente profunda da comunidade que usa a Cidade
e que tem o direito de influir sobre os destinos de sua cidade, do uso do solo,
da área construída e etc.
Então, nós queríamos enfatizar, neste tempo de Grande Expediente, que a
nossa Casa, a Câmara Municipal, deve-se perfilar nesta proposta. E eu estou
propondo um seminário, assim como foi proposto por alguns Vereadores, hoje pela
manhã, que esta Casa traga, aqui, as opiniões mais diversas sobre o Plano
Diretor e, em especial, da comunidade e do próprio funcionalismo municipal,
porque aqueles que se queixam do funcionário público porque o projeto demora
para ser aprovado eles não sabem que lá o funcionário está cumprindo uma
legislação e é obrigado a tomar aquelas atitudes porque senão ele vai ser
responsabilizado por aprovações ou por licenciamentos que não estejam de acordo
com interesses públicos.
São vários assuntos. É complexo e é preciso que se tome consciência
desses assuntos para que não se faça tábua rasa do Plano Diretor, que é um dos
instrumentos mais modernos que o País já teve em termos de Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa defere Requerimento
de retirada da Emenda nº 02, de autoria da Vera. Clênia Maranhão, aposta ao PLE
nº 87/93.
Com a palavra, o Ver. Luiz Negrinho, que fala por transposição de tempo
com o Ver. Décio Schauren, em Grande Expediente.
O SR. LUIZ NEGRINHO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu, nesses últimos dias, tenho feito, aqui, duras críticas à
Administração Popular em alguns problemas que ocorrem na nossa Cidade, mas o
Vereador não está aqui só para criticar quando as coisas não funcionam, mas
também para elogiar.
Queria parabenizar a Administração Popular, o Prefeito Tarso Genro e o
Diretor Hélio Corbellini pela mudança dos papeleiros que residiam na ponte
próxima à entrada do rio Guaíba. Gostaria de fazer um apelo à Administração
Popular para que também se preocupe com os moradores que estão residindo dentro
da Sanga da Morte, pois com essas chuvas estão enfrentando sérios problemas lá
na Vila Cruzeiro. E também com os moradores que residem no riacho do Chuí, que
se estende até a Vila Estaleiro, e estão sofrendo com o mesmo problema.
Deixo de público essa manifestação porque acho que as coisas só vão
começar a funcionar nesta Cidade quando se resolverem os problemas de
habitação. Era isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Eliseu Santos.
O SR. ELISEU SANTOS: Sr. Presidente em
exercício, Srs. Vereadores, ocupo esta tribuna no espaço do Grande Expediente para
me pronunciar sobre assunto de grande importância para esta Casa.
Ontem à tarde, assim como hoje pela manhã, recebi vários telefonemas em
que fui cobrado pelas mordomias que os Vereadores desta Casa usufruem. Fiquei
surpreso e fui investigar. Ontem, no "Jornal do Almoço", saiu uma
reportagem sobre os trinta motoristas que esta Casa possui para dirigir cinco
automóveis, e também se referia a horas extras. Até aí é problema da
Presidência e de quem tem responsabilidade sobre essa área, mas nós, Vereadores,
entramos num segundo espaço, pois, quando os repórteres foram entrevistar os
motoristas desta Casa, os mesmos viraram de costas para as câmaras para evitar
represálias. Esse costume é muitas vezes usado com os bandidos que se escondem
para evitar que sejam mortos. Achei muito estranha essa atitude. Essas pessoas
que se esconderam durante a entrevista para não sofrerem represálias informaram
que trabalhavam para os Vereadores, que eram motoristas dos Vereadores e que
levavam os familiares dos Vereadores para o supermercado, para a praia, para o
colégio, etc. Então, eu fui cobrado. Perguntaram-me quem levava minha família
para o supermercado.
Quero dizer a vocês, meus companheiros, e a essa platéia - que fique
registrado nos Anais da Casa - que sou Presidente da Comissão de Saúde e Meio
Ambiente, que nunca tive motorista, não tenho motorista, não quero motorista e
que ninguém dirija meus carros para que amanhã ou depois não digam que os
motoristas estão servindo aos Vereadores, ao Ver. Eliseu Santos. Sei que muitos
Vereadores não são servidos por motoristas desta Casa. Se existem trinta
motoristas para cinco carros e eles ainda recebem horas extras, alguém tem que
tomar uma medida para que depois não surjam situações constrangedoras como
essa, dizendo que esses funcionários estão trabalhando para os Vereadores.
Quero que fique registrado nos Anais desta Casa que não aceito essa informação.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Atualmente, também não tenho motorista à minha disposição,
mas, dada a reportagem feita pelos senhores motoristas, no meu entendimento,
eles estão a dizer que não querem fazer as seis horas extras e até não querem
recebê-las. Querem apenas fazer as seis horas a que são obrigados. Acho que a
Mesa poderia providenciar isso e deixar que eles façam as seis horas, se esse é
o seu desejo. A Câmara está tentando buscar uma solução que, na realidade, não
é culpa de ninguém, porque naquele momento ela tinha veículos que precisavam de
motoristas. De repente, a Câmara desativou a sua frota e eles estão aí ganhando
sem necessidade.
O SR. ELISEU SANTOS: V. Exa. está dizendo que
eles estão ganhando sem necessidade, sem trabalhar?
O Sr. João Dib: Eles estão à disposição,
estão parados. Nós não temos mais frota. Temos quatro ou cinco carros na
Câmara.
O SR. ELISEU SANTOS: Eu não tenho conhecimento
do fato de que a Câmara possuía inúmeros automóveis, mas eu deixo a sugestão
para a Mesa. Nós temos trinta motoristas para dirigir cinco automóveis. Isso é
um absurdo. Alguém tem que tomar uma medida para que sejam cedidos para a
Prefeitura, para o Pronto Socorro. Que vão guiar ambulâncias, mas não ficar
sentados aqui embaixo, e ainda dando entrevistas dizendo que são motoristas dos
Vereadores!
O Sr. Jair Soares: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Eliseu Santos, quero solidarizar-me com o
pronunciamento de V. Exa. e dizer também que não tenho, não tive e não terei
motorista da Casa, de sorte que a matéria que saiu ontem no "Jornal do
Almoço", da Rede Brasil Sul de Comunicações, não me atingiu e não me
atingirá.
O SR. ELISEU SANTOS: Muito obrigado.
O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Eliseu Santos, a preocupação de V. Exa. é mais
do que justa. Eu já participo como membro da Mesa há quatro anos e nos
angustiavam, e muito, algumas questões que tinham de ser resolvidas. O
pronunciamento feito foi em função de que a Casa assumiu uma postura, através
de uma decisão da Mesa com as Lideranças, de que nós não podemos expulsar,
tirar o cargo que foi adquirido por concurso há anos atrás, alguns há vinte e
cinco anos, daqueles funcionários. Agora: tem que se colocar neste discurso,
que eu acho que é importante, que a Casa não tem carros para os Vereadores.
Isso já é uma grande coisa. Segundo: é uma espécie de cargo em extinção. À
medida que vão se aposentando ou mudam de função, aquela vaga não é preenchida.
Em terceiro lugar, eles têm sido, sim, muito úteis a determinados serviços da
Câmara - nós não podemos dizer que não. A Câmara tem dois carros em condições
de trafegabilidade e dois em condições de serem leiloados, porque são carros
com mais de quinze anos. Então, esses Oficiais de Transporte têm sido úteis.
Inclusive, os Vereadores e V. Exa., com o seu carro, na hora que precisarem de
um serviço urgente da Casa, do seu mandato, eles estão à disposição. Não dá
para deixarmos a coisa no "oito ou oitenta". Existe uma preocupação
da Casa. Eles estão reivindicando seus direitos, com toda a razão, e nós
estamos querendo botar um fim em qualquer processo que possa ser desnecessário.
O SR. ELISEU SANTOS: Só o que eu não aceito é
que quem deu essa entrevista diga que sirva aos Vereadores para levar para o
supermercado, para a praia. Se existem aqui cinco carros e trinta motoristas, a
desproporção é muito grande. Alguma coisa tem que ser feita para que não haja
mais distorções.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não vamos nos assustar porque a imprensa resolveu
cobrar algo que não devia cobrar. Existem aqui trinta motoristas. A Mesa coloca
à disposição dos Vereadores que precisam para qualquer tarefa. Esta Casa é
muito moralizada. Têm vinte e seis motoristas aí. Eu já pedi motoristas para me
auxiliarem, já foi me dado pela Mesa. Não vejo por que esses homens não
servirem aos Vereadores que estão trabalhando. Se alguém vai para a praia, a
supermercados, é problema desse alguém. Não vamos ficar arrepiados porque algum
repórter resolveu nos dar um susto.
O SR. ELISEU SANTOS: Nós não tivemos medo na
época da Revolução. Não é agora que vamos ter medo da imprensa. Só estou
cobrando uma informação errada, inverídica, dizendo que esses motoristas servem
aos Vereadores. A mim não servem. Ninguém me leva de compadre.
O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Realmente, como se percebe, V. Exa. tocou num assunto
que é um vespeiro. Eu acho que não está bem encaminhada essa questão. Quero
dizer que devemos debater com mais calma e registrar que também nunca utilizei
serviço dos motoristas da Casa. Apenas no problema do Jardim Leopoldina eu e a
Vera. Maria do Rosário utilizamos carro da Casa - para que fique registrado.
O Sr. Wilton Araújo: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Eliseu Santos, com a responsabilidade de já ter
presidido esta Casa por um ano, concordando com as palavras do Ver. Clóvis
Ilgenfritz, esses nossos Oficiais de Transporte têm uma tradição na Casa de bem
servir não só aos Vereadores como a todos os funcionários da Casa e estão
colocados em uma situação difícil, em um alvo fácil para quem quer a notícia
fácil. São responsáveis. Não acredito na entrevista dada. Não vi nenhum
motorista concedendo entrevista. Acredito que mais fácil seja a invenção de
pessoas que querem atingir, macular a imagem desta Casa, mas entendo a
preocupação de V. Exa. Temos que discutir, temos que esclarecer e dar a
transparência total que esta Casa merece, necessita, e a população merece
saber.
O SR. ELISEU SANTOS: Muitos Vereadores
assistiram à entrevista, e quem trabalha com tranqüilidade não vira as costas
para as câmaras. Isso é uma interrogação e nós devemos investigar e dar nomes
às pessoas que foram colocadas como beneficiários. Eu já conversei com alguns
Vereadores que assistiram ao "Jornal do Almoço" - o Ver. Jair Soares
assistiu -, e esses belos, maravilhosos motoristas viraram as costas para não
aparecerem. Não sei por quê. Acho que por timidez. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Apenas para constar, já
falaram, pela Mesa, os Vereadores Clóvis Ilgenfritz e Wilton Araújo.
É importante deixar registrado que a Mesa tem estudado com zelo e
responsabilidade a situação e encaminhamos, inclusive, no final do ano passado,
início deste ano, para que os organismos técnicos da Casa nos dêem pareceres
sobre o tema. Para finalizar, a Mesa não pode ser responsabilizada por
entrevistas concedidas por pessoas que disseram coisas que não temos como nos
responsabilizar. Relativamente ao tema, a Mesa está tratando com zelo e carinho
o assunto.
Apregoamos a Emenda nº 16, de autoria do Ver. Henrique Fontana, ao PLE
n.º 87/93.
A palavra está com o Ver. Elói Guimarães em Grande Expediente.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o Pró-Setorial da Criança e do Adolescente do PT, de Porto Alegre,
está distribuindo um manifesto acerca da Emenda nº 14, de autoria deste
Vereador. Eu diria que concordo com toda a articulação feita, citando preceitos
de lei. Evidentemente que, ao encerrar o manifesto, repudia a Emenda nº 14 ao Projeto
de Lei do Executivo que reestrutura a FESC, por ser discriminatório e atentar
contra os direitos humanos garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
e pela Constituição Federal.
O referido manifesto está sendo distribuído na Cidade. Eu vou ter de
juntar minha emenda e fazer distribuir, também, aos milhares, na Cidade de
Porto Alegre, para que as coisas fiquem bem claras. O manifesto pecou porque
não fez transcrever a Emenda nº 14. Isso é elementar para que se preserve a
verdade na sua integralidade e a transparência, que tanto se apregoa.
Mas eu gostaria de ler a íntegra da Emenda, que acrescenta o parágrafo
único: "É vedada a utilização das Unidades Operacionais, Centros e
Comunidades para abrigar menores durante o dia ou à noite, exceto moradores
pertencentes à própria comunidade do bairro."
Eu recebo, gentilmente, das mãos do Ver. José Gomes a inserção
datilográfica da minha emenda. Melhoraram, nesse sentido, setores do PT, porque
um partido político é composto de vários setores. Há setores mais arejados e
outros menos arejados. Então, eu dou como suprida a falha. Vejam bem: a minha
emenda estabelece que fica proibido, exceto às crianças ali da comunidade. Eu
vou situar concretamente. O CECOFLOR, por exemplo. Todos conhecem o Bairro
Floresta, antiga Vila Floresta, hoje Jardim Floresta, e todo o entorno. Quem
reside ali? São pessoas humildes, de classe média baixa. Pois essas pessoas
estão mobilizadas numa luta intensa que... O que está ocorrendo ali? Aquelas
crianças, que, segundo elas, são "marmanjões"- eu não vou usar essa
linguagem; eu ainda entendo que são crianças, mas eles lá, por razões próprias,
os chamam de "marmanjões" -, essas crianças estão prejudicando a
normalidade daqueles moradores e daquelas crianças do bairro.
Ontem participei de uma reunião da Escola Sarmento Leite, com a
comunidade, os pais, e me foi colocado: "Ora, Vereador, as nossas crianças
que fazem educação física no CECOFLOR, as menininhas, etc, não podem mais fazer
por causa" - segundo eles -
"dos 'marmanjões' que são levados para lá". Nada contra eles, até
porque o bairro tem os seus problemas. Nós temos os menores desamparados ali em
torno. Quem não conhece a Vila Dique? Se alguém aqui faz trabalho de base, como
nós fizemos, quem não conhece a Vila Dique, a Vila Nazaré, pobres humildes, com
as nossas crianças ali? Vão levar as nossas crianças para lá. É isso que quer a
comunidade, que se levem aquelas crianças da Nazaré, da Dique, que são pobres,
que são abandonadas. Por que trazer crianças de outros lados da Cidade? Então,
essa emenda é da comunidade. Eu apenas fui a mão que subscreveu a emenda da
comunidade. Já está aqui o Presidente da FESC - Ver. José Valdir -, que pode
comprovar a mobilização da comunidade. Pode-se dizer que isso é uma visão, um
modo de encarar o problema, pois aquela comunidade, aqueles moradores humildes,
gente do povo, entende que os menores a serem amparados nos equipamentos, nos
centros comunitários, devem ser os menores dali, não menores do outro lado da
Cidade. Aí, eu colocaria uma questão que é profundamente ideológica: a questão
do desenraizamento sociológico, que embasou uma decisão do Partido dos
Trabalhadores - e eu chamaria a atenção - e que esse entendimento levou a fazer
ali a conhecida Vila Planetário. Entenderam os setores do PT - não todos,
evidentemente - que não se poderia retirar aquelas pessoas dali, que
sociologicamente elas estavam ali e ali deveria ocorrer o processo de
urbanização. É uma discussão que, na questão dos centros comunitários, não se
mantém.
Então, nós entendemos que se devem priorizar os menores abandonados do
seu entorno, e existem muitos ali. A maioria de vocês talvez conheça aquela
realidade social ali existente. Essa gente que mora ali, gente humilde - não é
elitismo -, esses trabalhadores que residem ali não querem que sejam trazidos
menores. Nem vou citar agressões que foram feitas a menores que foram ali e
receberam a sua merenda, almoçaram e depois foram agredidos. Não vou colocar
isso, porque não é esse o debate. O debate parece-me que precisa ter maiores
compreensões, porque nós temos que ouvir a comunidade sobre os seus problemas.
A nossa emenda tem esse sentido: a utilização dos equipamentos, mas priorizando
os menores daquele entorno.
O Sr. José Gomes: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Eloi Guimarães, estou-lhe ouvindo atentamente
porque V. Exa. é um sábio Vereador e acompanha os problemas sociais desta
Cidade, mas fiquei preocupado porque V. Exa. traz à tona a questão dos
"marmanjões"...
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Não! Eu falo em criança!
O Sr. José Gomes: Correto. Eu quero falar
porque estou com umas crianças aqui que são da Vila Dique e que freqüentam o
CECOFLOR e que não são "marmanjões". Por isso é que eu queria que V.
Exa. refizesse o conceito de há pouco.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: V. Exa. não vai me pegar,
porque ouviu o que eu dizia. Eu sempre tratei de criança.
"Marmanjões" dizem eles. E também quero pôr em dúvida o que eles
dizem, vamos deixar claro. Eles falam em comunidade. Então, vamos trazer a
comunidade para cá também.
Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esses esclarecimentos são para
dizer que a nossa emenda visa a priorizar essas crianças, mas não crianças que
vêm do outro lado da Cidade, porque nós temos os nossos menores.
A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria de registrar, nobre Vereador, que nós
recebemos da Comissão Especial dos Direitos da Criança e do Adolescente, da
OAB, da Comissão Estadual do Movimento de Meninos e Meninas de Rua, bem como do
CPERS, uma nota desaprovando o mérito de sua emenda. Portanto, a nossa
restrição se pauta por essas opiniões e não pela nota do Partido dos
Trabalhadores.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Certo. Só que esses órgãos
aí - nada contra eles - deveriam buscar a legitimidade da comunidade para se
manifestar. Vá ouvir a comunidade para ver! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis
Ilgenfritz):
O Ver. Luiz Negrinho está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ NEGRINHO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
estou quebrando minha rotina de usar esta tribuna, mas gostaria que fizessem
silêncio na platéia.
Quando fui eleito para esta Casa, para Vereador de Porto Alegre... Em
toda a minha vida não tive nada que não encarasse de frente e lamento que, neste
momento, o Ver. Eliseu Santos não esteja presente. Sr. Presidente, está difícil
a atenção dos demais Vereadores.
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, a Mesa
está solicitando silêncio. Tomem suas tribunas. Há um orador falando e pede a
atenção dos Srs. Vereadores. Muito obrigado.
O SR. LUIZ NEGRINHO: No primeiro ano de meu
mandato, eu não fazia parte da Mesa. Apenas era Vice-Presidente da CUTHAB e não
tinha motorista. Lamento muito não saber, na oportunidade, pela falta de
experiência, que eu poderia ter um motorista. Como membro da Mesa, reivindiquei
um motorista, que é um trabalhador igual a qualquer um de vocês aqui presentes.
Trabalham nesta Casa há muitos anos, estão-se aposentando. São cargos em
extinção. Acho muito fácil pegar a classe dos motoristas da Casa para se
promover. Existe um interesse em macular esta Casa. Nós, da Mesa, estamos, de
todas as maneiras, resolvendo este problema. Pergunto: qual o interesse de
macular a imagem de uma das melhores, senão a melhor, Câmara deste País? Uma
informação que muitos não têm: o carro que esse motorista dirige é carro do
Vereador; o combustível é o Vereador quem paga. Esse motorista serve ao
Vereador como qualquer motorista serve à Diretoria desta Casa. E digo mais -
repito: arrependo-me de não saber que eu poderia ter um motorista no ano
passado, porque a importância desse trabalhador, que se soma aos assessores de
gabinete, é tão grande quanto à daquele que trabalhou em minha campanha e que
está aqui comigo. Ele que respeita, cumpre o horário, é o primeiro a chegar e é
o último a sair. Então, não podemos permitir que se fale deles. É muito fácil
dizer agora que não tem motorista, mas tenho a certeza de que muitos que não
têm motorista gostariam de tê-lo. Nós temos que ter coragem, em um plenário
completamente cheio como está hoje, para dizer essas verdades, porque não tenho
nada a esconder. Acredito que todos aqueles que têm um motorista não têm nada a
esconder. Este é um Legislativo forte e transparente e nós temos que parar com
isso. Gostaria de registrar que existem Câmaras neste País com cinqüenta e
cinco Vereadores e cada um tem o seu motorista e um automóvel. Então, não
podemos deixar que se cometam essas injustiças com os nossos motoristas.
Estava há pouco conversando com o Ver. Jocelin Azambuja, antes de vir à
tribuna, e disse-lhe que existem, nesta Casa, alguns Vereadores que se
preocupam com os funcionários. Várias vezes assisti e participei e sempre fui
contra que se tomasse qualquer atitude que viesse a prejudicar a carreira
desses funcionários. Há funcionários que têm quinze anos de boa conduta e uma
ficha funcional perfeita e em razão de pequenos problemas podem ter sua
aposentadoria prejudicada. E esse pode ser o caso de qualquer um que está aqui
assistindo e é funcionário. Quando tem qualquer problema sempre estoura nos
motoristas.
Estamos tratando do caso, pois sou o 2º Secretário da Mesa e tenho
definido um melhor aproveitamento, mas não vamos permitir que se cometam
injustiças. Todos são trabalhadores e pais de família. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa apregoa, de autoria
da Vera. Clênia Maranhão, a Emenda nº 17 e a Subemenda nº 02 à Emenda nº 08 ao
Projeto de Lei do Executivo nº 87/93.
Tempo de Liderança com o Ver. Jocelin Azambuja.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu não poderia deixar de vir a esta tribuna hoje, pois tive uma
constatação terrível de desperdício do dinheiro público na Administração
Municipal de Porto Alegre. Digo a V. Exas. que fiquei pasmo, Srs. Vereadores.
Ontem à tarde, esteve aqui a Secretária Municipal de Educação,
atendendo convite da Comissão de Educação desta Casa, para discutir a situação
da Escola Infantil Nova Gleba, construída lá no CIEM João Satte. A comunidade
esteve aqui e houve uma discussão muito positiva e os colegas do CPM da escola
me convidaram para ir lá hoje de manhã. Eu fui lá e aproveitei para conhecer a
nova escola infantil. Eu digo, Srs. Vereadores, que fiquei envergonhado de ver
como é mal administrado o dinheiro público. Estava dizendo para aqueles
professores que não se pode admitir fechar uma vaga sequer para uma só criança
em Porto Alegre. Pois lá no João Satte conseguiram fazer uma coisa terrível
para Porto Alegre. Construíram, dentro do pátio da escola, um prédio para abrigar
a escola infantil, essa que denominaram de Nova Gleba. Tiraram quatro salas de
aula do João Satte, que atendiam duzentas crianças do pré-escolar - nível B -,
e as colocaram à disposição da escola infantil. Só que essa escola infantil só
possui cento e vinte vagas para atender crianças de zero a seis anos. Vejam o
absurdo, Srs. Vereadores! As matrículas do pré - jardim A e B - vão ser
reduzidas para sessenta, quando antes eram duzentas.
Fiquei pasmo quando fui, hoje pela manhã, ver a escola infantil. Além de
ser um projeto arquitetônico extremamente malfeito, o mais grave: eles criaram
duas administrações dentro do mesmo prédio. Então, vai haver duas direções,
duas secretarias e dois refeitórios - vejam o absurdo! Nessa questão de
educação, não admito que botem o dinheiro do povo fora e que brinquem com a
educação como estão fazendo. Um refeitório irá atender a escola infantil com
cento e vinte alunos e, a vinte metros, outro refeitório para atender o João
Satte. Terão que contratar merendeiras, nutricionistas e funcionários
necessários, ao invés de construírem essa escola infantil em outra área da
região. Assim, prejudicaram toda a comunidade do João Satte e causaram
desperdício no dinheiro público. Isso não é correto, não é legal e não é moral!
E já se botou fora - isto é que é o pior. Vamos ter, então: duas cozinhas, uma
a vinte metros da outra; dois refeitórios, um a vinte metros do outro, para
atender as mesmas crianças; vamos ter dois Vice-Diretores, dois Diretores e
tantos outros dois. É um absurdo, senhores da bancada do Governo, do Partido
dos Trabalhadores! Não sei se vocês têm influência lá dentro. Disseram-me que
estiveram Vereadores da bancada do Governo na escola. Isso não é administrar
bem a coisa pública. É jogar o dinheiro do povo fora. Aqueles cidadãos que
recolheram impostos para os cofres públicos para terem direito à educação
perderam aquilo que tinham. O mais grave: vão pegar o dinheiro e colocar em
nada. É uma coisa sem sentido.
Peço desculpas aos Vereadores que estão lutando em cima - a Vera. Maria
do Rosário, a Vera. Letícia Arruda, o Ver. Geraldo de Matos Filho -, mas fiquei
muito indignado quando conheci a escola infantil e vi o desperdício do dinheiro
público, vi a escola sem nenhuma segurança para colocar as crianças lá dentro.
Hoje é dia 6 de abril e nada funciona. As crianças do pré-escolar estão sem
aula até hoje. A escola tinha duzentos alunos do pré-escolar. Fiquei
impressionado. Lamento profundamente. Daqui para frente vou ser extremamente
criterioso antes de aprovar qualquer coisa nesta Casa de verbas para a área da
educação, FGs de Diretores, Vice-Diretores e tudo o mais.
Espero que o Prefeito de Porto Alegre, Dr. Tarso Genro, por quem eu
tenho o máximo respeito, tome medidas fortes em relação a isso. Isso é
inadmissível. A Secretaria Municipal de Educação está demonstrando que está
muito longe dos interesses da comunidade da Cidade de Porto Alegre. Não está
primando pelo básico, que é o respeito àquilo que foi construído pela
comunidade, as vagas que a comunidade tinha.
Peço desculpa pelo meu desabafo e revolta, mas eu ainda não tinha
presenciado uma cena de desperdício desta Administração como presenciei hoje.
Convido todos os colegas para visitarem a escola para verem o absurdo que foi
feito naquela comunidade. Não permito que esse absurdo seja mantido. Já está
consubstanciado o prejuízo. O dinheiro já foi posto fora, lamentavelmente.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário
está com a palavra em Comunicação de Líder.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu ocupo a tribuna com o objetivo de discutir a situação trazida
pelo Vereador que me antecedeu e de dizer que a nossa Comissão de Educação da
Câmara Municipal de Porto Alegre está prestando muita atenção na nossa Cidade,
no direito de que a população de Porto Alegre tenha uma educação de qualidade e
acompanhamento em toda a rede municipal de ensino e em que condições a
população vem sendo atendida.
A situação da Escola Municipal João Satte é bastante difícil neste
momento. No ano de 1990 as comunidades participaram das decisões do Orçamento
Participativo na Região Norte e, na plenária do Orçamento Participativo,
conquistaram para aquela região da Cidade uma escola infantil extremamente
importante, porque temos uma ausência enorme de programas de atendimento para
crianças de zero a seis anos na nossa Cidade. A Administração Municipal de
Porto Alegre, neste início de ano, garante mais cinco escolas infantis. Naquela
região, uma escola foi conquistada pela comunidade.
Entre a conquista pela comunidade das verbas para implementação de uma
escola infantil e a execução de uma escola infantil, houve uma grande
distância. Se, num primeiro momento, a comunidade participou e deliberou
democraticamente, conquistando espaço, assim como toda aquela escola, aquela
jornada - a Escola Municipal João Satte é uma conquista de todas aquelas
comunidades, muito particularmente do Parque dos Maias -, na execução da
atividade essa democracia não foi a mesma. Notem V. Exas. que sem a Direção da
Escola ter completo conhecimento sobre aquilo que estava sendo feito na escola
que dirigia, sem a presença do Conselho Escolar, órgão que reúne professores,
pais, alunos e funcionários, sem a conivência, o assentimento do CPM, Grêmio
Estudantil, Grêmio de Professores, sem que ninguém soubesse, foi decidido pela
Secretaria de Educação que a escola infantil seria construída dentro do pátio
da Escola Municipal João Satte.
A nossa preocupação é enorme porque temos encontrado de parte da
Administração Municipal de Porto Alegre uma preocupação verdadeira -
acreditamos -, com a gestão democrática da escola pública, com a participação
da comunidade nas deliberações, e uma modificação enorme na vida daquelas
famílias, daquelas crianças, foi deflagrada naquela escola sem a participação
daquela comunidade e hoje a situação é gravíssima, porque, quando a Secretaria
Municipal de Educação modifica os critérios anteriores de distribuição de vaga
e privilegia as comunidades carentes, é bem verdade, assim como a comunidade do
Parque dos Maias, comunidade que circunda a escola, neste momento, negando
vagas àquela comunidade, está errado também. E peço a atenção da bancada do
Governo, porque parece que um programa tão importante como a implantação de uma
escola infantil tem que se dar ampliando o atendimento. O que acontece hoje no
Parque dos Maias, na Escola João Satte, é que a Administração Municipal fechou
quatro salas de aula para a Escola João Satte e está aproveitando essas salas
para a escola infantil, ou seja, nós ainda não temos dados - e o Ver. Décio
Schauren perguntou à Secretária, e do meu ponto de vista não foi respondido,
Vereador - de quantas vagas havia antes na escola infantil e quantas vagas nós
temos agora. Segundo a comunidade dos Parques dos Maias, nós estamos tendo uma
diminuição de oferta para a comunidade, até porque a escola infantil prevê
programa de atendimento em tempo integral. Então, nos preocupa sobremaneira
essa questão.
No dia 16 de março, estivemos na comunidade, numa Assembléia Geral,
onde uma péssima atitude do representante do CAR-Norte em nenhum momento atuou
no sentido de conciliação entre as comunidades e de busca de solução, mas jogou
uma comunidade contra a outra naquela discussão. Parece-me que essa não é uma
política adequada do administrador público e nós devemos, com democracia e com
transparência, buscar soluções.
Para concluir, Sr. Presidente, a Comissão de Educação da Câmara de
Vereadores ontem propôs "n" soluções para a Secretaria Municipal de
Educação. A primeira delas - uma sugestão que fiz - é de que voltássemos à
situação anterior. Nenhuma modificação que envolve comunidade pode ser feita à
força e, portanto, devolver as quatro salas de aula para o João Satte, o
programa de educação pré-escolar que tinha o João Satte anteriormente e
garantir, a partir de agora - porque o leite já está derramado -, o atendimento
na escola infantil de acordo com os critérios anteriormente definidos é a
proposta que fizemos ao Secretário.
A primeira questão, senhores representantes do Governo: democracia e
transparência, porque as comunidades não estão sendo ouvidas e não é assim que
se constrói a gestão da escola pública. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João
Dib em Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, recebi ontem, em mãos, um documento que foi lido a S. Exa. o
Prefeito Tarso Genro e sei que alguns Vereadores também o receberam. É sobre o
famoso Orçamento Participativo, que - desta tribuna, tantas vezes tenho dito -
é um embuste para a Cidade. Esse documento foi lido para o Prefeito na presença
de mais de seiscentas ou setecentas pessoas. É uma "Carta Aberta ao Fórum
do Orçamento Participativo da Região 07 - Grande Partenon".
(Lê.)
"Todos os anos, a Administração vem até as regiões fazer as
'prestações de contas' para a população. Trouxas de nós." - dizem eles -
"Todo o mundo pensa que nossa Administração (a Prefeitura) está prestando
contas de 100% da receita e despesas da Cidade. Mentira! Somente nos prestam
contas de minguados 10%; e os outros 90%, onde a Prefeitura gasta? A não ser
que os 90% não prestados contas sejam para distribuir pela Cidade, como, por
exemplo, dar 8 mil dólares para a procissão de Sexta-Feira Santa, no morro da
Cruz, sem discussão no Conselho do Orçamento Municipal e nem na região, com o
Fórum de Delegados, ou também para realizar 'negociações' com a Câmara de
Vereadores..." - eu devo dizer que a Câmara Municipal não negocia com S.
Exa. o Sr. Prefeito; a Câmara atende, se for interesse da Cidade, e rejeita, se
não for interesse da Cidade; não há negociações no termo que foi apresentado ao
Sr. Prefeito e ele não defendeu a Câmara - "...e fazer obras sem passar
pelas discussões do Orçamento Participativo e também pelo Fórum de Delegados
das regiões. O Sr. Prefeito vem dando muitos 'canetaços' pela Cidade, sem
discutir com o Conselho do Orçamento Participativo e também com os Fóruns de
Delegados das regiões."
Na realidade, nesses 90% que estão aqui está o gasto com o pessoal e de
dívidas que a Prefeitura tem, além do contrato de um milhões de dólares com a
Empresa Trama para fazer publicidade da Prefeitura no horário nobre, num prazo
de doze meses. A Trama ganhou novamente a realização das propagandas da
Prefeitura. Eles continuam falando sobre a descentralização da cultura: "O
eixo leste da Cidade de Porto Alegre, que inclui as regiões da Lomba do
Pinheiro, Leste e Partenon, está fora do plano. Pergunta: nós, do Partenon, não
sabemos o que é cultura? Talvez. É por isso que votamos, com o maior índice da
Capital - 67% -, em Tarso Genro."
Mais adiante, sobre cargos de confiança do Prefeito: "Queremos
colocar aqui o trabalho negativo que estes 'cargos de confiança' vêm causando à
população da região e também um documento por escrito do Prefeito com o
seguinte retorno: qual é a função, na Administração, dos cargos de confiança do
Prefeito que moram na Região 07, pois o Sr. ... (Fulano), quando participa das
reuniões da região, não tem critérios para fazer suas colocações, que acabam criando
confusões, tumultos, etc, que acabam confundindo a cabeça das pessoas
informadas que participam das reuniões em que se busca uma solução para
problemas muitas vezes emergenciais. Isto sem falar nos desfiles que o mesmo
anda fazendo pelas obras da região como uma perfeita vedete."
Vou fazer um Pedido de Informações, porque o Prefeito, na forma da lei,
tem que responder, pois eu não sei para que servem os cargos de confiança.
Por outro lado, continuando a leitura: "O problema mais grave que
o Sr. ... (outro CC) causou aqui, no Partenon, foi quando, em plena discussão
do Orçamento/94, esse cidadão fez uma armação para tentar mudar a
hierarquização das obras feitas pelo Fórum de Delegados da Região 07. O mais
grave ainda é que o mesmo contou com uma ajuda extra de alguns setores da
Administração Municipal para tentar fazer esta maracutaia." Cita os nomes
dos envolvidos. "Este tipo de postura é que acaba apodrecendo o serviço
público, as administrações, secretarias, departamentos e pessoas. No nosso
caso, acaba colocando em dúvida um processo tão rico como o Orçamento
Participativo, que, em nossa região, sempre foi feito com discussões claras,
democráticas e transparentes."
As discussões podem ter sido democráticas, mas as execuções não têm
sido. Aí o Prefeito permite que alguém diga que ele negocia com a Câmara. Não é
verdade. A Câmara representa os interesses de toda uma população e vai,
evidentemente, sempre ouvir todos os lados para definir e colocar suas
posições. Portanto, o que esse documento, entregue em mãos e assinado, diz é
que a Administração presta conta daquilo que interessa, e no Orçamento
Participativo, através de assessores seus, conduz a população para aquilo que
lhe interessa, e não é o que interessa à coletividade como um todo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt
está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, há cerca de quinze dias atrás, não apenas registrei como protestei
contra a atitude da Secretaria Municipal de Obras e Viação, a SMOV,
interditando a construção do posto de saúde do Jardim Coínma, no Jardim Itú
Sabará, sob a alegada inexistência de processo formal encaminhado dentro da
SMOV. Eu frisaria aqui que, evidentemente, não há que contestar a exigência por
parte da SMOV quanto ao processo. O que estranhava é que todos nós sabemos que,
com as dimensões e o tamanho da Cidade de Porto Alegre e o número de fiscais
existentes na SMOV, é evidente que sempre é difícil termos uma fiscalização
global de todas as obras.
Pela própria legislação vigente, quando a SMOV flagrar uma obra
irregular, ela primeiro apresenta um ato de infração. Há um prazo de defesa.
Posteriormente, há uma modificação, um novo prazo de defesa, e, a partir daí,
eventualmente, haverá a interdição, propriamente dita, da obra. Curiosamente, a
SMOV, naquela ocasião, fez a interdição em menos de vinte e quatro horas,
prejudicando não a Direção da Associação Comunitária do Jardim Coínma, que,
depois de oito anos de luta, havia alcançado o seu objetivo, inclusive com a
minha participação pessoal, mas prejudicando, evidentemente, a população de
toda aquela região da Zona Norte da Cidade de Porto Alegre, que irá,
eventualmente, usar o serviço do posto saúde. Fizemos todo um acompanhamento do
processo e quero aqui ratificar: acho que, em algum momento, houve má fé, houve
má vontade em relação à obra.
Conseguimos, com longas conversas com o Secretário Estilac Xavier,
titular da SMOV, convencê-lo de que era importante aquela obra e de que era
possível fazermos a liberação dentro de determinados quesitos atendidos, o que,
de fato, foi feito, tanto que eu quero registrar aqui - agradecendo, ao mesmo
tempo, a compreensão do Secretário, embora tardia, embora difícil - que o posto
de saúde do Coínma foi liberado em sua construção na semana passada. E eu tive
o prazer de receber, agora à tarde, um telefonema do Presidente da Associação
Comunitária querendo combinar, já, a data de inauguração do posto, o que
significa que, realmente, a obra está chegando ao fim. Espero que o mau tempo
não nos atrapalhe muito, e a gente vai poder entregar uma obra a uma comunidade
de Porto Alegre, exatamente uma comunidade carente. Faço, portanto, esse
registro em relação a uma denúncia que havíamos feito aqui, na semana passada.
Quero aproveitar a minha intervenção para, ao mesmo tempo, parabenizar
a mesma Secretaria de Obras e Viação. Quero dizer que me surpreendi
positivamente com a obra de asfaltamento de toda a Av. Cristóvão Colombo, que
sai da Plínio Brasil Milano até o trecho que cruza com a Benjamin Constant. Era
o trechinho que faltava ser feito, Ver. Dib, onde nós tínhamos o maior número
de acidentes. Era o trecho mais perigoso da Cristóvão Colombo, até porque o
restante está praticamente todo asfaltado. A Cristóvão Colombo, do antigo
Cinema Astor até o Centro, está inteiramente asfaltada, e acho que o
ex-Prefeito sabe disso muito bem.
Eu queria chamar a atenção para o seguinte: esse trecho entre a Plínio
Brasil Milano e a Benjamin Constant é um trecho que cruza quatro ou cinco
grandes artérias num movimento extremamente grande. A própria Av. Cristóvão
Colombo, nesse trecho, tem muito movimento; ela é toda cheia de altos e baixos,
ela tinha calçamento irregular, de paralelepípedos. Inclusive, no trecho
próximo à D. Pedro II, em direção à Vila do IAPI, em direção ao Cemitério São
João, ela era precariamente calçada, resultado de uma obra antiga, não me
lembro mais se da CEEE ou do próprio DMAE, que havia aberto uma buraqueira ao
longo da avenida sem nunca ter consertado isso corretamente. Isso dificultava o
trânsito nessa área. E nós temos, agora, não apenas um asfaltamento como, às
vezes, a gente costuma ver, de "quebra-galho" - uma pequena colocação
de asfalto para diminuir a trepidação de veículo, ou coisa desse tipo, ou
ajudar na freagem do veículo -, mas temos um serviço extremamente bem feito. A
capa asfáltica é bastante densa. Ela está extremamente bem acabada. O
acostamento foi feito de maneira a permitir escorrer a água. Não teremos poças
de água nessas áreas de cruzamento. Vi um único problema e que gostaria de
registrar, porque, talvez, a SMOV possa corrigi-lo rapidamente porque é muito
simples a correção: no cruzamento da Cristóvão com a D. Pedro II, a parte da
Cristóvão Colombo ficou muito mais alta do que a Av. D. Pedro II e salta
novamente quando retoma a pista, agora recapada, da Cristóvão Colombo.
Evidentemente que a tirada de um pedaço do asfalto da parte mais alta vai
colocar o cruzamento no nível semelhante e vai resolver o problema, mas acho
que é muito importante porque, certamente, a Cidade vai ganhar em diminuição de
custo, de despesas, de evitar-se um choque de veículos, uma batida, o arranque
mais rápido, quando o sinal abre, enfim, uma série de coisas que o trânsito da
Cidade, todos os dias, nos apresenta, que faz gastar gasolina, perder-se tempo,
que faz as pessoas se irritarem. Evidentemente, irá ser extremamente minorada
com essa obra em relação à Cristóvão Colombo.
Portanto, fica aqui o meu registro e os meus parabéns à Direção, ao
Secretário e aos titulares da equipe da SMOV, que realmente fizeram um trabalho
de alta qualidade, e espero, apenas, essa correção em relação à D. Pedro II
porque, realmente, é o mínimo de acabamento que irá deixar o cruzamento bem
feito. E com isso ganha a Cidade de Porto Alegre em segurança, e acho que essa
é a nossa preocupação. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Anunciamos uma nova Emenda,
de nº 18, ao Projeto da FESC, de autoria do Ver. Jair Soares.
Liderança com o PT. Com a palavra,
o Ver. João Verle.
O SR. JOÃO VERLE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, hoje a nossa Sessão tem um único projeto na Ordem do Dia, que é a
discussão da reestruturação da FESC, visando a adequar o Município a um melhor
serviço de assistência social.
Nós temos nas galerias um grande número de pessoas que vieram
acompanhar essa discussão e, em atenção a elas, que estão esperando a discussão
e a votação do Projeto, nós não íamos ocupar o microfone em tempo de Liderança
para contestar algumas críticas, algumas colocações que foram feitas desta
tribuna, mas, também em atenção a elas, não podemos deixar de fazer alguns
comentários sobre a questão colocada pelos Vereadores Jocelin Azambuja, Maria
do Rosário e João Dib.
Nenhum governo do Município se preocupou tanto com a criança e nem deu
a atenção que está sendo dada, é claro que ainda insuficiente, e, portanto, as
escolas infantis são prioridade do Governo e as questões que foram colocadas
serão todas oportunamente esclarecidas. Evidentemente que o tempo agora não nos
permite fazer.
Sobre a carta que leu aqui o Ver. João Dib, assinada por quatro pessoas
e lida na reunião do Orçamento Participativo de segunda-feira na região do
Partenon, que é a minha região: estavam presentes o Ver. Décio Schauren, a
Vera. Maria do Rosário, que eu me lembro, e essa manifestação é fruto da
discussão democrática, sim, e assinada por dois representantes que já estão há
quatro anos representando aquela região e é, penso, salvo melhor juízo, um
esforço de tentar se manterem como representantes - e essa discussão é
importante -, e eles estão hoje, talvez, ameaçados de serem substituídos. E
muitas das coisas que estão ditas ali não são verdadeiras. O próprio Ver. João
Dib sabe que o investimento é uma parte minoritária, infelizmente, do
Orçamento, e eu disse que nós discutimos a receita, a despesa. Acusações que
foram feitas a alguns funcionários do Governo estão examinadas, verificadas.
Sabemos que a maior parte delas não são verdadeiras. Portanto, é uma discussão
dentro desse espaço democrático e parece-me que é exemplo para outros
Municípios de como o Poder Público municipal pode e deve, penso, discutir as
questões, no dia-a-dia, do seu plano de governo, do seu Orçamento.
Quero, também, finalizando, dizer ao Ver. João Dib que o Prefeito Tarso
Genro defendeu, sim, a Câmara de Vereadores. Se a pessoa que lhe entregou esse
documento lhe disse que o Prefeito silenciou sobre essa acusação à Câmara, a
pessoa faltou com a verdade, porque o Prefeito deixou bem claro que a Câmara é
o poder último de decisão, é, enfim, quem vota, quem tem competência legal para
decidir e que o Poder Executivo se vale do mecanismo do Orçamento Participativo
para elaborar o seu Orçamento. Encaminha à Câmara e aqui ele é discutido, é
emendado, é votado e aprovado. Então, o Prefeito defendeu, sim, a Câmara. Disse
que as negociações são em alto nível. Elogiou esta Casa, e não poderia ser
diferente! Que os Vereadores aperfeiçoam, sim, o Orçamento e que as comunidades
têm que ser sensíveis a esse mecanismo, porque o Orçamento Participativo não é
o poder maior, não se sobrepõe à Câmara. É, sim, um mecanismo de auxílio ao
Executivo e também ao Legislativo para elaborar o Orçamento. Então, se alguém
lhe disse que o Prefeito não defendeu a Câmara, faltou com a verdade, porque eu
estava lá, a Vera Maria do Rosário estava lá, o Ver. Décio Schauren estava lá e
ouviram claramente o Prefeito defender esta Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 3072/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
87/93, que
dá nova redação a dispositivos da Lei nº 4308, de 13 de julho de 1977, que
autorizou o Município a instituir a Fundação Social e Comunitária (FESC),
altera denominação e atribuições da Secretaria Municipal de Saúde e Serviço
Social (SMSSS) instituída pela Lei nº 2662, de 18 de dezembro de 1963, e dá
outras providências. (Com Emendas de nºs
01 a 13 ao Projeto; Com Subemenda nº 01 à Emenda nº 08; Com Substitutivo nº 01).
Obs.: - incluíndo
na Ordem do Dia por força do artigo 81 da Lei Orgânica Municipal;
- adiada a discussão por três
Sessões.
O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria do
Ver. Jocelin Azambuja, solicitando que o PLE nº 87/93 tenha sua discussão adiada
por duas Sessões.
Em votação o Requerimento. (Pausa.) O Ver. Jocelin Azambuja está com a
palavra para encaminhar.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, este Projeto da FESC é um projeto que preocupa a todos nós. Nós
temos aí o futuro de uma plêiade de funcionários que há muitos anos atuam
dentro da FESC, temos aí o futuro das pessoas que trabalham também, da mesma
forma, dentro do MAPA, nós temos aí uma realidade que nos diz que a questão
social é uma daquelas que mais nos preocupam neste momento, e nós temos,
também, a consciência de que nada deve ser feito às pressas, até porque é por
isso que ocorrem problemas como este que eu denunciei há pouco na tribuna,
dessa irresponsabilidade cometida com a área de educação, onde duzentas crianças
estão fora das salas de aula, por profundo ato de irresponsabilidade. E posso
dizer até por falha nossa também, da Câmara de Vereadores, de termos concedido
que lá, naquela escola infantil, se criasse uma direção, uma outra
administração e tudo o mais, se criassem cargos que não deveriam ter sido
criados e que nós não deveríamos ter autorizado. Cometemos um erro grave e não
queremos agora também cometer o mesmo erro com a FESC.
Só nesse momento aí entraram, se não estou enganado, mais umas dez
emendas. Ora, parece-me que ninguém é computador aqui, ou máquina, para sentar,
sem ter ouvido a todos os envolvidos na questão, e sair votando, até porque
poderemos cometer o erro de votarmos errado, prejudicando esses funcionários, a
questão social em Porto Alegre, as crianças e os adolescentes. E os que têm
responsabilidade têm o dever de fazer isso. Com criança não se brinca, com o
futuro de uma sociedade não se brinca nem se pode ter pressa. Tem que se ter
postura correta, uma avaliação exata do que se está fazendo para que depois não
se venha dizer que não foi bem analisado, como já se ouviu dizer.
Então, Srs. Vereadores, estamos pedindo uma caminhada nesse sentido, e
também apelo à bancada do Governo porque não estou vendo a pressa, até porque
houve uma situação criada, que o Governo nos informou que era no dia 2 de abril
que os prazos venciam e que se teria de votar até o dia 30 de março. Depois
reconheceram que a informação era errada, que a votação poderia ser durante
todo o mês de abril e que o prazo final seria em 2 de junho. Se temos prazo,
nós, Vereadores, temos que ter a sensibilidade de não votar coisas no
afogadilho, na pressa, o que acredito que o Governo também deva ter. Parece-me
que o Executivo Municipal quer bem administrar esta Cidade e para tal tem que
estar bem construída uma realidade, uma posição no sentido de fazer com que a
questão passe de uma forma muito clara nesta Casa, e hoje não estou vendo esta
clareza. Hoje estou pressentindo que, se votarmos - o que faremos sob pressão
-, talvez deixaremos de fazer emendas corretas, votando-as sem a devida
consciência, e me parece muito preocupante. E se o Ver. José Valdir que está
aqui presente, que dirige a FESC hoje, tiver a consciência também do trabalho
que ele quer fazer e desenvolver lá dentro, ele deve ter também a sensibilidade
e entender que, quanto melhor for discutido, Ver. José Valdir, melhor V. Exa.
poderá desenvolver o seu trabalho como dirigente da FESC, ou como Secretário,
ou como Presidente, na função que lá lhe for confiada.
Por isso, vamos discutir com os funcionários, vamos discutir, no
fim-de-semana, dentro dos nossos partidos para melhor elaborar esta questão e,
na segunda-feira, votamos com tranqüilidade. Vamos votar com bastante
tranqüilidade para não cometermos erros e nos arrependermos depois. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D'Ávila está
com a palavra para encaminhar o Requerimento.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu não sei se esta matéria está amadurecendo realmente, porque ela
é tão complexa, que, por exemplo, numa emenda do Ver. Henrique Fontana, ele faz
uma conta de somar e subtrair e acaba dando o número 137 como o número mágico
que irá possibilitar contratações para a FESC. Pois somente a respeito dessa
emenda, Emenda nº 08, existem outras duas, uma do Ver. Jair Soares e outra da
Vera. Clênia Maranhão, que contestam esses números e que também não chegam a um
acordo sobre as contratações. E mais: no outro dia, quando discutimos esta
matéria, eu pedi a suspensão dos trabalhos para um entendimento sobre toda a
processualística da matéria. Infelizmente, por detalhes que agora não mais
importam, não foi possível. Há até paradoxos. Nós propusemos cinco Sessões de
transferência; outra vez - fomos derrotados -, três Sessões. Agora, se pedem
mais duas Sessões. Quando eu pedi a suspensão dos trabalhos e fomos para a sala
da Presidência... A minha sugestão ainda está de pé: um projetão que acabasse
sendo votado por unanimidade por este Plenário. E, de nossa parte, eu o Ver.
Milton Zuanazzi, em nome da Bancada do PDT, inclusive com a Vera. Clênia,
chegamos a marcar uma reunião para terça-feira - ontem -, dado que ia ser
votado hoje, para tentar uma composição final, que não foi possível ainda, e,
falando para o Ver. Fontana, eu, abrindo mão do meu substitutivo, outros
Vereadores abrindo mão, até, de emendas... Portanto, que se fizesse um
substitutivo geral que abrangesse todo o setor. O Ver. Fontana me respondeu que
deveriam ser em cima do Projeto as emendas e não em cima de um outro projeto.
Então, a que estamos reduzidos hoje, neste momento? A um verdadeiro
leilão. Nem eu fiz as contas: matematicamente, sobram quinze dos cento e trinta
e sete do Vereador, que estão a descobertos; a Vera. Clênia quer vinte e oito só
para as casas de passagem. Eu acho que ela tem razão. Mas aí o Ver. Jair Soares
acha que são oitenta e nove; o Ver. Fontana acha que são cento e trinta e sete.
Nós não estamos amadurecidos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Essa é que é a
verdade! Eu e a Bancada do PDT até
queríamos votar hoje o Projeto, mas, diante de que não há ainda uma
uniformidade geral, só de algumas coisas... Nós já estamos entendidos, mas não
sobre todas as coisas. A nossa responsabilidade é grande. Agora mesmo, ali
fora, com os próprios funcionários, fizemos contas de somar, de diminuir, para
dar uma medida exata à FESC e não fazer hemorrágicas contradições, política de
contratações em época pré-eleitoral. A presença do Ver. José Valdir, aqui, ela
é constrangedora, porque, cada vez que vai se votar, ele assume - parece que
ele vai salvar a pátria. Aliás, ele tem prejudicado o sucesso desta votação
porque ele tem, inclusive, punido funcionário que vem aqui. Eu recebi, hoje, um
telefonema de uma funcionária do PDT que foi punida pelo Ver. José Valdir
porque esteve aqui na outra votação.
O Sr. José Gomes: Funcionária do PDT, da
FESC?
O SR. NEREU D'ÁVILA: É proibido, lá na FESC, ter
partido.
(Tumulto no
Plenário.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa suspende a Sessão
por alguns minutos.
(Suspendem-se os
trabalhos às 16h09min.)
O SR. PRESIDENTE (às 16h10min): Estão reabertos os
trabalhos.
O SR. HENRIQUE FONTANA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, requeiro que o Ver. Nereu
D’Ávila retire das notas taquigráficas e dos autos da Casa algumas palavras que
ele proferiu e que estão completamente fora do decoro parlamentar, sendo ditas
antes que a Sessão fosse suspensa.
O SR. PRESIDENTE: A Sessão estava suspensa.
O SR. NEREU D' ÁVILA: De parte da Bancada do PDT,
estamos, como sempre, mantendo a ética e a lisura. O Ver. Pedro Ruas, que tem
ações na Justiça do Trabalho com relação à questão da FESC, se julgou
impossibilitado, licenciando-se, inclusive, para não constranger. Portanto,
esta é a nossa postura: somos favoráveis, hoje, ao adiamento, porque o meu
Requerimento, aquele dia, era por cinco Sessões, dando exatamente na
segunda-feira. O que eu previa aconteceu. Não queremos procrastinar. Temos
responsabilidade demostrada pela nossa conduta em Porto Alegre, mas é
exatamente por isso que eu acho que, neste momento, não há condições, sob pena
de se votarem várias emendas, ficando este contraditório em si mesmo. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Apregoamos a Emenda nº 19,
do Ver. Antonio Hohlfeldt, aposta ao PLE nº 87/93.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Gostaria que V. Exa. nos esclarecesse qual é o
número de emendas que foram apresentadas até agora.
O SR. PRESIDENTE: Foram apresentadas dezenove
emendas.
O SR. ISAAC AINHORN: Como o processo se encontra
na Ordem do Dia em vista do pedido do art. 81 e independente do pedido de
adiamento dessa matéria, que já foi encaminhado pela minha Liderança, gostaria
de indagar da Diretoria Legislativa a possibilidade de nos mandar uma planilha
definindo as emendas, porque a matéria, rigorosamente, já é complicada e, com
esse conjunto de emendas, tornou-se mais complicada ainda. Por isso, os
Vereadores poderão acabar votando o que não sabem. Seria necessária uma grade,
como já tem acontecido em algumas situações.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn,
certamente estão sendo distribuídas cópias dessas emendas a todos os Vereadores
e, independente dessas cópias, acredito que o parecer a essas emendas dependerá
do Plenário.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, o art. 81 não
tem parecer. Vai-se direto à votação. Agora V. Exa. compreende o meu drama,
como legislador, tendo que votar essa matéria.
O SR. PRESIDENTE: Correto. Estão sendo
distribuídas cópias dessas emendas aos Srs. Vereadores. Se faltar alguma, V.
Exa. procure para que tenha todas, para votar com muita consciência, como V.
Exa. faz sempre.
O SR. ISAAC AINHORN: Como são dezenove emendas, o
ideal seria a distribuição da grade, como sempre foi feito pela Mesa e pela
Presidência, para facilitar o processo de votação. Parece que estão querendo
tumultuar para votar hoje.
O SR. PRESIDENTE: Temos quatorze emendas
previamente distribuídas. Hoje, temos apenas cinco. Isto é para que o Vereador
que não está acompanhando o processo legislativo saiba disso. Não podemos procrastinar
mais este processo através de pedidos de Questão de Ordem, como foi feito.
Com a palavra, o Ver. João Dib para encaminhar o Requerimento
solicitando o adiamento da discussão do PLE nº
87/93.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quase que desta tribuna formulava uma Questão de Ordem, tentando
colocar ordem na questão, porque as Questões de Ordem aqui formuladas parece
que são no sentido de levar mais tempo a discussão. Com a mesma serenidade, com
a mesma tranqüilidade que há alguns dias assomei a esta tribuna e disse que
isso deveria ser votado até no mês de junho, depois passei a estudar com a
minha Assessoria, com a mesma tranqüilidade. Estudei as quatorze emendas - hoje
são dezenove. E já está havendo tumulto em torno das dezenove. Se deixarmos por
mais tempo, vamos ter trinta e nove, porque é normal, humano, que, de repente,
cada um queira apresentar uma nova emenda.
O processo tem dois momentos. No ano passado, conseguimos não
deixar votar. Num outro momento, neste
ano, procuramos mais informes, esclarecimentos e conseguimos. Agora é chegado o
momento de votar, senão vamos ter muito mais emendas, mais dificuldades, até,
de examinar as emendas, ver qual anula qual, qual pode ser aprovada, qual não
pode ser aprovada. E os próprios interessados estão procurando,
permanentemente, buscar uma solução definitiva para o problema. Acho que todas
as dificuldades que pudessem ser apontadas já foram transformadas em emendas. É
claro que não sabemos ainda se elas serão absolutamente constitucionais ou não.
Nós vamos aprovar, o Prefeito vai examinar com a sua Assessoria. Nós vamos
chegar a uma conclusão. Quanto mais tempo nós levarmos, estaremos prejudicando
a Cidade e o serviço da FESC. Há uma intranqüilidade generalizada, e há emendas
suficientes para que se tenha um projeto que atenda a todos os interesses.
Eu pretendia fazer uma proposta de alteração salarial para o Gerente de
Unidade, para que houvesse isonomia, mas a Vera. Clênia Maranhão já tem uma
emenda nesse sentido, mais drástica do que aquilo que eu pretendia. Acho que
vamos chegar a conclusões corretas.
O Projeto deve começar sua discussão imediatamente. Todos os Vereadores
terão oportunidade de falar e aprimorá-lo enquanto debatemos. Se nós sairmos
sem a discussão, nós vamos fazer emendas que não sabemos nem o que aconteceu.
Já estão preocupados porque são quatorze, e a maioria não leu. Agora são
dezenove. O melhor é iniciar imediatamente a discussão dessa matéria para que
os Vereadores coloquem as suas posições sem atritos, com a serenidade que deve
ter um debate que interessa à coletividade, dos que trabalham no MAPA, na FESC
e na Prefeitura, e à coletividade que é atendida. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Henrique Fontana
está com a palavra para encaminhar o Requerimento.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, servidores da Prefeitura e comunidade que está aqui presente.
Nós entendemos, da mesma forma que o Ver. João Dib, que este Projeto
vem sendo discutido há bastante tempo na Casa. Nós encontramos nesta Casa
diversas sugestões de melhoria para este Projeto. Ao longo desse período, nós
recebemos a pressão legítima dos servidores do MAPA, da FESC, das comunidades,
de todas as demandas que a sociedade de Porto Alegre trouxe a esta Casa, a nós,
para que o Projeto fosse melhorado.
Este Projeto passou por um grande processo de negociação. Sou obrigado
a dizer que alguns Vereadores, efetivamente, não se dispuseram a iniciar essas
negociações no momento em que elas aconteciam e por isso agora, quando estamos
- a maioria do Plenário - maduros para votar o tema, discutir cada uma das
emendas, encontrar o melhor para Porto Alegre... Porque esse é o desafio. O
projeto que será votado aqui hoje não é um projeto do Governo Municipal, do Governo
do PT. É um projeto que tem emendas, é
um projeto onde está representada a vontade de toda a Cidade, é um projeto onde
existem modificações importantes que foram trazidas pela pressão legítima de
diferentes setores da sociedade.
Quero fazer uma ressalva importante para os senhores que estão
acompanhando a Sessão hoje e que não acompanham em cada detalhe as negociações
que acontecem nesta Casa, porque atrás daquela parede acontecem muitas
negociações. Não se pode chegar aqui e fazer o que fez o Ver. Nereu D'Ávila:
dizer que estamos perdidos nos números, dizer que o Ver. Henrique Fontana fala
em cento e trinta e sete, dizer que o Ver. Jair Soares fala em oitenta e nove,
como se isso aqui fosse um leilão, como se as pessoas não soubessem de onde
saíram os números. Não! Nós sabemos, sim, de onde saíram os números. Há
divergência? Há. E nós estamos debatendo e tentando chegar a um acordo.
O número 137 - quero esclarecer a todos os senhores e a todos os
Vereadores - saiu da seguinte conta: nós estamos aprovando aqui um novo quadro
para a FESC, para a nova FESC, que passará a existir e tratará dos temas da
educação comunitária, da ação comunitária e da assistência social. Esse novo
quadro tem um número de funcionários, e ninguém aqui está contestando esse número
porque sabe que ele está bem calculado para exercer o papel que a FESC terá com
os novos equipamentos que serão incorporados, com os equipamentos que vêm do
MAPA para a gestão unificada neste órgão único e com os equipamentos atualmente
gerenciados e tocados pela FESC. Então, esse é o número do chamado quadro
efetivo da nova FESC. Desse quadro
efetivo, diminui-se o quadro dos servidores da FESC que passarão para o chamado
quadro em extinção; daí, diminui-se o número de funcionários que são da SMSSS
atualmente, da Secretaria da Saúde, e que prestam serviço na área de
assistência social, em diversos locais - por exemplo, no Albergue Bom Jesus.
Diminui-se também daqui, e, por isso, o número do Ver. Jair Soares é diferente
do número do Ver. Henrique Fontana, porque o número 137 era anterior à
negociação legítima estabelecida nesta Casa, com a pressão legítima dos
funcionários para que se encontrasse uma alternativa para o MAPA. Nós, do
Governo Municipal, estamos de acordo com a busca dessa alternativa e buscamos,
de todas as maneiras, junto com as outras bancadas que queriam negociar, e
encontramos uma solução, uma solução juridicamente aceitável, que os
funcionários do MAPA aceitaram e que a maioria desta Casa aceitou. E aí, dos
cento e trinta e sete, diminuem-se mais quarenta e oito cargos para contratação
emergencial de apenas um ano. É isso que estamos discutindo. Não estamos
falando do quadro efetivo, que já está aprovado pela maioria dos Vereadores que
se posicionaram. Então, cento e trinta e sete, menos quarenta e oito é igual a
oitenta e nove. Portanto, esse não é um número mágico.
O meu pedido a todos os Vereadores é que nós discutamos a matéria hoje,
façamos mais emendas, se necessário; levemos a negociação mais adiante. Nós, em
nome da bancada do Governo, estamos dizendo que achamos legítima a pressão de
todos os interessados neste Projeto, mesmo porque não há nenhum projeto que
seja votado nesta Casa que não seja de interesse da Cidade. Portanto, a
população tem o direito de vir aqui reivindicar e colocar suas posições. Agora:
o que nós não podemos aceitar é que se atrase a votação pela simples vontade de
atrasar. Para nós, alguns Vereadores - são minoria, felizmente - estão com essa
postura política. Nós queremos resolver esse problema hoje, para o bem da
Cidade e para o bem de todos nós. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os
encaminhamentos. A votação será nominal por solicitação do Ver. Jocelin
Azambuja. (Após a chamada.) REJEITADO
o Requerimento de adiantamento da discussão do PLE nº 87/93 por 11 votos SIM, 19 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
Em discussão o PLE nº 87/93. O Ver. Nereu D' Ávila está com a palavra
para discutir.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o sumário explicativo do Projeto de Lei da FESC, assinado pelo
próprio José Valdir, na introdução diz o seguinte: o Projeto de Lei do
Executivo nº 87/93 incide sobre duas questões básicas: a - a instituição do
regime jurídico único; b - a centralização dos equipamentos e serviços de assistência
social na FESC e sua ampliação mínima para fazer frente à crescente demanda.
Bom, diante desses dois objetivos, nós cremos que a instituição do
regime jurídico único da FESC está atrasado três anos e meio. A Lei
Complementar nº 233, de outubro de 1991, assinada pelo ex-Prefeito Olívio
Dutra, dá trinta dias, ou dava, para que todos os celetistas da Administração
Centralizada ou autárquica fizessem a sua
passagem para o regime único. Todos o fizeram, menos a FESC.
Já havia, na Constituição de 88, se esclarecido mais a situação
fundacional da FESC: se era apenas uma entidade de Direito Público ou era uma
entidade que recebia até do Poder Público. Nesse passo, a documentação que
acompanhou o Projeto é correta, no nosso entendimento. Foi um parecer do Dr. Almir
do Couto e Silva e o outro parecer da Procuradoria Geral do Estado. O que dizem
esses dois pareceres? Dizem que, à luz da Constituição de 88, não há dúvida de
que a FESC é, até esse momento, uma fundação de Direito Privado, e não de
Direito Público. Somente uma lei constituirá essa passagem de Direito Privado
para Direito Público. Nesse compasso, e com esse atraso de três anos e meio, é
óbvio que esta parte do Projeto é correta.
Essa é a razão do nosso Substitutivo, porque nós queremos, exatamente,
que a FESC se equipare às Autarquias, sendo de Direito Público - é o que o
Projeto recomenda na sua primeira parte. Como o próprio Ver. José Valdir disse,
ele tem dois grandes objetivos: a instituição do regime jurídico único e a
centralização dos equipamentos. Então, o nosso Substitutivo tira do Projeto e
mantém os sete primeiros artigos do Projeto, onde se passa a FESC de Direito
Privado para Direito Público. Com isso, atende dispositivos da Constituição de
88. Só que, na outra parte do Projeto, vem a parte política que, inclusive,
cria um quadro em extinção, colocando no arquivo morto os duzentos e vinte e
quatro funcionários da FESC, dando-lhes apenas o direito, que é de qualquer
cidadão brasileiro e não só dos duzentos e quarenta e quatro da FESC, ao concurso
público. Não faz, portanto, nenhuma concessão aos funcionários, muitos - porque
a FESC tem dezessete anos - com quinze, dezesseis ou dezessete anos de serviço
lá. Não faz nenhuma concessão que nós não fazemos no Substitutivo, como, por
exemplo, considerar o que diz o parágrafo 1º do art. 19 das Disposições
Constitucionais Transitórias da Constituição de 88, para todos os brasileiros,
e que a Direção da FESC não se preocupou em colocar no Projeto. Não se
preocupou com os funcionários da FESC.
O que diz o art. 19? Diz que ao servidor público que à data da
Constituição - 5 de outubro de 1988 - estivesse com cinco anos continuados de
qualquer serviço público - contrato, CC, a qualquer título precário - seria
concedida a estabilidade. E o parágrafo 1º desse art. 19 dá o direito, por
concurso público, à estabilidade, coisa que, se a FESC tivesse se preocupado
com os seus duzentos e quarenta e quatro funcionários, teria sido colocada no
Projeto. Não o fez. Por quê? Porque quer trazer, em primeiro lugar, os funcionários
do MAPA. Ou queria, mas sem dizer como. Agora é que houve uma emenda colocando
como cedido. Essa emenda é de hoje e este Projeto está desde o fim do ano
passado aqui. Só agora é que foram contemplados os do MAPA. Então, trazer os
servidores do MAPA e os do Serviço Social da Secretaria da Saúde. E mais:
queriam, inicialmente, antes da emenda do Ver. Henrique Fontana, contratar -
não diziam quantos -, até 1º de junho, é óbvio, para garantir o inchaço,
naturalmente, dos companheiros do PT lá na FESC. Mas como nós,
responsavelmente, tínhamos colocado puramente este Projeto sobre cautela,
apesar de, sucessivamente, se assumir aqui - estranhamente, o Presidente que se
licencia, que se exonera e vem aqui e assume como Vereador -, apesar disso,
nós, responsavelmente, trouxemos à discussão de tal forma séria, que a última
transferência foi por causa de uma reunião com o Conselho Regional de
Assistência Social com a Vera. Clênia, Vera. Maria do Rosário e este Vereador.
Aí se vê um outro defeito congênito e monstruoso deste Projeto: quer
a unificação da assistência social e
desconsiderou o Conselho Regional de Assistência, porque não incluiu nada, no
processo, das opiniões daquele Conselho. Então, a segunda parte do Projeto é
política: é inchar, é colocar companheiros, apaniguados. Era, porque aí o PT se
"antenou" e viu que, daquele jeito... Não é à toa que estão ali
sempre juntinhos; faz meses que o Ver. Fontana está junto de todos. Nem assim
seria aprovado, se não houvesse emendas acautelatórias. E uma delas vem do
próprio Ver. Henrique Fontana. Agora o Ver. Jair Soares já ceifou. Primeiro era
livre, era copa livre, contrata quem quiser. Depois, como era monstro demais
para passar aqui, aos nossos olhos, as emendas vieram do próprio lado. O
reconhecimento da monstruosidade veio com as emendas e não com o Ver. Fontana,
limitando em cento e setenta e três, e agora já concordando com o Ver. Jair,
senão o Projeto não teria o voto do Ver. Jair, concordando em setenta e nove.
Existe uma da Vera. Clênia, que acho que vamos nos inclinar por ela,
colocando em vinte e oito, porque passou a época do "trenzinho" no
Brasil. Então, por isso que o Substitutivo contempla que o aproveitamento não
afete os funcionários externos, nem do MAPA, que ficassem no MAPA, nem na
Secretaria da Saúde, que ficassem na Secretaria da Saúde, mas que aproveitassem
os duzentos e quarenta e quatro - por concurso, sim, mas que não deixem no
arquivo morto, como é o Projeto original, desconsiderando os funcionários da
FESC, dizendo que eram do PDS, do PDT e não sei mais de onde. Então,
arquive-se. Coloque-se no quarto escuro. Morram e aí serão substituídos. Esse
era o Projeto, porque agora, com dezenove emendas, está diferentemente visto.
Duas das emendas estão contemplando esse tipo de coisa, sendo uma de minha
autoria. Então, é por isso que nós pensamos assim. O PDT, em reunião de bancada
ontem, resolveu: eu até, em nome da não-intransigência, porque nós somos
sérios, retiraria o meu substitutivo em função de um projeto que atendesse a
todas as partes contempladas, não apenas algumas. Mas isso não foi feito.
Então, a Bancada do PDT - e não foi este Vereador que solicitou a manutenção do
Substitutivo - decidiu e vai votar a favor do Substitutivo porque entende que,
da maneira com que o Projeto foi tratado, ou seja, à base de emendas (agora
está entrando mais uma, Ver. Antonio Hohlfeldt), vai ficar uma verdadeira
colcha de retalhos.
Nós defenderemos e votaremos no Substitutivo, porque a sua filosofia é
elevar os funcionários à categoria de um quadro único. Que eles façam o serviço
que vêm fazendo há dezesseis ou dezessete anos, ou seja, mantendo a FESC.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Nereu, o Ver. Luiz
Negrinho se inscreve e cede o seu tempo a V. Exa.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Agradeço a gentileza do
Ver. Luiz Negrinho. Não sei por que a
democracia, entre aspas, do PT é infensa às opiniões contrárias. Não sei por
quê. Esses zumbidos mal-educados, safados, que não toleram as opiniões alheias.
Democracia é a lei do contraditório. Se não sabem, vão ler livro de Sociologia
Política. Eu peço muito silêncio, muito respeito, que eu vos dou. Eu peço
silêncio. Eu não vou ocupar. Agradeço ao Ver. Pedro Américo Leal a cedência do
tempo, os dez minutos, porque estava encerrando a elaboração do arcabouço do
nosso pensamento. Sr. Presidente, peço, por favor - coisa que acho que um
parlamento não precisa de favor, porque ele está aqui porque foi eleito;
ninguém caiu aqui de pára-quedas -, mas peço que tenham mais consideração,
porque atrapalha o raciocínio do Vereador.
O SR. PRESIDENTE: Mais uma vez, a Mesa pede
que se assegure a palavra ao orador. E mais: que não é possível que o orador se
dirija aos visitantes. Por outro lado, que os Vereadores do Plenário cooperem.
O SR. NEREU D'ÁVILA: Obrigado, Sr. Presidente.
Não foi de graça, porque aqui ninguém dos trinta e três ou dos que assumem como
suplente de qualquer partido, ninguém vem aqui para desconsiderar os interesses
da Cidade. Todos os que conseguem chegar aqui já trabalharam em algum lugar, já
lutaram. Ninguém chega aqui absolutamente virgem de problemas, cai aqui como
uma dádiva divina. Aqui há
responsabilidades, e esta situação de adiamento não foi protelatória
coisa nenhuma. Foi com intuito de aperfeiçoar. E eu acho e afirmo que, com
dezenove emendas - os próprios Vereadores confessam que nem leram todas -, não
sairá um bom projeto, mas vamos votá-lo hoje, não há mais como.
Então, é por isso que nós procuramos o enxugamento de algumas emendas.
Inclusive, como detectado, eu nem vou dizer
- porque não posso provar; sou advogado e sei que precisa de prova das
coisas que se afirma - que foi o PT ou que foi o Ver. José Valdir que disse que
o prazo era 12 de abril. Não vou dizer, embora com a Bancada do PTB reunida, o
PTB diga que ele chegou a falar isso. Mas não vou discutir isso, porque eu não
estava lá, não vi. Ouvi dizer apenas, mas uma coisa é certa: é que ficou o
ruído que o prazo era 12 de abril e não era. O prazo é 1º de junho. Até por
isso, Ver. Fontana, eu pediria a V.
Exa., com a seriedade com que tem tratado o assunto, que sua emenda, que afirma
que seria por um ano a questão da cedência - se for a um ano da data desta
votação, ela está equivocada, porque em 6 de abril de 95 já estariam extintos
todos os cargos... Creio que, já que temos que enfrentar isso agora, vamos
enfrentar corretamente.
A emenda que dava até 31 de dezembro a contratação, que a emenda de V. Exa. reduziu, teria que ir até 1º de junho de 95, porque de 1º de junho até 31 de dezembro deste ano toda a Administração Municipal e Estadual estará engessada pela Lei Federal dos Partidos Políticos. Não se pode nomear e nem transferir funcionários. Então, que todas essas emendas fossem feitas até 1º de junho de 95, porque em 31 de dezembro termina a vigência da lei e aí haverá seis meses para a elaboração do concurso público e todos os que estarão sem poder fazer concurso público até 31 de dezembro terão possibilidade de, nos seis primeiros meses de 95, ganharem tempo para o concurso. Aí estará se assegurando que não haja vácuo legal. Vamos nos antenar, porque nossa responsabilidade é muito grande, já que estamos com dezenove emendas para colocar no Projeto.
Se o Substituto a ser votado for derrotado, votaríamos contra o
Projeto. Se, por ventura, o Projeto for aprovado pelos demais Vereadores, nós,
com toda a responsabilidade, aprovaremos, inclusive, a sua emenda e as demais,
que aperfeiçoarão o Projeto V. Exa. contemplou o SIMPA e deixou de fora o
Senalba, que é o sindicato que os representa. Então, apresentei uma subemenda à
vossa emenda, caso o nosso substituto seja derrotado. Se o Projeto for
aprovado, peço, em nome da democratização e da completa abertura do Projeto,
que aceitem essa subemenda, que é corretiva. Solicito à Liderança do PT que
aceite a subemenda para que façam concurso público até junho de 1995, senão, em
31 de dezembro, esgotar-se-ão os contratos, as cedências e outras tantas
emendas que serão aprovadas.
O Sr. Henrique Fontana: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Acatamos a segunda sugestão de V. Exa. Achamos que a
ampliação da Comissão que vai analisar a seleção pública é ótima. Sobre a
questão legal, temos a convicção que não haverá buraco negro. Estamos
providenciando o estudo de sua sugestão. Voltaremos à tribuna para nos
pronunciarmos a esse respeito.
O SR. NEREU D'ÁVILA: No contrato original se
pretendia fazer por dois anos o contrato excepcional. V. Exa. concordou que
fosse reduzido para um ano, só que esse um ano não está claro se é um ano da
data de hoje ou se é um ano da vigência da lei eleitoral - 1º de junho -, porque
até 31 de dezembro deste ano tudo pára. Só poderá sair concurso público no ano
que vem. Que se deixe todos esses funcionários até o ano que vem para que façam
o concurso no período que estou defendendo. É uma providência para que ninguém
caia no buraco negro.
Agradeço a todos os visitantes que democraticamente ouviram nossa
manifestação contrária às suas convicções. Naturalmente aos meus pares não
preciso agradecer, pois estou acostumado a discutir, às vezes, asperamente, mas
sempre em função das nossas convicções, nunca querendo desmerecer as suas
idéias. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Pedro Américo Leal
está com a palavra para discutir o PLE nº 87/93.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exmo. Vereador Presidente
da Sessão, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras e todos que aqui nos dão atenção.
É um projeto importante e complexo. Como transitei em minha vida pelas áreas da
educação física e da psicologia, senti-me na obrigação de visitar
inopinadamente um centro comunitário para trazer aqui, aos meus companheiros
que vão votar, algumas observações. Não tenho, absolutamente, intuito de
modificar votos; apenas dar uma contribuição. Número de funcionários;
contratos, cedências; aproveitamentos; condições de exames; títulos que poderiam
ser creditados àqueles que já são, no concurso que vão enfrentar, com idade
ultrapassada, aqueles que se apresentam
preparados, novinhos, para disputar com eles; são coisas que não colocarei aqui
aos meus companheiros antes de enfrentarem as dezenove ou vinte emendas que
estão sobre a mesa. O projeto que é massudo é muito bem elaborado.
Todavia, vejam bem, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, este Projeto é
tão importante que manipula, mexe; ele até tenta conciliar elementos com que
todas as sociedades do mundo estão preocupadas: a assistência social e o
serviço social. V. Exa., ilustre Vereador na Presidência, "ora vejam
só", acena com a cabeça mostrando que tem essa consciência. Este Projeto
busca criar um órgão que consiga açambarcar as duas coisas e fazê-las viver
juntas. Com esse intuito é que passei durante uma manhã por um centro
comunitário, que não vou nominar por uma questão de elegância, e perguntei,
examinei com os olhos de profissional de educação física e de psicólogo, o que
poderia trazer para meus companheiros como contribuição. Acho difícil, muito
difícil, Srs. Vereadores do PT; eu não estou absolutamente inebriado pela
euforia do Vereador do PDT que me antecedeu na tribuna. Mas a política de
assistência social visa definir competência. Quem vai me garantir que durante o
dia, pela manhã e à tarde, V. Exas. conseguirão com que crianças do bairro de
classe média baixa possam conviver com os menores de rua? É difícil.
Eu tive a resposta, Exmo. Presidente desta Sessão, Ver. Airto
Ferronato, pelo "deserto" que encontrei no centro comunitário que
visitei inopinadamente. Ao mesmo tempo
vislumbrava a conduta dos meninos de rua. Eles têm culpa? Não. Este é o
problema? Sim. É o maior problema, o problema da delinqüência? Resta perguntar:
o problema da assistência social é mais importante que o serviço social? Acho
que é, mas daí? V. Exa. têm a fórmula? Eu não tenho.
Fazer conviver serviço social com assistência social num mesmo centro
comunitário, simultaneamente; V. Exas. vão ter que me provar. Optem!
transformem os centros comunitários em assistência social, como vinha muito
bem, ou em serviço social, mas as duas coisas ao mesmo tempo! Não digam que
seja, praticamente, impossível de conciliar. Mas é muito filigranática a
convivência de jovens que descambaram para o vício, para a educação de rua, que
não é educação, mas deseducação, e eles, de repente, transitarem ao lado de
crianças, até de cidadãos da terceira idade que buscam os cursos que V. Exas.
estão promovendo e com muito proveito. As duas coisas ao mesmo tempo? Acho
muito difícil.
Vi, meus colegas Vereadores, no centro em que fui, um deserto: abri uma
sala e vi garotos de rua deitados, jogados ao chão, assistindo a programas de
televisão, ociosos em plena manhã. Mais adiante, em um curso para coureiros,
suponho, meninos fazendo bolsas com retalhos de couro. Achei magnífico! Seis ou
oito mocinhos fazendo coisas úteis para vender. Mais nada! Um deserto: um
centro comunitário amplo sem ninguém. Ali estava a resposta. E o PT, que se diz
bem intencionado - e acredito que seja, porque ninguém pode fazer governo de
coletividade mal-intencionado. Pois nunca encontrei, durante minha vivência
parlamentar, um homem mal-intencionado, mas sim ignorante ou despreparado.
Alguém querendo fazer o mal, por sadismo, não encontrei! Apelo ao PT: traga-me,
na tribuna, durante a discussão de hoje, uma resposta a estas indagações. Não
posso acreditar que S. Exas. imaginem fazer conviver, dentro de um centro
comunitário, estes dois universos. O universo do bairro, que vinha vivendo
muito bem e, inopinadamente, repentinamente - simultaneamente é a palavra -,
com meninos de rua, que não tem culpa do que representam, mas são meninos de
rua.
Soube, por informação, que já tinham saído dali as crianças das
redondezas e até cidadão do bairro. Estavam sendo roubados, estavam sendo
ofendidos pela criançada da rua. Eles têm que ser reeducados; acontece que
ainda não foram. Eles não podem ser reeducados, quando ao lado se educa outro
universo. V. Exas. podem admitir que um universo pode ser reeducado num mesmo
local que um outro universo será educado? Então, Ver. Nereu D'Ávila, a minha
questão é quanto ao mérito.
Este Projeto tem que ser opcional: ou faz assistência social, ou faz
serviço social. As duas coisas eu não acredito. Se me perguntarem o que acho
que deve ser feito, digo que é a assistência social. Ela é mais importante. É o
grito do mundo. Então, vamos sacrificar o serviço social. As duas coisas,
ilustre Ver. Airto Ferronato, não! V. Exas. que vão votar emendas ao Projeto
levem em consideração a minha peregrinação, que foi pouca, mas realizada para
que V. Exas. possam votar com conteúdos de quem fez psicologia e educação
física por muitos anos e que conhece a área. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a
palavra para discutir o PLE nº 87/93.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, disse, quando encaminhei contrariamente à prorrogação da votação
deste Projeto, que, com serenidade, chegaríamos às conclusões mais corretas,
que são de interesse da comunidade e dos servidores municipais. Estou convicto
disso.
O Ver. Nereu D'Ávila, bastante entusiasmado, reclamava que eu
conversava com o Ver. Henrique Fontana e que o Ver. Fontana teria procurado
todos os Vereadores. Naquele momento em que conversava com o Ver. Henrique
Fontana, eu é que o chamara, e ele, gentilmente, atendeu. Eu tenho dito da
tribuna, muitas vezes, que o diabo sabe mais por velho do que por diabo. Vejam,
Srs. Vereadores: se tudo fosse como era antigamente, talvez não estivéssemos
aqui tão tumultuados. Foi o que eu dizia ao Ver. Fontana: quem sabe chegamos a
uma conclusão do passado para resolver o problema da FESC; talvez não cheguemos
a uma solução hoje, mas daqui a seis meses ou um ano pode ser.
Quando da extinção das Diretorias Gerais, pois era assim que funcionava
a Prefeitura, o Prefeito Leonel Brizola criou as Secretarias e lá, na criação
das Secretarias, havia a SMEA - Secretaria Municipal de Educação e Assistência.
O Pronto Socorro era atendido pelo Secretário da Educação, à época do Dr.
Tristão Viana. Pensando bem, acho que funcionou bastante bem aquilo. Depois, na
Administração de Telmo Thompson Flores, a SMEC recebeu e criou os centros
comunitários em número de dez. Pelas dificuldades de atendimento, feito pela
PUC, e renovação de contrato, criou-se a FESC, que hoje é objeto da nossa
discussão. O que eu dizia ao Ver. Henrique Fontana é que talvez a solução seja
voltar ao antigo, à sabedoria de outros que eram mais sábios do que nós. É
feita a nova fundação, criada com novos elementos, com as novas emendas, aqui
colocadas. Daqui a alguns meses, a Prefeitura transforma a FESC numa Secretaria
de Assistência. Podemos chegar lá, com tranqüilidade, porque, na verdade, o que
a FESC conseguiu fora dos recursos da Prefeitura? Praticamente nada. Eu não
tenho conhecimento de nada. Todos os recursos investidos na FESC são da
Prefeitura. Evidentemente que ela deve ter renda, mas deve ser insignificante.
O Sr. Nereu D'Ávila: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. realmente tem razão. O desenvolvimento do
raciocínio de V. Exa. considero-o lúcido e perfeito. Inclusive esqueci de dizer
isso no meu pronunciamento. A Secretaria da Assistência Social é a
reivindicação maior e última do próprio Conselho Regional de Assistência
Social. Essa é uma vontade que vem se avolumando.
O SR. JOÃO DIB: Fico contente que já haja
essa reivindicação. Já havia colocado o problema ao Ver. Henrique Fontana que,
evidentemente, surpreso pela colocação que lhe fiz na hora, não tinha condições
de dizer se isso é bom ou ruim. Ele vai pensar, como também pensarão outros.
Mas vejam V. Exas. que o que eu imaginei tem base e condições de ser realizado.
Então, na realidade, hoje é importante esse debate, porque muitas das emendas
aí colocadas conflitam com as outras e só no debate, só na discussão e que nós
vamos aprimorar o que aí está já redigido e que vai fazer com que nós tenhamos
uma solução, que poderá ser por seis meses, por um ano, mas poderá, também,
levar a uma nova solução: uma Secretaria que passe a integrar o Orçamento da
Prefeitura, tranqüila e normal, e que tenha os seus funcionários como os
funcionários da Prefeitura e que possa, até, resolver melhor essa situação que
nós estamos vivendo hoje com o MAPA e com a própria FESC.
Era isso que eu queria colocar aqui e acho que, no debate, nós vamos
chegar a um projeto razoável. Não será o excelente como nós gostaríamos, mas eu
acredito, também, que não adianta muito mais nós levarmos por mais tempo a
discussão porque nós não temos condições de fazer, agora, com que o Projeto
seja alterado. Então, eu acho que nós estamos dando um passo bastante bom, o
passo certo no sentido de uma solução que poderá ser muito melhor. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver.
José Valdir. Dez minutos para V. Exa.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, funcionários da Fundação, do MAPA, demais pessoas que acompanham
esta Sessão. A título de introdução à discussão, eu queria dizer que, pelo
menos de minha parte, de maneira nenhuma, em nenhum momento, a minha presença
nesta Casa se constituiu numa forma acintosa ou de querer constranger os
Vereadores, até porque muitos deles me conhecem. Quero dizer que estou aqui
cumprindo um dever, uma missão, já que tenho a possibilidade de assumir. Se não
assumisse, muitos Vereadores iriam estranhar: porque, justamente eu, que sou da
Administração deste Projeto, não aproveito para estar aqui, podendo assessorar,
inclusive, a nossa bancada e até prestar algum esclarecimento, que é o que eu
tenho feito nesses dias? Então, estou aqui muito mais nesta qualidade,
exercendo um direito meu, um dever, e, confesso, até com uma ponta de saudade
desta Casa. É nessa condição que eu estou aqui.
O Ver. Pedro Américo Leal disse que isso é uma matéria complexa. O Ver.
Nereu D'Ávila colocou que algumas coisas já deveriam ter sido feitas. E nós, ao
apresentarmos este Projeto, de maneira nenhuma pretendemos perfeição numa
matéria complexa, apesar de alguns pontos já terem sido discutidos há muito
tempo dentro da Fundação. Inclusive, as conseqüências, a repercussão dessa
discussão, muitas vezes vieram bater nesta Casa. Ou seja: não é a primeira vez
que se discute a FESC.
Não pretendemos, de maneira nenhuma, que um projeto que trata de uma
matéria tão complexa como essa viesse para esta Casa de forma completa e de
forma perfeita. Não temos esta presunção. Nunca tivemos a presunção de
apresentar um produto pronto a esta Casa e achar que esse produto do nosso
labor mental fosse ser, simplesmente, referendado pelos Srs. Vereadores, até
pelo respeito e pelo reconhecimento que temos da capacidade e da seriedade com
que todos os Vereadores tratam esta matéria. Foi nosso objetivo, ao apresentar
este Projeto, fazer com que fosse amplamente discutido, que sofresse emendas e
que o resultado fosse um processo de co-participação da Câmara, fosse um
processo de colaboração coletiva. Não estou dizendo isso gratuitamente. Acho
que até estou chovendo no molhado, porque, quando os Vereadores reclamaram - e
desta tribuna reconheci que com justiça fizeram a reclamação em dezembro - que o Projeto era apressado,
inclusive retiramos, aceitamos e colocamos isso da tribuna, mas lembramos que
este Projeto tem urgência em ser implementado em diversas questões. De lá para
cá, houve um amplo processo de discussão, de negociação. O Ver. Henrique
Fontana referiu muito bem: atrás dessa parede aqui há muitas negociações. Não
só hoje, nos gabinetes, nós procuramos todas as bancadas porque nós sabíamos
que não poderia ser diferente, ainda mais tratando-se de um projeto que trata
de um matéria com essa complexidade. E o resultado que para alguns pode ser um
argumento de açodamento, para nós ele já é o resultado prático de um processo
de discussão na Câmara, de debates com as bancadas, de negociação, de
transigências em muitas questões, que nós vamos construindo coletivamente nesse
processo. É uma construção coletiva. O projeto que sai daqui não é mais o
projeto que o Executivo apresentou; é um projeto do Executivo com a aprovação
desta Câmara.
Existem questões que são polêmicas. Existem muitas, e muitas delas,
nesse processo de construção coletiva, nós já superamos. Vou citar um exemplo
de uma questão que era polêmica: a de passar ou não de um quadro para o outro
sem prestar concurso público. O próprio Ver. Nereu D'Ávila veio aqui... Na
Exposição de Motivos do seu parecer, inclusive, concorda que essa é uma questão
que não tem saída do ponto de vista jurídico, porque é uma questão vencida pela
questão legal. Essa questão - temos dito para os funcionários da FESC - não se
confunde com a questão da estabilidade.
Não estamos fazendo um projeto para criar problemas aos funcionários da
FESC. Inclusive com a emenda de autoria do Ver. Jair Soares nós concordamos inteiramente.
Inclusive fizemos tramitar, naquelas discussões que tivemos com os funcionários
da FESC em dezembro, uma emenda de teor semelhante e apresentamos - temos
cópias -, garantindo a questão do emprego para todos os funcionários da
Fundação, para aqueles que ainda não o têm - parece que são em torno de
oitenta, porque os outros já possuem por uma resolução do Conselho Superior da
FESC. Isso não há problema.
A emenda que o Ver. Nereu D'Ávila... Aliás, a proposta que ele fala, de
que não contemplamos ou de que os funcionários pudessem levar para o concurso a
pontuação, o tempo trabalhado, nós também concordamos. O próprio Ver. Nereu
D'Ávila tem essa emenda no Projeto, e nós já dissemos, e estamos dizendo de
público, que somos a favor; não há problema nisso. Então, não existe nenhuma
preocupação de prejudicar ninguém com a instituição do regime jurídico único.
Nós estamos limitados a determinados limites legais que existem, como a questão
do concurso público, reconhecida pelo Ver. Nereu.
A questão dos funcionários do MAPA é uma questão que foi arduamente
trabalhada, discutida e que prova que esse processo é coletivo. Conseguimos
chegar... Não importa se foi ontem, se foi anteontem. Importa é que nós
chegamos agora, na ora da votação, aqui, com alguma coisa constituída
coletivamente, discutida internamente e construída coletivamente, que é a
emenda que o Ver. Henrique Fontana está apresentando. Então, é um problema
sanado, uma vitória nossa. Soubemos sentar, discutir, negociar. É uma vitória
de todas as bancadas. O que mais existe? Uma série de críticas, de sugestões
trazidas pelo Conselho Regional de Assistência Social. Não importa, a essas
alturas, quando eles trarão. Eu até acho que eles poderiam trazer antes, mas
também muitas delas já negociamos, acertamos. Há emenda aí para corrigir.
Uma questão, por exemplo, "en passant", aqui, que eu lembro
que foi colocada, que é a modificação do preâmbulo do Projeto, que é o seu art.
1º, que nós estávamos colocando a política de assistência social no mesmo
patamar de educação comunitária e que isso não era correto. Nós já aceitamos.
Fizemos uma emenda alternativa. Não há problemas em corrigir essa questão.
Agora: há uma questão que, de fato, temos que conciliar: nós não estamos
criando um órgão novo de assistência social. Existe um longo processo de
discussão dentro da FESC e muitos funcionários já levantaram essa questão. Nós
não podemos passar uma borracha por cima da FESC, não podemos desconhecer que a
FESC ...
O SR. PRESIDENTE: Com a anuência do Ver.
Antonio Hohlfeldt, o Ver. José Valdir tem mais dez minutos.
O SR. JOSÉ VALDIR: Eu dizia que foi um longo
processo de discussão a preocupação justa dos funcionários da FESC. Essa
instituição tem história. Os centros comunitários são uma história viva da
FESC, é onde a FESC se materializa. Os centros comunitários têm equipamentos de
educação comunitária, de esporte, lazer, recreação. Os centros comunitários são
uma multiplicidade. Têm muitas relações com assistência social, mas não são só
assistência social. Por isso é que o Projeto, de fato, procura colocar na FESC
assistência social, mas preservar a história dos centros comunitários naquilo
que eles têm de específico, que não é de assistência social.
Então, nós colocamos sempre a questão, dizendo que nós estamos, com
este Projeto, ampliando as funções da FESC, colocando mais um braço na
fundação. Nós já tínhamos um braço - a educação comunitária -, através dos
centros de comunidades, onde também se realizam ações de assistência social,
mas não é só isso. Estamos colocando outro braço à assistência social, com
funcionários especializados e com equipamentos novos. Alguns desses
equipamentos a FESC já administra, como o Albergue Bom Jesus. Então, nós
estamos ampliando a FESC. Agora: também temos que ter o cuidado de não passar
uma borracha e renegar a história da Fundação e dos centros comunitários, que
também têm as suas especificidades. Essa é a preocupação que este Projeto
procura restaurar.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Acho que as emendas vão ser as forças retificadoras
de tudo isso. Agora: confesso a V. Exa. que ainda não tive, nem de V. Exa., nem
de Vereador do PT, com quem conversei bastante, inclusive - o Ver. Fontana -,
durante muitos dias, uma explicação plausível para essa convivência. Até posso
estar errado - quem sabe, não é? Eu quero até que alguém me demostre que estou
equivocado. Agora: a convivência dentro de um centro comunitário, de
assistência social, de crianças de rua, com uma obra comunitária de serviço
social? Eu não consigo entender isso. Desejo que V. Exa. não passe por cima,
mas explique como é que isso vai ser feito ao mesmo tempo, nas mesmas áreas, os
mesmos instrutores, com os mesmos monitores, esses universos tão, senão
incompatíveis, irreconciliáveis. Vão conviver juntos como? Eu não sei como.
O SR. JOSÉ VALDIR: O Vereador coloca uma
questão que eu acho que qualifica o nosso debate. É uma questão sobre a qual
existem inúmeras apreciações e, certamente, existe uma ponta de visão
diferenciada do que é o equipamento público. Eu vou dizer o que nós entendemos
e o que estamos fazendo dentro da comunidade, sem prejuízo da sua observação,
que, eventualmente, pode ter problemas administrativos, pode haver falhas
nossas. V. Exa. pode ter ido num dia em que houve problemas, ou pode ser que
tenhamos problemas de ordem administrativa.
Existe uma outra questão, que é a questão ideológica que está por trás
disso e temos que discutir civilizadamente, cavalheirescamente, mas não podemos
fugir dela: nós entendemos que os centros de comunidade são equipamentos
públicos mantidos com o dinheiro público e eles têm que estar abertos a toda a
população. Até aí eu estou dizendo um lugar comum e, em princípio, todo o mundo
concorda com isso. Mas vamos descer à prática. A prática significa que nós não
podemos ter, dentro do centro de comunidade, alguns mecanismos de exclusão,
pois, muitas vezes, os mesmos que criticam o pessoal da vila, os meninos de rua
que estão lá dentro, colocam, e não estou dizendo que V. Exa. colocou isso ...
O Sr. Pedro Américo Leal: Eu posso adiantar a V. Exa.
que eu coloquei.
O SR. JOSÉ VALDIR: Quais são esses mecanismos
de exclusão? Por exemplo: a carteirinha, a cobrança de mensalidade. Ao
assumirmos a Fundação, acabamos com isso porque era um mecanismo de exclusão,
contrariando todas as leis, inclusive a nossa Lei Maior, que é a Constituição.
Nós achamos que os centros de comunidade são equipamentos públicos e têm que estar abertos a toda a
comunidade. E mais: nós achamos que, além disso, nós, que temos uma visão - e
aí entra a questão ideológica - de centro de comunidade, temos que ter
políticas prioritárias para determinados setores, temos que ter políticas
prioritárias diferenciadas para a questão do negro, para a questão da mulher,
para a questão dos meninos de rua, para a questão social, enfim, para todos
aqueles setores que nós chamamos do setores excluídos, de uma forma ou outra.
Nós defendemos isso e, nesse sentido, temos, dentro da comunidade, uma política
especial voltada para a questão do idoso, por exemplo.
Quando se fala que não pode haver assistência social dentro da
comunidade, ninguém lembra que o atendimento que fizemos aos idosos também é
uma forma de assistência social. Estamos fazendo um trabalho anual, que é de
mandar vários idosos para colônias de férias - isso é assistência social.
Então, no fundo, existe alguma coisa contra a presença dos meninos de rua. O
que faremos no centro comunitário com as crianças que estão em situação de
risco prevista no ECA e que não são propriamente de rua? É um trabalho
preventivo para que amanhã ou depois não se tornem meninos e meninas de rua em
baixo de viadutos, aumentando o contingente de que tanto reclamamos. Esse é um
trabalho preventivo, que pode ter falhas. Trabalhamos com a geração de renda.
Faremos trabalhos de recreação com as crianças, resgate de auto-estima. É um
trabalho dificílimo, mas que tem que ser feito para tirar os meninos da rua.
Porque para tirá-los da rua à força, mesmo que quiséssemos, o Estatuto proíbe -
e é uma lei federal.
O Sr. Décio Schauren: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Acho que é importante e ninguém está querendo
esconder que existem duas visões quanto à questão dos meninos de rua e das
crianças que hoje estão na rua e que são infratores. Há uma visão que entende
que devem ser excluídos da sociedade - e isso é uma questão ideológica - e há
outros que entendem que esses meninos têm que receber um tratamento de
reinserção social, de reeducação comunitária, devolvê-los ao convívio social, à
comunidade e à família, e essa é uma questão ideológica e também está em jogo
neste Projeto. Não podemos tentar driblar isso. É uma verdade. É uma questão
ideológica.
O SR. JOSÉ VALDIR: Eu diria o seguinte:
independente de gostarmos ou não, de termos crítica ao Estatuto da Criança e do
Adolescente, o art. 60 nos impele a fazer isso. Ele diz o seguinte: é dever da
família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida e à convivência
familiar e comunitária das crianças e adolescentes. E aí lista uma série de
como vai dar essa absoluta prioridade. Vêm, então, as famosas alíneas dos
"ps": primazias, precedências, preferências nos atendimentos. Mesmo
que não quiséssemos fazer, alguém poderia exigir que fizéssemos isso. Agora:
não significa que vamos transformar o centro comunitário num albergue. Não
existe essa possibilidade. O que estamos fazendo lá é atendimento
sócio-educativo meio aberto de que fala o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Esses outros equipamentos, com que o Vereador deve estar preocupado, são
equipamentos específicos de assistência social. Não vamos confundir os
equipamentos específicos de assistência social com os do centro comunitário. No
centro vamos fazer algumas ações de assistência social.
O SR. PRESIDENTE: Inscreve-se a Vera. Helena
Bonumá, que cede seu tempo ao Ver. José Valdir, com a anuência do Ver. Antonio
Hohlfeldt, do Ver. Henrique Fontana, do Ver. Wilton Araújo e da Vera. Maria do
Rosário.
Antes de o Vereador reiniciar, a Mesa solicita aos Srs. Vereadores que
observem o tempo de dez minutos, até porque temos, às 19h, no Plenarinho da
Câmara, uma reunião com terceiros. Havendo colaboração dos Srs. Vereadores, nós
venceremos o tempo.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não desejo complicar o trabalho de V. Exa. com meus
apartes; pelo contrário, desejo seu êxito. Agora: quero, com a pouca
experiência que colhi nessas áreas, dizer que acho difícil a conciliação. O
agrupamento de crianças de rua, como nós entendemos, é de difícil conciliação.
Quero que sejam tomadas todas as precauções, pois, para min, vai ser muito
difícil V. Exa. fazer a assistência social coincidir em algumas áreas, com
instrutores, etc., juntamente com a assistência recreativa do bairro.
O SR. JOSÉ VALDIR: Vereador, então, vou usar o
tempo da Vera. Helena, porque sua intervenção enseja uma resposta.
Há um aprendizado a ser feito, mas uma parte deste já foi feito. Se em
algumas regiões temos alguns problemas de reação da comunidade, como a da
Floresta, em outros locais a convivência é perfeitamente harmônica e bonita. Eu
poderia citar vários, porque nós temos nove centros, sendo que, em sete destes,
temos este mesmo projeto que V. Exa. refere, sem nenhum problema. Temos como
exemplo a Vila Mapa, em que as crianças convivem harmonicamente com a
comunidade, talvez porque esta tenha outras características sociais. Na Vila
Elizabete, convivem também de forma harmônica. Inclusive, muitas das lideranças
nos cobram, até aquelas que não são do meu partido, como, por exemplo, o
partido do Ver. Nereu, participando junto. Há este entrosamento talvez porque a
comunidade tenha outra característica. Poderíamos citar o CECOPEN, que tem um
trabalho excelente nesse projeto. O CEGEB, por exemplo, não tem problemas.
Então, se fôssemos pelo dado estatístico, eu até teria vantagem nessa
argumentação, porque, num determinado local, essa experiência tem esse problema
e nos outros não tem esse problema, tem tido uma convivência harmônica, mas
isso em relação a uma determinada ação que desenvolvemos no centro da
comunidade, que é o Projeto Girassol, que faz parte desse projeto do Jovem
Cidadão. Agora: assistência social não é só isso. Assistência social é uma ação
dentro do centro da comunidade onde existem equipamentos que servem muito mais
para a ação comunitária no sentido amplo e na educação comunitária. Agora: a
assistência social de que estamos falando que a FESC vai centralizar são
aqueles equipamentos especializados de assistência social, que são os
albergues, que são os abrigos especializados, como a casa de passagem, a casa
de convivência para a população adulta de rua, a casa de convivência com
equipamentos especializados apenas para atender crianças e adolescentes,
chamados meninos de rua, que foi aquele convênio assinado ontem. Quer dizer:
esses são equipamentos exclusivos, precípuos e especializados de assistência
social.
Por isso, estamos apontando no Projeto a necessidade de termos pessoal
especializado para dar atendimento nesses equipamentos especializados,
inclusive prevendo a necessidade da contratação imediata de cento e trinta e
sete concursados frente à exigência do aqui e agora. Porque nós não vamos pegar
o nosso pessoal que é funcionário da FESC e exigir que eles façam assistência
social. Eles vão fazer o que estavam fazendo antes: o trabalho no centro de
comunidade. Para os equipamentos de assistência social, temos um pessoal
especializado: assistente social, pedagogas e assim por diante. Essa é a ampliação
que vamos dar para a Fundação. Muito abrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt
está com a palavra para discutir o PLE nº 87/93.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, senhores funcionários da Fundação Educacional Social e Comunitária
e mais companheiros do movimento comunitário que aqui se encontram, são esses
projetos básicos que transformam a Câmara, periodicamente, num centro de
debates, de discussão, que eu acho extremamente importante para a Cidade de
Porto Alegre.
Sobre esse tema da FESC eu quero dizer que me sinto muito tranqüilo
para discuti-lo porque integrei, com muita honra, a equipe do então Prefeito
Thompson Flores e a equipe do então Secretário Municipal de Educação e Cultura -
Prof. Frederico Lamáquia Filho -, que foi o criador do Centro de Lazer
Comunitário, foi quem idealizou a Fundação Educacional.
Por uma dessas coincidências não programadas, em dezembro do ano
passado eu havia contatado o Prof. Frederico Lamáquia para que viesse se tornar
um Assessor do meu gabinete. Por absoluta coincidência, o Prof. Lamáquia
assumiu comigo nesta semana a Assessoria do meu gabinete. Está aqui o
ex-Secretário de Educação e Cultura, que idealizou os centros de comunidade e
que criou num nível de competência e de seriedade, que, infelizmente, o
Prefeito fez questão de ignorar e dissolver.
Quando se idealizou a FESC e os centros comunitários, nós idealizamos
junto o convênio com a PUC onde se criavam cursos de especialização, onde eu
fui um dos coordenadores na área de cultura, onde se trabalhava com educação
física, onde preparávamos profissionais para desempenhar essas funções. Mas nós
preparávamos profissionais não apenas dentro daquela formação genérica, como
dentro de uma filosofia, que seria a filosofia dos centros de comunidade.
Infelizmente, a Administração seguinte, por "n" problemas que não vêm
ao caso - nós lembramos -, preferiu romper o convênio com a PUC e passou a
contratar pessoas, buscar profissionais das mais diferentes áreas, por vezes
nem sempre qualificados, para fazerem o trabalho. Isso gerou diversos
problemas, historicamente, em todo o período em que a Fundação tem existido até
este momento, às vezes, inclusive, complicando a vida daqueles que tinham
preparo profissional explícito para trabalhar, que haviam sido treinados para
fazer esse tipo de atendimento.
Por outro lado, eu aprendi. Quero dizer a todos os companheiros da FESC, como primeiro Vereador eleito pelo PT, que eu tinha no companheiro José Valdir um líder de comunidade, extremamente duro na reivindicação, extremamente combativo, mas um militante, uma pessoa que era sempre capaz de ouvir. Ele podia vir com uma postura às vezes radical de uma posição, mas, se conseguíssemos trazer um argumento para o companheiro José Valdir, ele recuava, ouvia. E, quando se formou a primeira Bancada do PT, além de mim - porque passei seis anos sozinho nesta Casa em nome do Partido dos Trabalhadores -, se havia alguém que eu respeitava, era o Ver. José Valdir, porque ele sabia discutir. Ele vinha com convicções, tanto quanto eu, mas ele também sabia ouvir e até, com humildade, mudar posições. E é por isso que, desde o ano passado, quando o Ver. José Valdir, tendo assumido a responsabilidade da FESC na Administração do Prefeito Tarso Genro e depois de quase dois anos de uma discussão em âmbito do Governo, vinha com uma proposta determinada, eu comecei dando um crédito de confiança ao Ver. José Valdir como Presidente da FESC. Com isso, como ele mesmo colocou aqui há pouco, com humildade, não quer dizer que ele estivesse absolutamente certo com a sua equipe. Não. Ele vinha com uma proposta; nós tínhamos que discutir isso. E parece-me que é isso que de lá para cá temos feito. E ainda há pouco eu dizia ao Ver. José Valdir - que enquanto Vereador teve presença muito forte e positiva nesta Casa - que era muito bom estarmos com ele aqui de novo para esquentarmos a discussão e, certamente, se não vamos contentar e atender a todos - porque isso não existe -, vamos conseguir chegar a um resultado que vai ter um saldo extremamente positivo. E não vai ser só um saldo positivo para funcionários, porque funcionários são pagos com dinheiro público, mas vai ser um saldo positivo para a Cidade de Porto Alegre, que é o que me interessa acima de tudo, respeitados os interesses e direitos dos funcionários, mas respeitado aquilo que uma legislação - sobre tudo a partir de 1988, com a Constituição Federal, a chamada "Constituição Cidadã" - levanta e proclama. Isso tem que ser feito, e isso o PT está fazendo com muito atraso.
Eu fui um dos que cobrou isso ao final da Administração Olívio Dutra.
Incomodava-me, como integrante do Partido dos Trabalhadores, que, ao longo da
Administração Olívio Dutra, não se tivesse uma política clara, definida, de
assistência e de ação social. E fui um dos que cobrou, na elaboração do
programa da campanha do Prefeito Tarso Genro, que se definisse esse tipo de
coisa. Não fui atendido, mas, enfim, vejo que hoje essa preocupação está posta
no horizonte. Mexer na FESC - os funcionários mais antigos sabem - não é a
primeira vez que se tenta. Já se tentou várias vezes. O Prefeito Collares
tentou, o Prefeito João Dib precisou, e nós tivemos dificuldades de resolver.
Na verdade, foi-se empurrando isso com a barriga. Nós, agora, estamos enfrentando
problemas. Vamos sair insatisfeitos? Acho que o Ver. João Dib entendeu muito
bem o processo que estamos vivendo. Eu também entendo como tal. Nós estamos num
momento de transição, de passagem. Pode ser que o que nós vamos aprovar hoje,
amanhã ou hoje de madrugada não seja, ainda, o ideal, mas nós teremos começado
a nos mover, e isso me parece que é importante.
Eu acho que nós temos divergências em algumas questões. Por exemplo,
Ver. Pedro Américo Leal - eu o cito pelo respeito do que nós estávamos conversando,
antes de V. Exa. vir à tribuna -, eu não sou psicólogo, mas tenho sido
professor ao longo de minha vida. Casualmente, lido com crianças, não tanto
quanto esses companheiros que fazem esse trabalho de linha de frente
diretamente, mas lido com crianças porque escrevo para crianças. Estou
acostumado a ir nos centros mais diferentes, desde uma escola de classe alta
até a escola mais popular e, às vezes, centros bem complicados, onde nós temos
crianças com problemas, que não são culpa dessas crianças, como V. Exa. frisou
aqui. Às vezes, antes, nós temos que fazer um trabalho com calma para se poder
conversar, num primeiro momento, partir de um texto literário, de contar uma
história.
Eu acho que nós temos que apoiar e apostar um pouquinho mais numa coisa
que sempre me preocupou muito, porque, se o exemplo é contagioso - eu acho que
é -, a convivência é contagiosa; é contagiosa do bem para o mal e do mal para o
bem. Agora: eu quero apostar que o bem consegue ter mais força. Eu quero
apostar que a prática positiva do dia-a-dia consegue ser um exemplo que pega
mais, que tem saldo mais eficiente, mais positivo.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu ainda não estou convencido de que este universo,
que é o universo comunitário, não se afaste quando chegar o universo trazido de
meninos de rua, que chegam - V. Exa. frisou muito bem, dando-me respaldo, de
que eles não são responsáveis por suas origens - atabalhoadamente,
indisciplinadamente. Chegam agredindo, às vezes, cheios de mágoa. Esta
transição é que é difícil.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Mas, Vereador, por que nós
não apostamos nisso? Eu já tive experiências pessoais. Provavelmente, além de
qualquer outro problema que essas crianças têm, elas têm um grande problema: é a
falta de amor, a falta de carinho, não tenho a menor dúvida. Eu acho que V.
Exa. concorda comigo. Se eles têm algum desvio de conduta, antes de tudo, lá na
ponta, têm um problema básico, que se chama falta de amor e de carinho. Falta
um espaço para eles serem eles próprios.
O Sr. Pedro Américo Leal: O problema é a falta de
afeto.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Agora, por que nós não
apostamos nisso da seguinte forma: o bom exemplo, a convivência positiva pode
ser um meio de avanço. Se nós colocamos essas crianças nessa convivência, com
controle, com acompanhamento de um profissional capaz de fazer isso, será que
nós não vamos conseguir trazer crianças para o seio dessa comunidade de novo?
Será que não está na hora de vencermos preconceitos que nós temos, que as
classes populares têm, que as classes médias têm, que a classe elite tem, e
entendermos um pouco mais esse processo e puxarmos essas crianças para perto de
nós? Será que essa convivência não pode ser pedagogicamente positiva? Ou seja:
eu estou colocando como uma pergunta, como uma experiência, mas será que nós
não podemos, eventualmente, investir nisso, ao invés de pensarmos que as nossas
crianças, na convivência com as outras, vão ser prejudicadas? Por que nós não
pensamos ao contrário? Se essas outras crianças, na convivência com as nossas,
vão crescer, com isso ganham.
Eu não tenho certeza, Ver. Pedro Américo Leal, mas eu sou professor e
eu acredito na força do exemplo, da palavra. Eu acredito em nós, aqui, se
fizermos isso no dia-a-dia, na nossa Sessão, isso que nós estamos fazendo aqui,
por que as crianças não vão poder fazer isso? Eu vou dizer uma coisa: elas são
menos preconceituosas do que nós, V. Exa. sabe disso. Nós criamos os
preconceitos para elas. Elas acabam, depois, assimilando, assumindo, praticando.
Eu quero dizer uma coisa, Vereador. Eu não sei, mas eu acho que o que
V. Exa. coloca é uma questão a ser levantada e eu tenho resposta. Agora, eu
gostaria de poder apostar e experimentar e lhe digo, com toda a humildade: se
der errado, que se recue imediatamente, que se faça a correção de rumo. E tenho
certeza de que o Ver. José Valdir, como Presidente da FESC, ou qualquer outro,
vai fazer isso. Mas acho, Vereador, que nós tivemos uma Constituição Cidadã de
88 e nós estamos apostando - Exa. acabou de dizer isso - na recuperação das
pessoas nessas relações. Acho que nós podemos investir um pouquinho por aí, e é
esse o sentido que marca todas as emendas que aí estão. Mas, enfim, eu quero
apostar nisso, e por isso tenho simpatia pelo Projeto e tenho simpatia por boa
parte dessas emendas. Acho que essas crianças merecem que nós corramos o risco
junto com elas e tentemos, realmente, trazê-las conosco, e não deixá-las à
margem, fora de nossa própria caminhada.
Agradeço ao Presidente a tolerância do tempo, ao Ver. Pedro Américo
Leal, que me permitiu esta discussão que eu acho extremamente importante, e,
por certo, vai correr ainda hoje à tarde e vai correr depois da aprovação do
Projeto, porque vamos continuar envolvidos nessa questão que envolve os nossos
menores na nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Wilton Araújo está
com a palavra para discutir o PLE nº 87/93.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nossos queridos assistentes desta tarde de hoje.
Todos os Vereadores que vieram até esta tribuna deixaram bem claro que
a intenção da Casa no todo, no principal, é, sim, que o Município de Porto
Alegre tenha, principalmente - o que eu não vejo no Projeto -, uma política de
assistência e uma política de serviço. Infelizmente, não foi levada em conta
por parte do Executivo uma conferência realizada para esse fim. Não foi levada
em conta a posição do Conselho Estadual. Mas onde está a Administração, a
Administração que sempre diz ouvir todos e contemplar suas opiniões? Ouvir é
fácil - entra por um lado, sai pelo outro -, mas colocar em prática e conseguir
reunir as divergências, o contraditório, isso é difícil, isso é administrar.
Nós não vemos no Projeto original enviado pelo Executivo essa vontade.
Muito pelo contrário. Não leva em consideração as opiniões importantes desses
órgãos. Além do mais, tenta criar o Projeto original, sim, um sem-número de
cargos. Não sabe quantos. São tantos, que não se sabe, pelo art. 10. E só
depois que houve a discussão, depois que houve a oposição, é que entrou uma
emenda dizendo quantos eram os cargos. Imaginem só! Eu, que sempre ouvi, nesta
Casa, no passado, por Vereadores do PT, que a FESC era um cabide de empregos,
que tinha tanta gente lá dentro que precisava ser extinta... Num ano eleitoral,
manda um projeto que não diz nem o número de cargos. Não vou chegar a tanto,
dizer que isso seria utilizado pela bancada governista, pelo partido que está
no poder para facilitar o ano eleitoral. Acho que não, mas há repetição. É a
contra-repetição de algo denunciado no passado como verdadeiro. Então, aquilo
que se dizia no passado não era verdadeiro. Lá nunca foi um cabide de emprego.
Lá sempre foi preciso ter funcionários. Tanto é verdade que precisa muito mais
agora! Como a gente enxerga contradições um dia, um ano após o outro! E os
partidos, quando crescem e quando assumem o poder, acabam-se expondo. E não é
só essa a contradição do Projeto, a contradição de usar contratados
partidários, apaniguados, pessoas da relação partidária para ajudar na campanha
- não é só essa. É, também, na prática. Hoje, o PDT tem um Vereador que se
licenciou porque sua esposa, que é advogada, advoga para funcionários da FESC.
Ele se deu por impedido. Licenciou-se e vem o suplente. Do outro lado, vê-se o
contrário. O Presidente da Fundação não se dá por impedido e usa, ao contrário,
licença de outro Vereador para poder estar aqui, porque não é titular. São
coisas, pesos diferentes, visões diferentes da ética, da moral - que está tão
em voga; todo o mundo diz -, da transparência. Chega na prática, a coisa é bem
outra. E mais ainda... Vejo que mexo. Estava tão calma a Sessão, não é? Quando
as verdades são ditas, mexe, claro que mexe - são incontestáveis!
Mais ainda: recebo aqui, da Associação dos Funcionários da FESC, um
ofício que foi encaminhado ao Presidente, hoje Ver. José Valdir, denunciando
algo muito grave, denunciando que os funcionários que vêm aqui, que estão se
pondo ao lado da Fundação, a favor de uma política consentânea, estão tendo seus
pontos cortados. Isso é justo? É alguém do PT que está fazendo isso? Não
acredito! E, se não bastasse, funcionários - aqui há uma lista, não vou ler -
em cargo em comissão, certamente do PT, que estão aqui não têm seus pontos
cortados. São dois pesos, duas medidas. A prática é diferente, Ver. José
Valdir. Lembro de V. Exa., nesta tribuna, quando fazia oposição. Tenho saudade
disso. Parecia muito mais coerente com a posição popular. V. Exa. diz que tem
saudade da Casa; eu também tenho saudade, mas do outro José Valdir: daquele que
não punia funcionários.
O Sr. José Valdir: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vou pedir uma inscrição. Vou responder da tribuna.
O SR. WILTON ARAÚJO: Isso não é aparte. Esse
diferente tipo de tratamento, em situações e momentos diferentes é que
caracterizam a coerência, a política de um partido e de seus membros. Nós, do
PDT, há muitos anos, há três anos e meio atrás, queríamos criar um órgão único
de assistência e serviço social para dar a sustentação necessária na área que o
Município merece, mas, infelizmente, naquele momento, muitos dos arautos - hoje
de situação, naquele tempo, de oposição - foram contrários. O então Prefeito
teve de retirar o projeto que tramitava nesta Casa. Mas hoje, mantendo a nossa
coerência, vamos fazer a melhor das políticas de assistência e serviço social.
Nós queremos o melhor e por isso é que vamos votar - a Bancada do PDT - no
Substitutivo do Ver. Nereu D'Ávila e contra o Projeto original, sim, porque ele
é ruim. Ele é muito ruim. E não me venham dizer que depois será arrumado com
emendas e coisa e tal. O Projeto original era e continua sendo eleitoreiro, sem
fundamento. E isso tem que ser dito. Mas nós, mesmo se a maioria quiser aprovar
este Projeto e não o Substitutivo do Ver. Nereu D'Ávila, vamos partilhar
coerentemente com a nossa posição, reduzindo ao máximo as contratações, agora,
sim, querendo-se fazer um cabide de empregos, um inchaço no Governo. Mas nós
não vamos permitir. Estamos alerta e vamos votar coerente com a nossa consciência,
e V. Exas. são testemunhas disso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com a Vera. Maria do Rosário.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, comunidade, funcionários da FESC, Serviço de Atendimento Social e
Assistência do Município, que nos acompanham nesta votação, nesta discussão.
Este Projeto traz em si uma polêmica enorme porque trata de toda a questão de
organização da política social em Porto Alegre. Não é um projeto somente de reordenamento
da FESC, de serviços, mas, ao lado e junto com essa discussão de reordenamento,
traz uma concepção de assistência social, e sobre ela queremos discutir.
Parece-nos importante, nesta discussão toda, resgatarmos as questões
levantadas pela Lei Orgânica de Assistência Social e pela Conferência Municipal
de Assistência Social, para a qual as comunidades se mobilizaram fortemente no
ano passado. Lamentavelmente não temos os Anais da Conferência, mas sabemos que
uma de suas definições é a de que Porto Alegre deveria buscar a centralização
dos serviços de assistência e a reestruturação a partir de uma coordenação
única das políticas de assistência social, primeiramente, e, em conseqüência
disso, dos benefícios, dos programas e dos serviços de assistência em geral. A
princípio pensávamos que uma Secretaria viria a cumprir esse papel. O Executivo
nos apresentou a FESC como um órgão capaz de aglutinar - como fundação de
Direito Público que é - os programas, os serviços e de dirigir as políticas de
assistência do Município. A verdade é que o Projeto nos foi apresentado com
muitas limitações, muito mais como um projeto de reordenamento de programas do
que como um projeto tendo como fundo a questão da assistência numa concepção
com base na LOAS e na Conferência Municipal de Assistência Social. Lamentamos
isso, mas, junto com os Vereadores desta Casa, buscamos adequar, melhorar,
estudar e, em conjunto com o Conselho Regional de Assistência, com funcionários
e com o Fórum Municipal de Entidades, que se organizam em torno dos direitos da
criança e do adolescente, discutimos o caminho a ser percorrido para melhorar
este Projeto e para garantir para Porto Alegre - o mínimo que fosse - a
centralização dos serviços com uma concepção adequada de assistência.
Digo isso, Srs. Vereadores, porque sei que o sentido das emendas que
formulamos em parceria com esses órgãos e com vários Vereadores desta Casa
tenta resgatar essa concepção, separar a questão da educação comunitária do
plano de assistência social e garantir neste Projeto, desde já, uma concepção
de assistência, que não seja vínculo eterno entre aquele que precisa, aquelas
pessoas que têm cada vez mais dificuldades impostas pelo sistema, com os
serviços e com benefícios e com os programas de assistência do Município. Prevemos
nas nossas emendas a idéia de que a FESC, como coordenadora de políticas,
formuladora de políticas em conjunto, posteriormente com o Conselho Municipal
de Assistência Social, deve prever possibilidades, caminhos para o acesso da
população à dignidade e questão da renda mínima. Esta é uma questão de fundo e
o sentido que as nossas emendas propõem. Outra é a questão funcional de
organização de serviços, de programas e de pessoal para o trabalho. Estudamos a
matéria com as diversas bancadas e ficou uma dúvida que quero repartir com os
senhores para podermos elucidar.
Na emenda apresentada ao art. 8º, a bancada do Governo propõe um número
inicial de cento e trinta e sete contratos. Nos parece que estamos chegando a
uma reformulação melhor quando retiramos desse total os quarenta e oito
funcionários, trabalhadores que prestam serviços no MAPA, porque é preciso
manter o MAPA. O MAPA tem uma capacidade de articulação, por si só, da
sociedade civil, pois tem um potencial de buscar junto a organismos internacionais
recursos que são importantes para o Município pelo seu caráter, e também ele
tem o reconhecimento público que talvez nós demoramos tantos anos para
conseguir articular em torno de outros programas, em torno mesmo da própria
FESC. Manter o MAPA hoje é uma atitude inteligente desta Casa e dos políticos.
Tirando esses funcionários para o MAPA, nós teríamos, com programa definido,
vinte e oito pessoas, cento e trinta e sete no total, quarenta e oito para o
MAPA, vinte e oito pessoas para a Casa de Passagem que queremos ver funcionando
prontamente. Quanto aos demais sessenta e um que sobram dessa conta não está
claro em que programas o Município os teria trabalhando.
É muito difícil para um Vereador desta Casa definir em números esta
questão, porque sabemos que atrás dos números há funcionários e existem
programas de atendimento da comunidade que queremos ver sempre melhores. Então,
é preciso que fique claro isso porque, quando falamos em cargos, falamos em
função pública. Existe toda uma responsabilidade enorme do Executivo e do
Legislativo com ela. É preciso que fique claro para que programas, para que
órgãos, para que casas, para que benefícios seriam utilizados esses sessenta e
um cargos que estaríamos compondo a partir deste Projeto. Eu falo destes porque
já temos duzentos e quarenta e quatro funcionários na FESC e me parece que
estaria encaminhada a situação. Se tivermos uma resposta da bancada do Governo,
é possível se aprovar a Emenda do Ver. Jair Soares, que apresenta o número de
oitenta e nove. Se não obtivemos uma resposta da bancada do Governo, a nossa
tendência é de aprovação de emenda apresentada pela Vera. Clênia Maranhão, que
assegura o funcionamento da Casa de Passagem com a possibilidade de contratação
de vinte e oito funcionários para o desenvolvimento desse programa.
O que levanto - e ouvi as intervenções da Bancada do Partido dos
Trabalhadores - é que precisamos de um esclarecimento prático sobre a questão.
Os funcionários que estaríamos contratando, além dos duzentos e quarenta e
quatro funcionários da FESC hoje, vão estar previstos em que programa? Por
último, meus amigos, Srs. Vereadores, eu acho que é importante registrar desta
tribuna que esta discussão mobiliza intensamente a sociedade. Nós vemos aqui
cartazes dos conselhos, das associações de moradores, e é justo e adequado que
os funcionários da FESC acompanhem essa discussão de perto, assim como os órgão
ligados à assistência social do Município, os organismos não-governamentais que
se fazem presentes neste dia.
Nós, com imparcialidade, temos feito desta tribuna críticas
contundentes, e parecem-me justas, a cada dia, à Secretária Neuza Canabarro,
pelo encaminhamento, pelo atendimento, pela falta de respeito que tem tido com
as funcionárias públicas estaduais e pedindo que os funcionários públicos
estaduais, os professores, de uma forma muito especial, participem das
Assembléias Gerais, das votações que acontecem na Assembléia Legislativa. Assim
como nós fazemos a crítica ao Governo do Rio Grande do Sul e pontualmente a sua
Secretária de Educação, não seria possível ocupar esta tribuna sem dizer, Sr.
Presidente, que nós precisamos da garantia de que funcionários da FESC, ou
funcionários efetivos da FESC, tenham a possibilidade de acompanhar esta
discussão que acontece na Câmara de Vereadores para que, com transparência
absoluta, nós possamos fazer nossas intervenções e possamos estar submetidos ao
julgamento da população da Porto Alegre. Por isso, Srs. Vereadores, que a
Direção da FESC, aqui presente, inclusive Vereador desta Casa, neste dia, deve
ser sensível e garantir a presença desses funcionários sem qualquer represália,
como nós temos conseguido discutir com a Administração de Porto Alegre em todos
os momentos.
Era o encaminhamento que eu tinha para fazer, esperando o retorno da
bancada do Governo.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com
a palavra para discutir o PLE nº 87/93.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, vou, democraticamente, sugerir os cinco minutos antes que a Mesa
corte o meu tempo; é para nós agilizarmos a votação. Eu vou fazer o meu
pronunciamento inspirado numa das aulas que o saudoso companheiro nosso nos
dava sobre filosofia - o companheiro Adelmo.
Eu sinto, com as minhas limitadas sensibilidades, que nós estamos diante
de um dilema que a filosofia nos colocava de fato. É o dilema de definir bem o
sujeito do objeto, e aí o Ver. Pedro Américo Leal, na minha opinião, tem razão
no aspecto desse problema, ou seja, se nós não definirmos bem qual é o objeto
do presente Projeto de Lei, nós, certamente, teremos dificuldades de
concluirmos e chegarmos ao convencimento de quem é o sujeito para realizar as
chamadas ações na área da assistência social, esse que nós estamos criando com
a reforma da FESC. Ou seja: apropriando-me de um aparte do Ver. Antonio
Hohlfeldt, em síntese, não estamos resolvendo ainda o problema da assistência
social no Município como deveríamos. Na verdade, estamos iniciando, Ver. Pedro
Américo Leal, esse movimento, esse processo. Minha expectativa é a de que não
façamos uma lei burra, ou seja ...
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Motta, peço
licença a V. Exa. para colocarmos em votação a prorrogação da Sessão por mais
duas horas. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA a
prorrogação.
O SR. JOÃO MOTTA: Continuando, Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, eu dizia que deveríamos estabelecer um consenso, haja vista
que polarizam aqui duas opiniões distintas acerca do objeto, do sujeito. Uns
acham que o objeto é a assistência social, Ver. Pedro Américo Leal. Outros
acham que o objeto não é só assistência social, é também educação comunitária.
Meu pressuposto teórico conceitual é o da assistência social, e não o da
educação comunitária, razão pela qual confesso minha dúvida sobre que sujeito
estamos definindo neste momento, se é para resolver um problema estrutural da
FESC, que explicitamos de fato aqui, neste Plenário, e iremos trabalhar em cima
disso, tão-somente. Se não é isso, então vamos abrir essa discussão para esse
outro nível, que é resolver o problema da assistência social. Porque me nego
aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a aceitar a tese de que este Plenário e
esta Instituição, por mais plural que seja e conjunturalmente ter uma bancada
ligada a esse Governo de nove Vereadores, tenha que votar um projeto cujo
objetivo, em certa medida, é resolver o problema interno do Governo. A
Instituição não pode se submeter a isso. Portanto, concluo esta breve
intervenção deixando essa dúvida que, para mim, só a vida vai resolver, mais
uma vez relembrando aquilo que eu vagamente me vali, agora, da minha memória
limitada, relembrando as aulas de filosofia que tive oportunidade de ter com o
companheiro Adelmo. Se não definirmos claramente o objeto deste Projeto, se é
assistência social, se é educação comunitária, ou se são as duas coisas juntas,
e não acredito que as duas coisas juntas funcionem, nós não vamos definir
também o problema do sujeito. Espero, portanto, que este Plenário não seja
burro e que este Governo também não o seja, porque se ambos, Plenário e
Governo, forem burros, neste momento nós vamos criar um projeto que vai
inviabilizar a aplicação tanto de uma quanto de outra política, ou seja, tanto
a política da assistência social, quanto a política de educação comunitária.
Então, a vida será a melhor testemunha e a vida será a melhor parceria.
Mas vale também aquela lição que todos nós temos que, humildemente, aceitar,
pois às vezes a vida é a melhor conselheira e é a melhor testemunha. Nós
teremos que retomar essa discussão aqui no Plenário, na sociedade, nos
movimentos sociais e dentro do nosso próprio Governo.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero-me congratular com V. Exa. pela sinceridade
ideológica que V. Exa. está demostrando, porque, na verdade, não tive, em
nenhum momento, o intuito de embaraçá-lo. A dúvida ainda está no ar. Os
Vereadores que ouviram os brilhantes pronunciamentos terão que se posicionar.
V. Exa. tem um posicionamento muito elegante, muito fidalgo. V. Exa. confessa,
e é verdade: nós não sabemos, agora, se o rumo que iremos tomar é o preferível.
Pelo menos é aquele que podemos dar como direção. Eu me congratulo com a sua
sinceridade política diante da sua ideologia.
O Sr. Clóvis Ilgenfritz: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) A sua preocupação, Ver. João Motta, também é minha,
mas tenho certeza também que, nesse caminho andado até agora, não nos resta
outra saída a não ser iniciarmos o processo, mesmo concordado com esse tipo de
preocupação colocada. Eu não o faço da tribuna porque realmente acho que temos
que encaminhar imediatamente o processo de votação e liberarmos não só os que
estão aqui nos assistindo, como também o próprio Executivo desse processo e
poder iniciar a nova etapa. Isto é o que eu quero dizer, Vereador. Esta nova
etapa nos trará oportunidade, seguramente, de corrigir rumos, embora eu ache
que ela é fundamental porque, da forma como está, não dá para continuar.
O SR. JOÃO MOTTA: Concluo, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, dizendo que, além das aulas de filosofia do companheiro Adelmo
- que eu relembrei aqui -, literalmente concordo até prova em contrário, até
que eu me aproprie de uma outra conceituação do art. 169 da Lei Orgânica do
Município - votei nela aqui -, que define, na minha opinião, a melhor
possibilidade de um objeto, ou seja, de uma visão de assistência social de um
determinado Município - no caso, o Município de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra a Vera.
Clênia Maranhão para discutir o PLE nº 87/93.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras. Vereadoras, prezados companheiros da FESC, representantes do
MAPA, entidades comunitárias, técnicos da área social que estão presentes hoje
conosco e que têm acompanhado o nosso trabalho e contribuído no aprimoramento
das nossas emendas e das nossas formulações. Falo aqui em meu nome e também da
minha Bancada do PMDB, já que me coube a delegação de estudar este Projeto e
procurar resgatar as propostas dos interlocutores da área social de Porto
Alegre, dos usuários da nossa política da área social, para chegarmos àquilo
que consideramos a proposta mais adequada a ser votada neste dia.
Como Vereadora e também como Assistente Social, eu reconheço a
necessidade urgente da definição da unificação de uma política na área social
de Porto Alegre. Isso foi aprendido, discutido, definido na I Conferência de
Assistência Social do Município, da qual participamos, que vem dentro das
diretrizes da Lei Orgânica da Assistência Social, aprovada desde 7 de dezembro
de 1993. Quando nós recebemos este Projeto, tivemos a preocupação de verificar
o marco conceitual que o definia, assim, também, como as questões técnicas e
jurídicas que ele apresentava. Buscamos, então, através de várias discussões
com os funcionários da FESC, dos vários níveis, representantes do MAPA, do
Conselho Municipal da Criança e do Adolescente e de outras entidades que
trabalham na área social, a reestruturação do Projeto para que ele se adequasse
às decisões da Conferência e às orientações da Lei de Assistência Social.
Portanto, quero dizer aos Srs. e Sras. Vereadoras e aos presentes que as
emendas que apresentei ao Projeto nada mais são do que o resultado dessas
discussões. Tenho sido nada mais que a interlocutora, representante dessas
posições defendidas e construídas de uma forma democrática, respeitosa, com
aqueles que efetivamente ocupam seu cotidiano profissional na construção de uma
política de assistência social para a nossa Cidade.
As emendas que apresentamos têm a preocupação de fazer com que o
Projeto se adequasse à Conferência da LOAS e que se adequasse à realidade dos
equipamentos sociais de Porto Alegre. Respeitando, portanto, a existência do
MAPA e a história por ele desenvolvida, que faço questão de resgatar, tem sido
o organismo que tem conseguido, inclusive, superar uma grave debilidade dos
programas de assistência social, que é de atingir os setores mais vulneráveis
da nossa sociedade e também de fazer com que a FESC, com essas emendas
apresentadas, pudesse cumprir da melhor forma a árdua tarefa que é colocada a
todos os profissionais da área quando executam um projeto para a maioria da
população, que é a de baixa renda, que é a população com dificuldade para o
exercício pleno da sua cidadania pela omissão do Estado e pela dificuldade de
suas conquistas em todas as áreas.
Se este Projeto demorou, se foi larga a tramitação nesta Casa, ao
contrário de algumas versões públicas apresentadas pela imprensa, não é porque
a Câmara tinha subestimado a sua importância. Pelo contrário, é porque esta
questão social, num país como o Brasil, em que a maioria da população está fora
das margens do consumo, em que a maioria da população não tem acesso aos
serviços básicos, que deveriam ser de direito e não deveriam sequer sobre eles
estabelecer discussões, nessas realidades sociais, os programas, as políticas
para a área são fundamentais porque se reportam à maioria da população.
Portanto, se nós demoramos nas discussões foi para chegarmos a uma posição que
fosse mais justa, mais adequada à realidade da nossa Cidade. As emendas que
apresentamos visam exatamente a trabalhar o marco conceitual, tentar corrigir
alguns desvios do ponto de vista dos funcionários e evitar que houvesse duas
medidas para os mesmos funcionários públicos de um mesmo Município e também
para que nós conseguíssemos definir qual a necessidade real dos funcionários
para a execução deste Projeto. Faço isso com a segurança de quem é uma
profissional da área e também já foi executiva de órgãos sociais da área
pública. Espero que a apresentação das nossas emendas seja compreendida não
como uma questão partidária, não como uma tentativa de retardar o processo de
decisão, mas, pelo contrário, de garantir a precisão e a justiça do processo e
a definição de um projeto que venha, realmente, a estar de acordo com as
necessidades de Porto Alegre.
Evidentemente que as discussões que nós fizemos do marco conceitual
contaram com a participação dessas entidades, e acho que hoje há, nesta Casa,
uma unanimidade em relação a elas. É a definição do que é a assistência, é a
definição do que é um trabalho comunitário de educação, mas acho que a polêmica
final, neste final de dia, está-se dando em cima de uma questão da categoria,
em cima da questão dos recursos humanos e qual a necessidade que uma
instituição deste tamanho tem de contratar, de ampliar os seus quadros, de
contratação de novos cargos em comissão.
Tivemos a preocupação, nesse processo, de garantir - como já tinha
colocado aqui - a participação do MAPA pela importância dos seus projetos e
queremos apenas dizer que, se hoje existem duzentos e quarenta e quatro
funcionários no quadro da FESC, se trinta e um funcionários ficarão à
disposição, vindos da SMISS, se quarenta e oito funcionários do MAPA
prosseguirão os seus trabalhos através do processo de disposição, se quarenta e
seis cargos em comissão serão criados e se, pela emenda que aqui apresento, nós
garantiremos, caso o Plenário aprove, novas vinte e oito contratações que vêm
garantir exatamente um equipamento importante, que é a Casa de Passagem
recentemente criada, e se hoje o MAPA conta com cinqüenta e dois servidores da
COOTRAVIPA e mais cinqüenta e oito estagiários, nós achamos que, no momento em
que houver um realinhamento da relação entre os funcionários e a Direção da
FESC, que neste momento nós sabemos que está bastante dificultada pela própria
discussão do Projeto, que é uma coisa que normalmente acontece... Nós estamos
defendendo isso com a segurança de que essas emendas, e essa emenda em
especial, que eu detalhei, ela não vai prejudicar o Projeto, mas ela vai
garantir o resgate do trabalho daqueles funcionários que já estavam na Casa e
que têm uma experiência larga no trabalho da área social.
Preocupa-me, quero registrar aqui, essa colocação dos funcionários
sobre a dificuldade que a Direção da FESC tem tido de compreender suas
presenças aqui. Eu queria, então, dizer aos Srs. Vereadores, principalmente
àqueles que não estiveram envolvidos diretamente com o processo, que a participação
dos funcionários da FESC, de todos os outros técnicos profissionais, dos mais
jovens, da área social, eles foram fundamentais para o aprimoramento deste
Projeto e para que ele fosse colocado dentro dos marcos da exigência da Lei de
Assistência Social de Porto Alegre, além do que, evidentemente, isso faz parte
do processo democrático, salutar para a Cidade de Porto Alegre. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Henrique Fontana para discutir o PLE nº 87/93.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu gostaria de iniciar falando a todos os presentes aqui,
destacando realmente o trabalho incansável de diversas bancadas. Eu destaco,
especialmente, as Bancadas do PMDB, PC do B, PSDB, PPS, PPR, PFL e a nossa
própria bancada. É óbvio que também tivemos momentos de discussão com as
Bancadas do PTB e PDT, mas eles claramente foram em menor número.
Eu acho que o que o Projeto conseguiu sintetizar neste momento foi
fruto da ação política articulada dessas bancadas, que se debruçaram para
encontrar uma solução. Nós temos a convicção e a clareza de que, apesar da
tentativa - e eu digo claramente aqui, com franqueza, desta tribuna -, da
tentativa do nobre Líder do PDT, Ver. Nereu D'Ávila, seguido "a posteriori"
pelo Ver. Wilton Araújo, apesar da tentativa de partidarizar essa discussão,
ela felizmente não foi levada de forma partidária. Ao contrário, nós
conseguimos vencer essas questões e discutir um projeto que fosse definitivo
para a Cidade. Nós, efetivamente, não aceitamos a tese que o Ver. Nereu D'Ávila
colocou aqui de que este Projeto é uma colcha de retalhos, de que se trata de
um trem da alegria, de que se trata de coisa do mais baixo calão da política.
Não tem nada disso, porque, se ele faz essa acusação, ele tem que comprovar com
fatos isso. Ele não pode vir aqui e fazer uma bravata política. Ele tem que
comprovar com os fatos isso. E aceitamos, sim, a argumentação e a preocupação
de outra bancada, que ainda tem dúvidas numa questão - a questão dos cargos
emergenciais -, e chego a ela na minha fala.
Não poderia deixar sem resposta, também, a provocação que o Ver. Nereu
D'Ávila fez a respeito da democracia do PT. A nossa democracia é real e nós a
queremos para todas as posições políticas e para todas as divergentes posições
que têm a sociedade. E me estranha, efetivamente, a ação que o Ver. Nereu
D'Ávila colocou na tribuna, porque, ao mesmo tempo em que ele reclamava da
democracia do PT, ele me chamava a atenção porque eu estava dialogando com o
Ver. João Dib na busca de solução para um problema concreto que nós estamos
enfrentando. Então, será que a democracia do Ver. Nereu D'Ávila não inclui um
diálogo entre o PT e o PPR? Desloca essa possibilidade de diálogo? Eu não
concordo com isso. Acho que a democracia é a conversa com todos os atores
ideológicos, com todos os atores sociais que participam de uma discussão
política e entendo que o PT deve lutar, sempre, para preservar esta
característica, e, ao longo desses quatorze anos, nós conseguimos não a verdade,
não a perfeição, porque essa não existe, mas nós lutamos bravamente para
conquistar o espaço democrático, para manter a democracia dentro do nosso
partido e dentro da sociedade, ao contrário, sinceramente, dos exemplos que o
partido do Ver. Nereu D'Ávila tem dado a este Estado, como, por exemplo, no
momento em que extinguiu a eleição direta para diretores de escolas. Isso, sim,
é falta de democracia, prova concreta, e não bravata.
Gostaria de colocar ainda, neste momento, para que nós não nos percamos
nesse caminho partidário, que é preciso resgatar uma questão que está sendo
contemplada com este Projeto, que é o resgate de uma política pública
fundamental para a cidadania. Aliás, quando o barco do neoliberalismo começa a
naufragar em todos os cantos, essa discussão se torna atual, porque nós sabemos
que para atender às necessidades básicas de cidadania de 95% da população é
preciso políticas públicas, é preciso que o Estado garanta essa cidadania na
saúde, na educação, na assistência social e em tantos outros pontos. E, nesse
sentido, esta Casa dá uma grande contribuição para que Porto Alegre possa
começar a desenvolver uma política adequada de assistência social. Ela não vai
resolver por mágica, com este Projeto, as mazelas sociais da Cidade, mas nós começamos
a atuar no sentido de buscar a solução. Eu diria, também, de forma franca, ao
nobre Ver. Pedro Américo Leal, com quem tantas discussões e debates políticos
tenho tido nesta Casa: a questão do convívio entre as crianças chamadas
"meninos de rua" entre outras pessoas que freqüentam centros
comunitários em uma sociedade que quer progredir no sentido da solidariedade,
no sentido da humanização real das suas relações, não pode segregar. Este tem
que ser o primeiro desafio dessa sociedade, porque nós não podemos falar da
pobreza ou ver a miséria ou ver a exclusão só pela televisão. Ao contrário, a
sociedade não deve separar "a" de "b", "c" de
"b". Ela precisa conviver com todas as diferenças, com todos os
problemas e mazelas sociais que existem. E, neste instante, trago aqui a minha
experiência pessoal, pois trabalho como médico e com população de periferia e
eu vi muitas vezes meus colegas dizerem: "E o que nós vamos fazer
lá?" E eu digo que, se eu estou aqui hoje, lutando politicamente para modificar
esta sociedade, muito se deve ao fato de viver cara a cara com as mazelas
sociais.
O Sr. Nereu D'Ávila: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O seu discurso é muito bonito, mas só porque V. Exa.
misturou um pouco e agora está sendo até um pouco injusto com o PDT. Tudo bem.
Mas a discussão do PT com a sociedade, que é uma das suas bandeiras - o
Orçamento Participativo, primeira conferência disso e daquilo... Mas a I
Conferência da Assistência Social do Município não escolheu a FESC como órgão coordenador
da assistência social em Porto Alegre. Segundo: as emendas mais contundentes -
por exemplo, o Conselho Regional de Assistência Social - foram através da Vera.
Clênia Maranhão. Portanto, não veio no Projeto original. A questão da discussão
ampliada com os funcionários da FESC não foi contemplada. Foi através de
emenda. Então, não seja contundente, Vereador, porque pelo menos neste Projeto,
com relação à discussão com a sociedade, o PT não foi tão a fundo assim.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Eu respondo o seu aparte
dizendo que o PT jamais se pretendeu dono da verdade e nunca se pretenderá.
Portanto, um projeto que venha do nosso Executivo muitas outras vezes terá
defeitos, que devem, na negociação política, ser corrigidos. Isso é muito
simples. Quanto à questão da decisão da Conferência Municipal de Saúde, eu
quero externar aqui, de público, que a minha Assessora - não pude ir
pessoalmente à Conferência -, que lá esteve, defendeu a posição também da
Secretaria Municipal de Assistência Social. Por outras curvas, não foi possível
nesse momento se chegar a ela. Talvez ainda seja, no futuro. Para nós essa
discussão ainda não está terminada. Aliás, nenhuma discussão termina; em algum
ponto, sempre está começando.
Concluo, falando a respeito da questão dos oitenta e nove cargos que
precisamos preencher pelo tempo determinado de doze meses. Esse número surgiu
do seguinte cálculo: o quadro total da FESC, e inclusive aprovado por esta
Câmara, porque não há nenhuma emenda no sentido de diminuir o quadro efetivo da
nova FESC, que conta com quatrocentos e doze servidores - e há nos anexos a
especificação de cada cargo... Subentende-se que esse quadro total de
funcionários é o necessário para executar as tarefas de todos os equipamentos,
de toda a assistência social a que o Município se propõe nesse momento. E aí
inclui-se tudo: os novos equipamentos que serão abertos; aqueles que hoje
funcionam com os funcionários do MAPA; aqueles que funcionam com os
funcionários da SMSSS - este é o total de quatrocentos e doze cargos. E nenhum
Vereador aqui, salvo a emenda do Ver. João Dib, que propõe diminuir dois
Procuradores, no que estamos de acordo, nenhum Vereador contestou esse quadro
efetivo. Então, o que está em discussão nesse momento é o seguinte: pode a
Administração Municipal contratar por esse período de doze meses? Por que não
podemos contratar para o quadro efetivo? Por que não podemos fazer concurso
público nesse momento? É porque temos eleições. Por isso, pedimos os oitenta e
nove cargos por doze meses. Depois desse tempo, esses oitenta e nove cargos
serão preenchidos por concurso público. E isso está autorizado por essa lei. E
esses oitenta e nove saem de onde? Saem de quatrocentos e doze menos duzentos e
quarenta e quatro, que é o quadro em extinção da FESC, que são servidores que
terão estabilidade dentro do serviço público municipal segundo emendas que
aprovaremos nesta tarde; menos trinta e um, que são servidores atuais da SMSSS;
menos quarenta e oito pela modificação da questão do MAPA, que acatamos. Dá o
total de oitenta e nove funcionários, que serão distribuídos nos seguintes
serviços: trinta deles para a Casa de Passagem; doze na Casa de Apoio à
População de Rua; trinta e um no Projeto Jovem Cidadão, que tem contrato
temporário, que terminarão em agosto e não podemos perder a continuação desse
projeto, e oito deles em trabalhos de supervisão, pesquisa e projetos.
Estamos dizendo que hoje a FESC tem um número excessivo de CCs, questão
essa que foi colocada pelas dificuldades de contratação porque a FESC era um
grande quadro em extinção enquanto esta Câmara não votasse essa lei. E nós
queremos diminuir os CCs. A bancada do Governo quer diminuir o número de CCs.
Atualmente, são oitenta e cinco na FESC e cinco no MAPA. Quer-se diminuir
desses noventa para quarenta e seis cargos de confiança. Então, para aqueles
Vereadores do PDT que estiverem aqui acusando o Governo de que ele quer nomear
padrinhos políticos, eu pergunto onde está a coerência disso se nós queremos
extinguir cargos de confiança para nomear servidores pela seleção pública.
Esses oitenta e nove servidores serão feitos da forma como está colocada na
emenda que eu assino, a partir de uma seleção pública, com edital público,
podendo concorrer duas mil, três mil pessoas - não sei quantas concorrerão.
Então, nós pedimos a sensibilidade desta Casa. É muito importante, para
que este Projeto tenha a plenitude a que ele está se propondo, como está
colocado aqui, que nós tenhamos as oitenta e nove funções para poder executar
esses trabalhos que a Cidade tanto precisa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está
com a palavra para discutir o PLE nº 87/93.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, sabemos que o debate vai cansando aqueles que nos honram com a sua
presença. Evidentemente, com relação a nós, Vereadores, é da nossa obrigação
discutir, debater amplamente matéria de tamanha importância.
O Ver. João Motta, do alto da sua competência intelectual, da sua
integridade de Vereador, tocou numa questão fundamental que nós recolhemos nas
suas conseqüências, quando ele coloca a essência do próprio Projeto que visa a
articular dois ramos - a assistência e o serviço social. E ele coloca com rara
inteligência. Era aquilo que nós sustentávamos antes, muito antes, e que
dizíamos que tinha sustentado um projeto, que era uma visão ideológica que o PT
tinha, que era a questão do enraizamento sociológico. Isso justificou uma obra,
a conhecida Vila Planetário, porque entendia, filosoficamente, ideologicamente,
que não se poderia tirar aquele homem dali, pelas razões que sempre colocou.
Este, até certo ponto, é o entendimento de determinada área da Cidade, que
entende que devam ser priorizados os seus menores. E, nesse sentido, há emenda
que já discutimos e não vamos voltar a debater, mas a questão que fica, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, é que nós, aqui, estamos na tribuna não
evidentemente para advertir, mas apenas para chamar a atenção exatamente do
art. 10, Ver. José Valdir. É o art. 10 que autoriza a contratação mediante
seleção pública. A Constituição Federal, no art. 37, estabelece claramente:
"A Administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e,
também, ao seguinte:" E seguem seus incisos. Pois bem: os mesmos
argumentos que são utilizados para inviabilizar a transposição dos funcionários
da FESC para o quadro efetivo da FESC se colocam para o art. 10. Então, vejam
V. Exas. que aqui se desenvolvem dois raciocínios - evidentemente desenvolvidos
pela Bancada do PT. Entende que não pode transpor os funcionários da FESC para
o quadro, mas, por outro lado, entende que pode contratar, afrontando a disposição
do art. 37, inciso II, da Constituição Federal. Eu gostaria de colocar aqui,
para que uma ação popular - usando a linguagem popular - não
"embanane" o Projeto, essa questão, que é o art. 10 do Projeto, que,
uma vez aprovado, autoriza a contratar, quando a Constituição é absolutamente
inequívoca, clara e indiscutível. É solar na sua disposição. Ela fulmina a
pretensão exposta e inserida no art. 10. Sem concurso não se pode utilizar o
art. 10, razões que usa a Administração e o faz corretamente, do ponto de vista
jurídico, dizendo que não pode transpor os funcionários da FESC. Se não pode
transpor esses funcionários para o quadro efetivo da Fundação, do Município por
igual, não pode a Administração fazer a contratação, porque a lei é absoluta,
clara e inequívoca: só via concurso público.
Fica, aqui, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a nossa manifestação nesse
sentido. Nós estamos votando uma matéria que tem os seus aspectos positivos,
embora faça uma modificação profunda na filosofia da instituição, porque vai
trabalhar com dois componentes que, segundo estudos de Sociologia, são
incompatíveis, sendo sinalizados por vários oradores nesta tribuna. Esta é a
nossa observação sob o plano absolutamente jurídico, o de que podemos estar
aprovando um projeto cuja inconstitucionalidade pode ser levantada
imediatamente e ter jogado no cesto de lixo todo um trabalho que teve o
Município e, de resto, a Casa. O art. 10 carrega um vício incapaz de o
sustentar diante de uma possível manifestação de alguém do povo, invocando o
art. 37, inciso II, da Constituição. As demais questões já estão amplamente
debatidas. Entendemos que podemos votar um projeto que não resiste à análise do
Judiciário. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja
está com a palavra para discutir o PLE nº 87/93.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, cada vez mais me convenço de que ainda não deveríamos estar
discutindo e nem pensando em votar este Projeto.
Quero solidarizar-me e me parabenizar com o Ver. João Motta por ter
tido uma postura tão importante e correta, de colocar uma questão filosófica
que é justamente importante nesses objetivos que devem ser traçados para o
atendimento de toda essa discussão sobre a questão social, sobre a assistência
social, sobre a educação comunitária, e que é a nossa preocupação e que é a
preocupação do Ver. Pedro Américo Leal, que tem formação na área, e tantos
outros Vereadores que aqui se manifestaram. Nós não estamos tratando só da
situação dos funcionários da FESC ou do MAPA. Nós não estamos lidando só com
cargos, com criação de cargos para abrigar mais gente, para arrumar mais
emprego que nem sei se são necessários, que, pelo que tenho visto, não são,
porque existem muitas instituições para atender os menores de rua - esse termo
que abomino -, crianças desassistidas. Hoje jogamos as crianças para a rua para
poderem se beneficiar de serem meninos e meninas de rua para atender políticas
demagógicas. Ser menino de rua é uma vantagem porque passam a ter assistencialismo,
etc.
Outro dia denunciei aqui, desta tribuna, que lá na frente da Caixa
Econômica Estadual estavam uns jovens dormindo. Eu questionei que temos LBA,
FEBEM, MAPA, FESC, etc., e as crianças continuam por aí. Existem as ONGs,
dinheiro para isso e para aquilo, cargos para isso e para aquilo. Todo o mundo
está no bolo, mas a miséria continua por aí e as crianças continuam na pior.
Então, quando tenho que questionar isso, sou obrigado a pensar mais
profundamente, porque a coisa está muito mal. Lembro-me de que o líder do meu
partido, o Dep. Sérgio Zambiasi, era criticado porque fazia um programa
assistencialista. Então, criaram uma Campanha Nacional da Fome e da Miséria.
Claro que não foi o Zambiasi que fez a campanha. Pegaram um sociólogo, um grupo
político, fizeram a campanha, e hoje se dá um prato de comida para as pessoas e
se diz que salvamos a miséria do Brasil. Isso é assistencialismo, e não o que o
meu companheiro faz. Ele procura arrumar o cesto para o cidadão vender os
pastéis dele, para arrumar um trabalho e não ser um marginal ali adiante; ou
consegue uma garrafa térmica para ele vender um suco, um cafezinho, ter uma
profissão. Não adianta ganhar um prato de comida. Não adianta fazer essa
imoralidade - que eu considero -, que é manter as pessoas sendo tratadas como
miseráveis na nossa sociedade e se usando sempre o nome da assistência que
temos que dar. Se juntássemos todo o dinheiro que existe para a assistência
neste Município, neste Estado, neste País, não poderia morrer uma criança de fome,
não poderia haver uma criança desabrigada neste País, não poderia haver a
situação que nós vivenciamos hoje.
O Sr. José Valdir: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só queria indagar se V. Exa. está dizendo que o nosso
Projeto, ora em discussão, alimenta a miséria para se locupletar com a miséria,
ou se V. Exa. está falando numa situação genérica. Não se pode concluir do
Projeto em discussão essas questões.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Considero que o Projeto é
extremamente precipitado. Não tinha razão de ser, porque merecia um
aprofundamento maior. O que vai acontecer hoje, aqui, é que o seu Projeto vai
ser aprovado. V. Exa. vai ficar feliz, porque o pessoal já está cansado. A
própria assistência já está cansada. Já não tem o mesmo ímpeto. Mas, na
verdade, os problemas vão continuar, porque não se buscou uma solução mais
profunda. Foi a mesma coisa quando apresentaram, em dezembro, às vésperas do
recesso, tudo para aprovarmos. Vieram com um "elefante branco". A
forma como foi iniciado o Projeto é um tanto constrangedora. Não vou usar
palavras mais fortes, mas vou dizer que é constrangedor o Projeto. E quis ter
boa vontade e olhar com seriedade o Projeto, mas vejo que o Governo está
interessado é em aprová-lo e não está realmente interessado no cerne da
questão.
Há pouco eu perguntava aos Vereadores o que é o Projeto Jovem Cidadão.
Vão colocar trinta cargos para fazer o quê? Enfim, existem projetos de todas as
formas na área de assistência.
Na semana que vem vou trazer uma outra denúncia aqui para a Câmara,
porque há tanta coisa a ser colocada que, de repente, parece que estamos
querendo falar tudo ao mesmo tempo, mas é que os problemas são tão graves e a
má administração da coisa pública é tão grave, que ficamos perplexos.
Outro dia eu dizia que havia duas crianças que há cinco anos freqüentam
a escola aberta e que não sabem ler nem escrever e continuam na escola aberta,
e a escola não ensinou nada a elas - é aberta demais. Há uma outra que é tão
aberta, que eu falei na semana passada - vou ver se, nessa semana que vem, eu
consigo colocar essa questão aos senhores -, que os pais, os miseráveis da
Cidade que ganharam o apoio do Poder Público, querem só dar educação aos seus
filhos, nada mais; querem que eles tenham uma chance de educação.
Há pouco eu colocava essa monstruosidade que fizeram na Nova Gleba.
Casualmente, na escola infantil, foi dado o nome da área do Ver. José Valdir -
aquela monstruosidade. V. Exa. até deveria ter lutado para não deixar acontecer
aquilo. Tiraram duzentas vagas do pré-escolar
da Escola João Satte para aplicar mal o dinheiro público, para fazer projetos
que não estão beneficiando ninguém.
Estou muito preocupado, e hoje temos esse espaço que o povo nos
concedeu para vir aqui defender os interesses maiores da sociedade, e temos
sido muito egoístas, pensando em nós, muitos em resolver problemas pessoais,
mas o contexto social deste País é extremamente triste e grave. Nós temos
consciência dessa relação. Estamos vendo a imensidão de verbas públicas para
pagar as estruturas que existem para assistência social, para educação, e, na
verdade, as crianças, os jovens, os adolescentes não conseguem ver os
resultados. Nós temos cada vez mais marginalizados, cada vez mais situações
tristes para os nossos olhos - cada vez me convenço mais - e até por isso o meu
partido não apresentou nenhuma emenda, porque nós não vamos participar de um
emendão, de um processo, para depois nos acusarem, dizerem que o PTB não tem
nem as suas origens trabalhistas, não tem nem o seu compromisso com a sociedade,
e ficam aprovadas coisas como são colocadas, como se fosse levado de arrasto.
Não, não é essa a nossa prática. Nunca foi a nossa prática.
Acho que a questão do problema social deve ser encarada com mais
seriedade, com mais profundidade. Tenho certeza de que todos os funcionários
têm boa vontade, são bem-intencionados, mas falta o algo mais para, realmente,
lá no fim, ter-se um resultado positivo, que não se está conseguindo, que este
Projeto também não vai dar. Esta é a grande verdade, tanto que dentro do
próprio Governo eu pude sentir que existe uma divergência profunda, real e
necessária.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Jocelin Azambuja, eu
me inscrevo e cedo o tempo a V. Exa. para que possa fornecer aparte.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu vinha seguindo a sua dissertação e notei, até o
meio da sua retórica, que V. Exa. também tem dúvidas quanto a este Projeto no
que tange ao seu mérito, à sua essência, à sua substância, que é coincidir,
irmanar a assistência social com o serviço social. V. Exa. é um educador,
persegue a educação como um amador e agora até como político. Eu queria de V.
Exa. esta afirmação: V. Exa. também hesita?
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Exatamente, nobre Ver.
Pedro Américo Leal. Até pela grande capacidade e conhecimento que tem, sempre
auxiliando a todos nós com o seu saber aqui nesta Casa, V. Exa. capta muito bem
o nosso constrangimento, até, em votar este Projeto, e é por isso que o Partido
Trabalhista Brasileiro não fez nenhuma emenda e nem vai fazer. Respeitamos
todos os partidos que querem aprimorar o Projeto, mas eu, Ver. Pedro Américo
Leal, tenho dedicado a minha vida para buscar a defesa de princípios que eu
considero fundamentais. Entendo que não exista outro processo que possa melhorar
a vida, realmente, da nossa sociedade que não seja através de uma boa educação.
Lamentavelmente, também, a educação sofre como sofre a assistência social por
um problema político-partidário, que é colocado acima do interesse maior.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. acredita que esses dois universos possam
conviver na mesma área, de um ou dois hectares, com os mesmos mestres? V. Exa.
acredita que isso seja possível?
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: É difícil. V. Exa. me chama
de educador. Eu sempre tenho dito, e vi a manifestação de uma professora, minha
amiga, na platéia. Eu sempre digo que jamais fui educador formal, mas sou
educador porque todo pai é um educador. Eu sempre disse, em todos os congressos
e encontros para os quais eu fui convidado neste País e fora deste País,
fazendo palestras a respeito, que todos nós, pais, somos educadores e que
devemos ser educadores junto com os educadores formais, que são os professores.
Mas sempre me lisonjeio quando me chamam de educador, mesmo não sendo, e todos
sabem aqui que eu não sou. De qualquer maneira, nós temos que ter consciência
que a questão político-partidária tem-se colocado acima dos interesses da
sociedade.
Eu dizia hoje para um grupo de professores: "Vocês têm que aprender a lutar pela educação acima dos grupos políticos, que transitam no poder temporariamente, como todo o mundo sabe." Ninguém fica mais do que um ou dois mandatos. Isso é reversível. Uns conseguem ficar um pouquinho mais, outros menos, mas isso é reversível. A educação de um povo não. O trabalho de um projeto de assistência social também não. Não pode ficar cingido a um grupo político. Nem os funcionários de uma instituição pública, de um governo, podem ficar submetidos a um poder transitório. É a mesma coisa quando vemos, muitas vezes, funcionários dizerem: "Olha, eu sou funcionário do Olívio, ou do Dib, ou Collares..." - ou quem tenha sido Prefeito. Não são funcionários de Prefeito nenhum! São funcionário do Governo Municipal! Ou são funcionários do José Valdir na FESC? Não. São funcionários da FESC. Quer dizer: nós temos que ter essa consciência da realidade. O processo de assistência à educação passa por isso: essa dificuldade imensa que se tem de fazer com que as coisas avancem, porque, justamente, há esse contraponto. E é ao que nós temos assistido.
Eu acredito que os colegas mais antigos que estão aqui, já acostumados
- olho o Ver. Lauro Hagemann -, que passaram pelos Legislativos, vendo o
Executivo, vendo as Administrações Públicas, o tratamento da pobreza, da
assistência do menor, da educação e tudo o mais, acabam vendo que, realmente,
há um grande constrangimento em ver-se que há um trabalho profundo e duradouro
para essas questões. Por isso, Srs. Vereadores, mesmo que seja cansativo para
todos nós, essas questões precisam ser debatidas profundamente, precisam ser
discutidas, precisam ser pensadas para que não continuemos, sempre, incorrendo
nos mesmos erros e depois lançando por aí campanhas de fome e miséria como
salvadores dos miseráveis deste País, que morrem até antes de ganhar o prato de
comida.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. estava conversando comigo e perguntávamos ao
ilustre Vereador se deste Projeto surge o embrião de uma Secretaria de
Assistência Social no Município. Está - como se diz gíria -,
"pintando" essa Secretaria de Assistência Social ou não?
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Há um caminho nesse
sentido, Ver. Pedro Américo Leal. Agora: isso passaria por uma discussão mais profunda,
já que o próprio Conselho dos Assistentes Sociais reclamava que não tinha sido
ouvido, que o fórum tinha dado um caminho e que o pessoal deu outro. A coisa é
complicada realmente.
O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Jocelin Azambuja, V. Exa. está falando há vinte
minutos e, no meu entender, está negando tudo. Está dizendo que o Brasil está
com problemas sérios que não têm solução, etc. Sinceramente, a gente tem que
acreditar naquele ditado que diz que a política é a arte da paciência, porque
escutar V. Exa., não ouvir nada de positivo, ouvir que está tudo errado, não
querendo aprovar um esforço coletivo, que não é da Prefeitura, é de todos os
que estão envolvidos aqui, exige paciência. Há muitos Vereadores que estão
acreditando nisso. Há setores amplos da população que estão acreditando que é
preciso dar o passo inicial nessa questão da assistência social e na educação
comunitária. Nós fizemos, Vereador, muitos e muitos projetos nessa área. As
escolas infantis não são um sofisma, são uma verdade. São mais de sessenta
creches que estavam abandonadas e a Prefeitura está recuperando. O ensino
primário aqui, no Município, hoje, tem trinta e duas mil vagas, sem precisar
construir grandes prédios. V. Exa., por favor, diga: "Sou contra; não
quero que o PT, que essa Administração consiga resolver o problema; vou esperar
quando nós chegarmos no governo." Diga, com clareza, que V. Exa. não quer
este Projeto, mas não fique dizendo que quer discutir mais um ou dois meses,
porque essa discussão é centenária no nosso País. Agora está se querendo dar um
passo. Eu não concordo integralmente com esse passo. Tenho dúvidas, mas eu
quero dar um passo. Não quero ficar parado, tergiversando, deixando a população
à espera. Porque as crianças estão lá fora precisando de um trabalho sério, e
esse trabalho eu sei que é sério. Se V. Exa. tiver alguma coisa para dizer
quanto ao trabalho não ser sério, por favor, prove - não com palavras ao vento.
Prove, para toda a sociedade, que o serviço da Prefeitura não é sério, mas
prove com fatos, e não fique tergiversando, porque não dispomos mais de
paciência para tanta coisa. Por favor, Vereador, vamos colocar em prática
aquilo que já foi dito pelo Ver. Américo Leal. V. Exa. tem uma trajetória de
educador. Então, por favor, me ajude. Ajude e não fique nessa posição.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Agradeço as nobres palavras
do Ver. Clóvis Ilgenfritz, que merece todo o meu respeito.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Jocelin, o Ver. Mário
Fraga está se inscrevendo e, com a aquiescência do Ver. Airto Ferronato, cede o
tempo a V. Exa., que tem mais dez minutos.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Para dar um tom de desabafo na noite de hoje: o PDT
todo junto não conseguiu desequilibrar o PT. V. Exa. conseguiu, pelo que lhe
dou meus parabéns.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: O Ver. Pedro Américo Leal é
muito gentil.
Ver. Clóvis Ilgenfritz, hoje V. Exa. falou nas escolas infantis. Hoje fiz uma denúncia, aqui, de má administração do vosso Governo, de desperdício de dinheiro público. Quero que V. Exa. vá lá visitar e me diga - toda a bancada do Governo e todos os militantes e todas as facções - e me digam se isso, alguma vez, V. Exas. pregaram, se está dentro dos princípios do partido de V. Exas. Eu tenho dúvidas de que V. Exas. possam avalizar qualquer coisa que foi feita lá. Se avalizarem, vou lamentar profundamente, Ver. Clóvis. Vou-lhe trazer, nos próximos dias, mais fatos semelhantes a esse e vou dizer da má política de assistência que está sendo feita. Vou-lhe mostrar. As pessoas que me conhecem há bastante tempo sabem que nunca fiz uma acusação sem ter a prova. Eu provo o que disse. Já lutei aqui contra muitos governantes, de tudo que é partido. Vou continuar lutando. Se o meu estiver no poder amanhã, vou ter a mesma postura, podem ter certeza: está registrado nos Anais. Não abro não disso. Agora: não estou nesse processo que V. Exa. colocou. Acredito que todos tenham interesse, mas me preocupo porque não vi, na realidade, esse conjunto todo da sociedade que V. Exa. me disse que fez toda essa discussão. Não vi. Eu vi uma parcela da sociedade, como essa sociedade que esteve aqui. Uma parcela só participou, que era da Nova Gleba, com as associações de cada rua, organizada pelo Ver. José Valdir e outros Vereadores do partido do Governo, que tiveram espaço. Está registrado na Comissão de Educação. Não fui eu quem disse. Foram eles. Só que aconteceu, Ver. Clóvis Ilgenfritz, que os mais interessados não tinham nem sido convidados. Perguntei para a Secretária se tinha a relação das entidades que são organizadas legalmente; e disse que tinha, mas não mandaram um convite para elas. Então, essas coisas, Ver. Clóvis, que às vezes são colocadas na imprensa como discutidas com todo o mundo, que se fez uma ampla discussão, essa história é conhecida há muito tempo, não é de hoje. A minha postura, Ver. Clóvis Ilgenfritz, é realmente de preocupação com isso que está sendo montado.
O Sr. José Valdir: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. tem que ser mais justo com esse colega de
tantas lutas. V. Exa. não pode afirmar que o Ver. José Valdir é onipresente e
onipotente, porque não o é. O Ver. José Valdir passa, respira, almoça, enfim,
vive hoje o problema da FESC. Não tem tempo sequer de participar do seu
partido, muito menos tempo de organizar esses grupos. Não tem tempo de ir à
assembléia dos moradores da sua vila, da associação que ele fundou e que foi
presente. Eu estou aqui como V. Exa. estava no Governo do Estado, em que todos
os dias ia na frente do Palácio com aqueles quilos e quilos de abaixo-assinados
e nunca conseguia se avistar com o Governador. Eu estou aqui na Câmara,
diuturnamente, para votar este Projeto que não é meu; é da Administração,
Vereador. Então, estou quase na mesma situação, passando as mesmas dificuldades
que V. Exa., e de que fui testemunha, lá na frente do Palácio, tentando, com
aqueles ofícios, entregar, e nunca conseguia. Estou mais ou menos nessa
situação. Mas não é um projeto para mim. É um projeto para a Cidade, um projeto
da Administração. Isso tem tomado todo o meu tempo. V. Exa. cometeu uma
injustiça dizendo que estou organizando lá, na vila não-sei-o-quê. Não estou.
Até deveria, como morador da comunidade, mas não tenho tido tempo.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: V. Exa. me desculpe, Ver.
José Valdir, mas ontem quem referiu isso não fui eu. A Vera Maria do Rosário, o
Ver. Geraldo de Matos Filho, a Vera. Helena Bonumá e o Ver. Décio Schauren - de
seu partido - são testemunhas de que foram os próprios membros da comunidade
que afirmaram isso, que V. Exa. esteve lá com a sua comunidade da Nova Gleba e
com a Secretária da Educação.
O SR. HENRIQUE FONTANA
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de saber se essa discussão faz parte do
Projeto que estamos debatendo.
O SR. PRESIDENTE: Peço que o Vereador que
está na tribuna atenha-se ao Projeto em discussão.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, jamais fugi
do Projeto em discussão. Apenas respondi ao questionamento do Ver. José Valdir.
Peço ao nobre Presidente que peça aos militantes do PT para terem um pouco de
bom senso e respeito por quem sempre lhes respeitou, mas jamais vai concordar
com erros. Sou crítico. Peço desculpas se, de repente, algum Vereador entendeu
que fugi do tema, mas estávamos discutindo a questão social e de assistência
que foi levantada pelo próprio Ver. Clóvis Ilgenfritz.
O Sr. Clovis Ilgenfritz: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Jocelin Azambuja, não quero continuar um debate
que possa fugir do tema, mas possivelmente essa platéia que está aqui hoje não
vá ter a oportunidade de ouvir respostas que estamos preparando para V. Exa.
sobre essa denúncia. V. Exa. deveria cuidar, porque esse é um lugar comum de
alguns discursos que jogam as coisas no ar e, depois, na hora do acerto de
contas, não é a mesma platéia e não temos as mesmas condições. Não vou mais
interrompê-lo, porque acho que não vale a pena.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Ver. Clóvis Ilgenfritz, V.
Exa. não vai ter problema em responder. Vai ficar tranqüilo. V. Exa. usa os
três minutos de televisão no programa do seu partido e divulga para toda a
Porto Alegre, Grande Porto Alegre e Rio Grande inteiro. Eles vão dar a
resposta. Se eu estiver dizendo uma inverdade, V. Exa. vai ter, de graça, com o
dinheiro do povo, tempo para responder.
Essa questão, hoje, do Projeto da FESC, cada vez mais se consubstancia
que é equivocada, pois ele não vai atingir os interesses maiores de Porto
Alegre. Se eu estiver errado, me cobrem depois. Se eu estiver errado, vou dar a
mão à palmatória, mas me parece que eu não vou me enganar, como já não me
enganei com muitas coisas de muitos governos que assisti na área de
assistência, na área de educação.
Preocupa-me o Projeto. Digo ao nobre Ver. Clóvis Ilgenfritz que o tempo
que se usa na tribuna é o tempo da democracia, é o tempo da discussão, do
debate necessário a qualquer processo. Se os políticos acabam aprovando os
projetos sem discutir, acabam sendo acusados de omissos; se vêm discutir, são
acusados de estarem discutindo muito. Os próprios políticos condenam os colegas
políticos por quererem discutir. Vejam a incoerência! Se este Plenário
estivesse vazio e não estivéssemos discutindo, iriam dizer que o Vereadores não
queriam saber de nada, não estavam preocupados. Se não estão sendo a favor, são
chatos. E a tal da democracia de que todos falam? E a construção da sociedade
democrática de que todos falam, da constituição do Legislativo, onde é que
fica? Nós precisamos discutir muito, porque, se discutíssemos mais as questões
dentro das Casas Legislativas, nós não teríamos os problemas que temos hoje. Se
os Legislativos tivessem mais capacidade de discussão, nós teríamos menos
problemas na sociedade.
Este Projeto, para concluir, Sr. Presidente - nada contra o trabalho do
Ver. José Valdir, nada contra o trabalho daqueles que querem construir alguma
coisa de positivo -, mas ele peca justamente por esse processo de
não-aprofundamento que deveria ter sido feito. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Airto Ferronato está
com a palavra para discutir o PLE nº 87/93.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu sou favorável à discussão e acho que da discussão das
divergências é que se busca o aprimoramento daquilo que aqui se decide. Tenho
certeza de que a Casa tem sempre procurado decidir da melhor maneira possível.
Nós, ao contrário do que diz o Vereador da Bancada do PTB, com a posição que
nós respeitamos, nós, do PMDB - e a Vera. Clênia com competência aqui expôs -,
participamos com uma série de emendas, entendendo positivas e necessárias ao
aprimoramento do processo. Então, já tive oportunidade, em diversas vezes
anteriores... E até havia falado, inclusive, com o Ver. José Valdir que Porto
Alegre precisa de uma Secretaria na área social para a Cidade. Sou amplamente
favorável e já inclusive, no ano passado, encaminhei por escrito uma proposta
ao Sr. Prefeito Municipal nesse sentido, e acho que o primeiro passo é este que
estamos dando hoje. A partir da proposta apresentada, encaminhamos emendas às
diferentes bancadas. Foram feitas negociações e acredito que se chega hoje não
a um denominador comum, mas a alguma coisa positiva para a Cidade. Também
acredito que são necessárias, sim, ações e mudanças na área social, e é por
isso que vejo como positiva a discussão deste Projeto.
Para concluir, e foi por isso que me inscrevi, para falar dois ou três
minutos, até pelo adiantado da hora, me inscrevi ouvindo atentamente uma das
frases que aqui expôs o nobre Ver. Jocelin Azambuja, nosso particular amigo, e quero
crer que talvez eu tenha entendido mal. Ele fez uma longa exposição e disse que
no Brasil se gastam fortunas - com razão, diga-se de passagem - na área de
assistência social, que se faz muito pouco, e aí que eu não entendi. Ele deu a
entender, na minha visão, que todos esses recursos estariam sendo consumidos
dentro do serviço público do Município, do Estado e da União, ou seja, levando
a entender que seriam os funcionários públicos - quero crer que eu não tenha
entendido corretamente - os grandes responsáveis por problemas da área social
da nossa Cidade. O funcionalismo público presta relevantes serviços a esta
Nação. O servidor público presta serviço público, e é evidente que uma parcela
dos recursos públicos são para o servidor público, que tem ganho pouco em
relação ao muito que tem feito por esta Cidade, por este Estado e por este
País.
Para concluir, todos os partidos, inclusive o meu, quando estão na
oposição, pregam milagres ao servidor público e, quando vão para o governo, as
coisas não andam como precisam. Eu acredito que é necessário, sim, melhorar o
poder aquisitivo deste povo e, através da melhora do poder aquisitivo, nós
teremos mais consumo, mais produção, mais impostos. Eu tive oportunidade de
falar diversas vezes sobre esse assunto. E de que maneira? Através de uma
remuneração justa também e principalmente ao servidor público. Quero crer que o
Ver. Jocelin não deu este entendimento que percebi. O servidor público é
responsável. Será o grande responsável pela condução da assistência social e da
educação comunitária. Com todo o respeito, eu não acredito no cargo em
comissão. Eu acredito no servidor, aquele homem preparado, tecnicamente
treinado, funcionário de carreira, que tem responsabilidade por aquilo que ele
presta. As chefias são passageiras. Comandam num momento. Quem leva o serviço
adiante é o servidor público, e nós temos a plena consciência que a FESC, a
nova FESC, desenvolverá um trabalho ainda melhor com o servidor que tem. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em
votação. Peço a atenção dos Srs. Vereadores, pois a votação vai obedecer a um
ritual que tem que ser seguido à risca para que não prejudiquemos nenhuma das
emendas que estão aqui para serem votadas.
Em primeiro lugar, votaremos o Substitutivo nº 01, de autoria do Ver.
Nereu D’Ávila, que, aprovado, irá prejudicar o Projeto principal e as emendas;
se rejeitado, votar-se-á o Projeto principal.
Em votação o Substitutivo nº 01 ao PLE nº 87/93. (Após a chamada.) REJEITADO o Substitutivo nº 01 por 12
votos SIM, 17 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
Em votação o PLE nº 87/93, com ressalva das emendas e destaques. A
votação será nominal por solicitação do Ver. Jocelin Azambuja. (Após a
chamada.) APROVADO o PLE nº 87/93
por 17 votos SIM, 11 votos NÃO e 02 ABSTENÇÕES.
Passamos para a votação do art. 10, com solicitação de destaque do Ver.
Wilton Araújo.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente, se for
rejeitado esse artigo, a emenda que corrige os defeitos do art. 10 fica
prejudicada?
O SR. PRESIDENTE: Rejeitado o art. 10 -
portanto, retirado do texto -, fica prejudicada a apreciação da Emenda nº 08 e
respectivas Subemendas e também da Emenda nº 18.
Em votação. (Após a chamada.) APROVADO
o art. 10 por 18 votos SIM, 11 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO. Portanto, mantido no texto.
Passamos às emendas, que vão ser votadas uma a uma. Avisamos ao
Plenário que o Ver. Jair Soares retira a Emenda de nº 13.
Em votação a Emenda nº 01. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
A Emenda nº 02 foi retirada. A Emenda nº 03 é da Vera. Clênia Maranhão.
Em votação a Emenda nº 03. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
Se for rejeitada a Emenda nº 04, vai prejudicar a Emenda nº 05. A
votação da Emenda nº 04 será nominal. (Após a chamada.) APROVADA por 17 votos SIM,
10 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
Em votação a Emenda nº 05. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação a Emenda nº 06.
O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão
de Ordem): A
emenda ao mérito é perfeita, mas na redação dela é que há a ressalva de uma
subemenda. Pediria a V. Exa. e para o Plenário aprovar: onde diz "e pela
sociedade" que fosse invertido na Redação Final.
O SR. PRESIDENTE: Em votação a Emenda nº 06.
Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação a Emenda nº 07.
O SR. JOÃO DIB (Questão de
Ordem):
Depois de "membros do Conselho Superior" deve haver uma vírgula.
O SR. PRESIDENTE: V. Exa. tem razão, Ver.
João Dib. Em votação a Emenda nº 07. Os Srs. Vereadores que a aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação a Emenda nº 08. Se aprovada, vota-se a Subemenda nº 01 à
Emenda nº 08 e, após, a Subemenda nº 02 à Emenda nº 08. Rejeitada a Emenda nº
08, prejudica a Subemenda nº 01 à Emenda nº 08 e a Subemenda nº 02.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Só para dizer que a Emenda
nº 08 é do Ver. Henrique Fontana, não?
O SR. PRESIDENTE: Sim. E a Subemenda nº 01 é
de autoria do Ver. Nereu D’Ávila e a nº 02
é da Vera. Clênia Maranhão.
Atenção! A aprovação da Subemenda nº 02 à Emenda nº 08 prejudica a
Emenda nº 18.
Em votação a Emenda nº 08. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, só para
ficar bem transparente, eu pediria a gentileza de V. Exa. ler essa emenda,
porque é longa. Tem uma parte que diz "prazo"?
O SR. PRESIDENTE: Exatamente. (Lê a Emenda nº
08.)
O SR. NEREU D’ÁVILA: É aquilo para o que chamei
a atenção. Eu acho que, se na Redação Final constar, nós, no meu entendimento,
estaremos ressalvando algo que pode acontecer. Pela redação original, a
publicação da lei far-se-á daqui a alguns poucos dias. Ou seja: em abril do ano
que vem fechará o ano. São quatro meses - janeiro, fevereiro, março e abril -,
menos de quatro meses para realizar o concurso, o que vai ser muito improvável.
Por isso que alertei da tribuna e acho que pode haver unanimidade desta Casa.
Não prejudicará em nada que seja a partir de 1º de junho deste ano, porque aí
dá para fazer o concurso em benefício de todos os funcionários.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Para esclarecer o Plenário,
nós, que temos a responsabilidade do Executivo na mão, temos a confirmação da
própria Secretaria Municipal de Administração de que é possível realizar o
concurso dentro dos doze meses.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Não, dentro dos doze meses,
não, Vereador, porque até 31 de dezembro não pode haver concurso. Então, dentro
de quatro meses.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Correto. Até a data em que
estão previstos os doze meses, nós assumimos a responsabilidade.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Há a responsabilidade do
Executivo. Eu retiro. Eu queria essa responsabilidade.
O SR. PRESIDENTE: O que nós votamos aqui foi
a Emenda nº 08. Em votação a Subemenda nº 01 à Emenda nº 08. Os Srs. Vereadores
que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, contra o voto do Ver. José Gomes e abstenção do Ver. Luiz
Negrinho.
Em votação a Subemenda nº 02 à Emenda nº 08. A aprovação da Subemenda
nº 02 prejudica a Emenda nº 18. A Subemenda nº 02 é de autoria da Vera. Clênia
Maranhão.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente, solicito
votação nominal e que fosse, se possível, lida a emenda que ficará prejudicada
no caso de aprovação desta Subemenda.
O SR. PRESIDENTE: (Lê a Emenda nº 18, de
autoria do Ver. Jair Soares.) A Emenda nº 18 ficará prejudicada com a aprovação
da Subemenda nº 02 à Emenda nº 08.
Em votação a Subemenda nº 02 à Emenda nº 08 ao PLE nº 87/93. (Após a chamada.) APROVADA por 17 votos SIM,
12 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
Em votação a Emenda nº 09, de autoria do Ver. João Dib. Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Emenda nº 10, de autoria dos Vereadores Luiz Fernando Zachia, Clênia
Maranhão e Maria do Rosário. Em votação. Os Srs. Vereadores que a aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Emenda nº 11, de autoria da Vera. Maria do Rosário. Em votação. Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação a Subemenda nº 01 à Emenda nº 11. Os Srs. Vereadores que a
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação a Emenda nº 12. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
A Emenda nº 13 foi retirada pelo Ver. Jair Soares.
Em votação nominal a Emenda nº 14, de autoria do Ver. Eloi Guimarães.
(Após a chamada.) REJEITADA por 13
votos SIM e 17 votos NÃO.
Emenda nº 15, de autoria do Ver. João Dib. Em votação. Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Emenda nº 16, de autoria do Ver. Henrique Fontana.
O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão
de Ordem):
Levanto a mesma questão da outra vez. Ali era concurso. Agora é mais
problemático, porque vai fechar o ano em 6 de abril de 1995. Se o concurso não
sair até lá.... A não ser que seja assegurado que vai sair o concurso.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Respondo da mesma forma que
respondi à outra questão.
O SR. PRESIDENTE: Ficamos na posição de
Presidente. Digo que temos que respeitar os textos que estamos votando.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Trata-se de questão muito
importante e regozijo-me publicamente por esse compromisso. Aqui no Rio Grande
a palavra vale.
O SR. PRESIDENTE: Todos aqui conhecem os
processos e sabem muito bem que no processo temos que votar o que está escrito.
Não adianta votar o que estamos pensando.
O SR. AIRTO FERRONATO: É possível uma releitura do
texto?
O SR. PRESIDENTE: (Relê o texto.)
Em votação a Emenda nº 16. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Emenda nº 17, de autoria da Vera. Clênia Maranhão. Em votação. (Pausa.)
Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com abstenção do Ver. Luiz
Negrinho.
Emenda nº 18, de autoria do Ver. Jair Soares, foi prejudicada com a aprovação da Subemenda nº 02 à Emenda nº 08.
Emenda nº 19, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt. Em votação.
(Pausa.) Os Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com abstenção do Ver. Luiz
Negrinho.
Requerimento, de autoria do Ver. João Verle, solicitando que o PLE nº
87/93 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação
Final, considerando-a aprovada nesta data.
(Tumulto no
Plenário.)
A Sessão não está encerada. Nós estamos votando algo muito importante:
a dispensa da Redação Final deste processo.
Srs. Vereadores, são 20h15min. Nós somos obrigados a encerrar a Sessão.
O SR. JOÃO DIB (Questão de
Ordem):
Estando em votação, eu acho que não encerra. V. Exa. colocou em votação a
dispensa ou não da Redação Final.
O SR. PRESIDENTE: V. Exa. está correto.
Estamos em votação. Com a palavra, o Ver. Nereu D’Ávila para encaminhar o
Requerimento de dispensa.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, só para chamar a atenção, inclusive da bancada governista, que,
depois desse imenso esforço que fizemos, acabamos achando que o Projeto ficou
razoavelmente aceitável. Eu creio que o nobre Ver. João Verle foi quem fez o
pedido. Foram tantas as emendas, algumas complicadas, e eu acho que não há
pressa para que volte ao Plenário para votarmos a Redação Final. Não vai
prejudicar em nada. Pelo contrário, pode evitar algum erro que poderia ser
catastrófico. Eu creio que nós não devemos votar a Redação Final hoje. Esse é o
meu encaminhamento.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz
Negrinho para encaminhar.
O SR. LUIZ NEGRINHO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu acho que o Ver. Nereu D’Ávila foi feliz no seu pronunciamento,
mas eu gostaria de fazer um esclarecimento porque eu era favorável ao
Substitutivo. Mantendo a minha coerência, eu me abstive na maioria das emendas
até porque eu era contrário ao Projeto. Eu concordo com o Ver. Nereu D’Ávila.
Nós não devemos votar hoje a Redação Final do Projeto aprovado em função de ser
melhor discutido posteriormente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. HENRIQUE FONTANA (Questão
de Ordem):
Obviamente, a nossa bancada se submeterá à vontade majoritária do Plenário. Não
poderia ser diferente. A nossa preocupação política para executar a questão que
foi hoje votada e aprovada aqui são os tempos para executar a seleção pública.
Então, nós queremos saber de parte do Plenário, do Presidente, quanto tempo
pode demorar este processo, porque isso pode inviabilizar a seleção pública
pelos prazos que já discutimos durante o processo todo. E destacamos que nós já
votamos outros projetos e tivemos a dispensa.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Henrique Fontana, diz
o nosso Regimento: "A Redação Final será elaborada dentro de cinco Sessões
Ordinárias consecutivas, a contar da aprovação do Projeto. (...) Três Sessões
Ordinárias consecutivas a contar da aprovação do Projeto em caso de
urgência." Este Projeto, exatamente, estava em urgência. Então, seriam, no
máximo, três Sessões para a Comissão de Justiça.
O SR. JAIR SOARES (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, só gostaria de ouvir a opinião da Comissão de Constituição e
Justiça, do Ver. Isaac Ainhorn, a respeito do esclarecimento que solicitou o
Ver. Henrique Fontana.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, não pode
ultrapassar três Sessões porque o Projeto está em regime de urgência.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Eu acredito, Sr. Presidente, que a Comissão tem condições. Passa pelo setor
técnico da mesma e, após examinado, acredito que duas Sessões serão
suficientes, o que levará o processo à Ordem do Dia, acredito, até
quarta-feira.
O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, o Ver.
João Motta.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quero sustentar nosso encaminhamento à manutenção da prática
política que a Câmara Municipal de Porto Alegre tem adotado. Ou seja: eu não
vejo nenhum motivo relevante, e me acena, concordando, o Ver. Eloi Guimarães,
ex-Presidente da minha Comissão, da qual sou membro há cinco anos, e, nesses
últimos cinco anos, também não vi nenhum fato relevante, a não ser em caráter
muito excepcional. Digo isso em nome da defesa da competência da equipe técnica
que nos assessora na Comissão de Justiça, o que, aliás, sempre foi assim,
sempre foi um corpo técnico qualificado. Portanto, quero dizer que não vejo
nenhum motivo para quebrarmos e abrirmos esse tipo de prática. Acho que este Plenário
já se manifestou sobre o Projeto. Houve uma vontade política majoritária.
O Regimento é claro. Ele estabelece prazos e obrigações para a Comissão
de Justiça, e a Comissão de Justiça sempre cumpriu os prazos. Não é da nossa
prática atrasar e trancar projetos, assim como não é da prática da Diretoria
Legislativa obstaculizar projetos. Portanto, é importante, sim, neste momento,
afirmarmos essa prática não pelo fato de ser hoje, conjunturalmente, um projeto
do PT ou de outro partido. Há uma prática consolidada aqui, na Câmara, e nós
não podemos, por um motivo político de "a" ou "b", sepultar
essa prática. É uma defesa que faço da Diretoria Legislativa, dos assessores da
nossa Comissão de Justiça. Ou nós consolidamos essa prática ou o precedente
está aberto e, aí, a lei do vale-tudo até às últimas conseqüências pode ser
inaugurada também na tramitação de projetos disputados, como foi esse.
Portanto, encaminho pela aprovação do Requerimento de dispensa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Airto Ferronato está
com a palavra para encaminhar.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, seremos breves. Evidentemente, o Projeto recém aprovado apresenta
uma série de emendas, o que vai modificar substancialmente a sua Redação Final.
Acreditamos que é necessária uma agilização na redação, até em função de se
poder atender àquilo que efetivamente a Câmara, por maioria, decidiu, ou seja,
que, entre outras coisas, possa viabilizar-se o processo de seleção pública num
prazo mais amplo possível para que um número maior de pessoas possa participar.
Vamos defender a aprovação do processo, não necessitando da aprovação da
Redação Final. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento.
Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, contra os votos dos
Vereadores Nereu D’Ávila e Wilton Araújo.
Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 20h26min.)
* * * * *